Animais peçonhentos

Ataques de escorpiões aumentam em 43,75% no DF

Entre janeiro e junho deste ano, o DF registrou um aumento de 43,75% nos acidentes em relação ao mesmo período de 2024. Em caso de picada, especialistas orientam a população a procurar atendimento médico imediato

A maior concentração de vítimas se encontra na faixa etária de 20 a 49 anos -  (crédito: Tony Oliveira/Agência Brasília)
A maior concentração de vítimas se encontra na faixa etária de 20 a 49 anos - (crédito: Tony Oliveira/Agência Brasília)

O número de acidentes envolvendo escorpiões no Distrito Federal registrou alta expressiva neste ano. Entre janeiro e junho de 2025, foram contabilizados 2.073 casos, um aumento de 43,75% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 1.442 ocorrências. O crescimento foi puxado principalmente no segundo trimestre: de abril a junho, o DF registrou 1.146 acidentes, superando os 927 contabilizados nos três primeiros meses do ano.

Em todo o ano passado, foram notificados 3.517 casos, com distribuição praticamente igual entre homens e mulheres. A maior concentração de vítimas se encontra na faixa etária de 20 a 49 anos. A alta tem chamado a atenção de especialistas e das autoridades, que ressaltam a importância dos cuidados necessários, mesmo no período de seca.

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No caso mais recente de ataque do animal, uma jovem de 20 anos foi picada por um escorpião enquanto experimentava roupas no provador de uma loja de roupas em um shopping, no Guará. O caso ocorreu na quarta-feira. Ao Correio, Alícia Mendes Spies descreveu o desespero que sentiu no momento da picada no tornozelo. "Eu estava vestindo uma calça e senti uma dor muito forte, uma picada. Quando olhei, vi que era um escorpião amarelo, bem grande, andando pelas roupas. Larguei tudo no chão e saí imediatamente do provador, gritando que tinha sido picada", relatou.

Segundo Alícia, ao perceber a situação, a mãe também levou um susto. "Minha mãe estava comigo e começou a falar para todo mundo que havia um escorpião no provador e que eu tinha sido picada. A gente ficou com muito medo, porque o atendimento precisava ser rápido", disse. Alícia foi levada de ambulância para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, após ser tratada com soro antiescorpiônico, continuou o restante da recuperação em casa. Ela passa bem.

 

 

Escorpião amarelo da Palestina
Escorpião amarelo da Palestina (imagem meramente ilustrativa) (foto: Reprodução/Wikimedia Commons/RichardMcJimsey)

Tendência

O crescimento dos acidentes com escorpiões não é exclusividade do Distrito Federal. Segundo a Secretaria de Saúde, trata-se de uma tendência observada em todo o país, impulsionada por uma combinação de fatores ambientais e urbanos. As mudanças climáticas, por exemplo, criam condições mais favoráveis à reprodução desses animais. Períodos de seca prolongada seguidos por chuvas intensas fazem com que os escorpiões procurem abrigo em quintais e até dentro das residências.

A atividade dos escorpiões está ligada ao clima. Durante os meses mais frios, eles são menos ativos, mas no calor a atividade aumenta. No DF, os casos crescem a partir de agosto, com pico entre outubro e dezembro, período de maior calor e umidade. As chuvas também os fazem procurar abrigo em locais secos, como dentro das casas, elevando o risco de encontros. A pasta também aponta a insuficiência de saneamento básico como um fator que influencia a presença desses animais em algumas áreas da capital.

Para a bióloga Angélica Sales Yousef, nessa combinação de fatores, o clima foi o que mais contribuiu para o aumento dos acidentes com escorpiões. "Altas temperaturas favoreceram a reprodução de baratas e outros insetos que servem de alimento para os escorpiões, que possuem um ciclo reprodutivo curto e em grande quantidade. Deveriam ser adotadas medidas mais efetivas, como de saneamento e fiscalização de entulhos", afirmou.

Cuidado

O professor de ciências biológicas do Ceub, Fabrício Escarlate, alerta que, caso alguém encontre um escorpião em casa, o mais recomendado é evitar o contato direto. "Se não for possível, pode-se fazer a captura com segurança, usando um copo ou recipiente que impeça sua movimentação. Os acidentes, em geral, acontecem por distração, quando a pessoa pisa ou encosta sem perceber", orienta.

Sobre as picadas, Escarlate ressalta que o atendimento médico imediato é indispensável. "Adultos saudáveis tendem a sentir muita dor e, eventualmente, febre, mas crianças, idosos e pessoas com imunidade comprometida são mais vulneráveis e podem ter reações graves. Sempre que possível, leve o animal capturado ou, pelo menos, uma foto para facilitar a identificação do escorpião pelo médico", alerta.

Para evitar acidentes com os animais, a principal recomendação é vedar possíveis acessos, como instalar rodos nas portas e telas nos ralos. É crucial também controlar pragas, em especial as baratas, que são a principal fonte de alimento dos escorpiões, e evitar o acúmulo de entulho e materiais de construção, que servem como esconderijos. Para prevenir acidentes, a dica é sempre vistoriar sapatos, roupas e toalhas antes de usar, e manter camas e móveis afastados das paredes.

Em caso de emergência, contate imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) ou o Corpo de Bombeiros (193)

 


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postado em 26/08/2025 05:00
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