Furto de celulares

Como agia a quadrilha que furtava celulares em grandes eventos do DF

Operação Colheita Blindada desarticula grupo que furtava aparelhos em festas e movimentava valores das vítimas. De acordo com a polícia, suspeitos agiam de forma organizada, com uma clara divisão de tarefas. Seis deles estão foragidos

A ação foi conduzida pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) -  (crédito: PCDF/Divulgação)
A ação foi conduzida pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) - (crédito: PCDF/Divulgação)

Uma operação da Polícia Civil (PCDF), realizada nessa sexta-feira (4/9), desarticulou uma quadrilha especializada em furtar celulares em eventos de grande porte. Batizada de Colheita Blindada, a ação mobilizou 60 agentes, que cumpriram 12 mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão em Ceilândia, Samambaia, Santa Maria e em São Luís (MA). Segundo a polícia, a quadrilha atuava havia mais de cinco anos no DF e no Entorno, de forma bastante organizada, com uma clara divisão de tarefas.

Seis pessoas foram presas na operação de ontem e, até o fechamento desta edição, outros seis suspeitos estavam foragidos: Wellington Freires Urias (Charlata), Pedro Ricardo Mendes Moraes, Leandro Cristiano do Nascimento Silva, Thaís Trindade Lins da Rocha, Danilo Pereira da Silva (Danilo "Gordão") e Leonardo Rodrigues de Souza (Léo Héreto).

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De acordo com a PCDF, o grupo era composto por 16 integrantes, com núcleos que se dividiam entre a infiltração em festas para furtar celulares, principalmente iPhones, o armazenamento temporário dos aparelhos, para despistar os investigadores, o desbloqueio, a revenda e a prática de estelionatos bancários, movimentando valores das contas das vítimas. Em eventos de grande porte, os criminosos chegavam a furtar entre 20 e 30 celulares por noite.

As investigações apontam que o grupo contava com uma rede de apoio para desbloquear os aparelhos, o que exige conhecimento técnico avançado. "Não era a própria organização que dominava esse processo. Há um grupo específico de Brasília, que já foi identificado, com expertise nesse tipo de serviço, mas não podemos anunciar ainda", detalhou o delegado Fernando Cocito, chefe da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia).

Entre os investigados, há nomes com passagens pela polícia por furto, roubo, homicídio, receptação, tráfico de drogas, estelionato e organização criminosa. De acordo com o delegado, a longa atuação do grupo, sem exposição direta de todos os membros, caracteriza o alto grau de sofisticação da quadrilha.

Mapeamento

Cocito explicou que a apuração dos crimes começou na Festa do Morango de 2023, quando um dos membros foi preso em flagrante. "A partir dessa prisão, conseguimos identificar a estrutura de toda a organização criminosa. Mapeamos a atuação do grupo em festas, como o festival Só Track Boa e a Parada do Orgulho LGBTQIA+, além de um evento em Goianésia (GO), onde dois suspeitos morreram em confronto com a polícia, em 2024", afirmou. Apesar de não haver um cálculo consolidado das perdas financeiras, a estimativa é de que a quadrilha tenha furtado centenas de celulares em menos de dois anos. 

O delegado destacou a importância do registro policial logo após o crime. "Muitas vítimas deixam de registrar a ocorrência, e só procuram a polícia quando veem notícias sobre operações. Esse registro é fundamental para que possamos rastrear os aparelhos e identificar os criminosos", afirmou. Como medida preventiva, Cocito orienta que os celulares sejam guardados em bolsos internos ou em locais de difícil acesso durante festas e shows.

Os presos responderão por organização criminosa e furto qualificado, crimes que podem resultar em penas mais severas do que os registros isolados de furto. A investigação segue para capturar os foragidos e identificar conexões com outros grupos especializados no desbloqueio e na comercialização de aparelhos.

Memória

Em 2024, a Polícia Civil do DF realizou a Operação Pickpocket, que desarticulou a chamada "Tropa do Arranca", organização criminosa voltada para furtos, roubos e receptação de celulares. A ação mobilizou mais de 300 agentes, que cumpriram 52 mandados de busca e apreensão.

As investigações revelaram que o grupo se dividia em seis núcleos: organização dos crimes, prática dos furtos, guarda dos aparelhos, desbloqueio, receptação e logística financeira. O nome Pickpocket, que em inglês significa "batedor de carteiras", remete à forma como os criminosos atuavam, retirando os celulares dos bolsos e bolsas das vítimas, sem que elas percebessem.

Neste ano, a PCDF realizou a terceira fase da Operação Rastreamento Final, que devolveu 430 celulares recuperados ao legítimos proprietários. Na ocasião, foi lançado o serviço Consulta IMEI, disponível no site da corporação, que permite a qualquer cidadão verificar se há registro de roubo ou furto em um aparelho.

De acordo com informações do diretor do Departamento de Inteligência da PCDF, Saulo Ribeiro Lopes, entre 2021 e maio deste ano, foram 13.691 celulares recuperados e devolvidos à população, resultado direto do trabalho de investigação e de inteligência da corporação.

 

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    Polícia Civil divulga imagens de foragidos suspeitos de participar do bonde do Iphone Foto: PCDF/Divulgação
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    Polícia Civil divulga imagens dos foragidos suspeitos de participar do "Bonde do iPhone" Foto: Fotos: PCDF/Divulgação
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DC
postado em 06/09/2025 06:00
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