Maus tratos

Ex-internos relatam trabalho forçado e maus tratos em clinica no Paranoá

Ex-internos e familiares relatam condições a que internos eram submetidos durante período de estadia na clínica

 Incêndio em casa de recuperação de dependentes químicos deixa cinco mortos. O incêndio começou perto das 3h da manhã na área rural do Boqueirão, região do Paranoá. -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
Incêndio em casa de recuperação de dependentes químicos deixa cinco mortos. O incêndio começou perto das 3h da manhã na área rural do Boqueirão, região do Paranoá. - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Internos da Comunidade Terapêutica Liberte-se eram obrigados a seguir uma rotina que contava com hábitos cronometrados e trabalhos realizados dentro da instituição. Ao Correio, familiares e internos relataram que havia castigos físicos e trabalhos de forma obrigatória.

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Um ex-interno da Comunidade Terapêutica Liberte-se, que não quis se identificar, detalhou a rotina da instituição. “O café da manhã acontecia às 7h, após a alimentação, acontecia um evento devocional com orações. Após os 30 minutos de intervalo, fazíamos trabalhos na chácara até a hora do almoço”, afirmou. 

Em detalhes, os trabalhos mencionados pelo ex-interno foram definidos como “abusivos” e “degradantes”. Entre os serviços prestados estavam: 

  • Limpeza de chiqueiro

  • Dar banho nos cavalos

  • Escavação de fossa

  • Lavar roupas

  • Limpeza e manutenção da casa onde ficavam

  • Preparo das refeições

G.C.S, de 24 anos, além de ser ex-interno do espaço, também perdeu o irmão, João Pedro da Silva, 25, no incêndio que aconteceu no último domingo (31/08). O jovem também relatou o trabalho forçado, entretanto, adiciona que também poderiam ser utilizados como castigo. “Se a gente não aceitasse realizar o trabalho, eles ligavam para a nossa família e falavam que estávamos regredindo no tratamento”, afirmou. 

Trancafiados

O ex-interno anônimo deu continuidade a seu relato sobre a rotina na instituição falando sobre o almoço. Segundo o homem, que ficou 11 dias internado, após o almoço, os internos foram direcionados para os quartos. “Eles trancavam todo mundo no quarto para o descanso do almoço. Só liberaram a gente para fazer outros serviços”, afirmou. 

Após essas outras tarefas, que seguiam até a noite, os internos também participam de algumas reuniões antes do horário de dormir, por volta das 22h. O ex-interno relatou que ficavam trancados a noite toda. “De 22h às 7h era todo mundo trancado. Alguns eram amarrados às camas para não tentarem escapar”, acrescentou.

 

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postado em 03/09/2025 21:43 / atualizado em 03/09/2025 21:43
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