
Neste mês, o Distrito Federal é palco de um encontro vibrante com a cultura popular nordestina. O projeto Tem Brincante no Cerrado, idealizado pelo grupo As Fulô do Cerrado, leva oficinas de danças e brincadeiras a cinco regiões da cidade, convidando o público a participar de tradições carregadas de história, alegria e coletividade. A iniciativa, que passou pelo Paranoá e por São Sebastião, estará neste domingo (31/8) na Casa de Cultura do Guará.
Composto por cinco mulheres apaixonadas pela cultura popular, o grupo tem, há quase uma década, revitalizado a cena musical de Brasília com um forró que harmoniza a modernidade e a rítmica tradicional. Formado por Samara Tokunaga, que se destaca no pife, percussão e voz; Jéssica Carvalho, responsável pela rabeca, cavaquinho e voz; Mare Sobrinho, que traz profundidade ao som com seu baixo elétrico e voz; Laura Xavier, que anima a apresentação com a zabumba e voz; e Nanda Pagani, que complementa a percussão e voz, o grupo é uma referência musical.
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A história das Fulô do Cerrado está diretamente ligada ao legado de mestres da cultura popular. "Nós somos aprendizes do mestre Zé do Pife, um grande mestre pernambucano que morou muitos anos em Brasília e nos transmitiu a cultura do pífano. Nossa banda nasceu nesse lugar cultural, bebendo dessas influências, e cresceu ao longo de nove anos no cenário musical brasiliense", explica Laura Xavier.
Foi dessa ligação que nasceu a necessidade de viajar ao Nordeste para conhecer de perto as comunidades que mantêm vivas essas tradições. Em janeiro de 2024, as artistas partiram para uma imersão entre Pernambuco e Ceará. "A gente não conhecia exatamente as origens, os mestres. Fomos atrás da fonte, das comunidades que brincam nessas tradições. Ficamos encantadas e entendemos que seria muito importante transmitir, de forma introdutória e com muito respeito, um recorte do que aprendemos ao longo daquele mês de viagem", conta Laura.
A experiência foi transformadora para o grupo que, a partir disso, desenvolveu as oficinas do projeto Tem Brincante no Cerrado, que trazem essa mesma vitalidade. A oficina começa com um breve momento expositivo para a contextualização histórico-social das tradições trabalhadas e parte para a prática corporal com o ensino das danças e brincadeiras.
Em cada parada, o público tem contato com expressões tradicionais do Nordeste, como o cavalo-marinho da Zona da Mata de Pernambuco, que reúne encenações, poesia, música e diferentes passos de dança. "Mesmo a dança não é uma coisa só, são muitos passos, muitas danças do cavalo-marinho. E o que a gente vai ensinar em específico nessa oficina vai ser a toada solta, que é o momento em que a plateia participa, repetindo coletivamente os passos junto ao grupo", explica.
Samba
A programação também inclui o Samba de Coco Trupé de Arcoverde, reconhecido pelos tamancos de madeira com couro criados pelo mestre Lula Calixto. "É como se fosse um sapateado: os tamancos produzem uma sonoridade única, que integra a percussão do grupo", detalha. Já do Cariri cearense, que também fará parte da programação, vêm das bandas de pífano, com destaque para os centenários Irmãos Aniceto, que unem música e ludicidade. "Além de tocar maravilhosamente o pífano, eles também integram brincadeiras às apresentações. Uma delas é a brincadeira da cobra, em que os participantes improvisam saltos em torno de uma cobra de tecido, de forma lúdica e coletiva", acrescenta.
Ao fim, um pocket show costura a vivência com a sonoridade única das Fulô. Para Laura, o objetivo é também formar novas plateias e brincantes no DF. "O Distrito Federal é cheio de grupos de cultura popular — Seu Estrelo, o Boi do Seu Teodoro, a Martinha do Coco. Existe uma efervescência muito grande. Queremos que as oficinas despertem interesse para que mais pessoas frequentem rodas, conheçam mestres e participem das festas. É uma forma de retroalimentar a cultura popular no nosso território", afirma a artista.
Outro ponto central do projeto é a acessibilidade, uma vez que as oficinas contam com intérpretes de Libras e monitor para PCD. "As pessoas com deficiência são 9% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE). Não ter acessibilidade não é uma opção, porque significaria excluir quase 10% das pessoas. Queremos que todas se sintam acolhidas, bem-vindas e com estrutura para participar. É uma obrigação nossa incluir, porque a cultura popular é de todos", defende Laura.
Serviço
Projeto Tem Brincante no Cerrado
Quando: domingo (31/8), às 14h
Onde: Casa de Cultura do Guará
Endereço.: Área Especial do Cave, QE 23, Guará 2
Classificação: 12 anos
Inscrições pelo link http://linktr.ee/forrodasfulo
Evento gratuito
Cidades DF
Diversão e Arte
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