CB.Saúde

"Prevenção ao câncer ginecológico precisa de visibilidade", diz especialista

Em entrevista no CB.Saúde, Daniele Assad, diretora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), ressaltou a necessidade de ampliar o debate sobre prevenção, diagnóstico e tratamento

 18.09.2025. Minervino Junior CB/DA Press.Daniele Assad, diretora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, é a convidada do CB.Saúde Especial   -  (crédito:  Minervino Junior CB/DA Press)
18.09.2025. Minervino Junior CB/DA Press.Daniele Assad, diretora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, é a convidada do CB.Saúde Especial - (crédito: Minervino Junior CB/DA Press)

Os desafios e avanços no enfrentamento dos tumores ginecológicos no Brasil foram tema do CB.Saúde — realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília —, que recebeu, ontem, a médica Daniele Assad, diretora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Durante a conversa com as jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte, a pesquisadora também destacou o trabalho realizado pela campanha Setembro em Flor, criada para conscientizar a população sobre os tumores ginecológicos. 

Segundo Assad, apesar dos avanços, é preciso ampliar o debate sobre prevenção, diagnóstico e tratamento, tendo em vista a frequência e gravidade dos casos. "Se a gente juntar todos os cânceres ginecológicos, temos quase 35 mil casos diagnosticados por ano. São doenças que precisam de visibilidade, porque acometem milhares de mulheres brasileiras", afirmou.

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Entre os tumores, o câncer de colo de útero é o mais prevalente. A estimativa é de 17 mil novos casos anuais no país, quase todos associados à infecção pelo HPV. "Cerca de 98%, praticamente todos os casos, estão relacionados ao vírus HPV, que pode ser prevenido com uma vacina disponível no SUS", destacou a médica.

Rastreio

Assad reforçou que, além da vacinação, o rastreamento é essencial para reduzir a mortalidade. "Antes, só tínhamos o exame de Papanicolau. Desde o ano passado, o Ministério da Saúde incorporou o teste de DNA do HPV, recomendado pela Organização Mundial da Saúde. É um exame de alta eficácia para rastrear se a mulher possui ou não a presença do vírus", explicou.

Ela ressaltou ainda que, segundo a OMS, a meta global para erradicar o câncer de colo de útero até 2030 inclui três pilares: vacinar 90% das meninas, garantir que 70% das mulheres entre 35 e 45 anos façam o teste de DNA do HPV e tratar 90% das pacientes com lesões invasoras ou pré-invasoras. "É possível erradicar esse câncer em uma geração, mas precisamos de mobilização de governo, sociedade médica e população", afirmou.

Apesar de a vacina estar disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas de 9 a 14 anos, a cobertura vacinal ainda está abaixo do esperado. "Meninas têm uma taxa de vacinação em torno de 80%, mas entre os meninos a adesão é de apenas 60%. Precisamos avançar muito nesse índice", alertou. Assad lembrou, também, que desde 2024 a imunização passou a ser feita em dose única, o que, segundo ela, torna o processo "ainda mais simples e acessível".

A médica fez questão de destacar que a proteção não deve se restringir às mulheres. "O HPV também causa câncer de pênis, canal anal, cabeça e pescoço. O Brasil está entre os países com maior incidência de câncer de pênis no mundo. Precisamos vacinar meninos e meninas", disse.

 

Cuidado 

Outro ponto abordado foi o tratamento do câncer quando diagnosticado. a médica explicou que a conduta varia conforme o estágio da doença. "Tudo depende do volume do tumor. Em alguns casos, é possível apenas retirar o colo do útero. Em tumores maiores, é preciso associar cirurgia a radioterapia ou quimioterapia. E, quando há doença disseminada, partimos para tratamentos mais complexos, incluindo imunoterapia", detalhou.

A especialista também alertou para os sinais que exigem atenção. "No câncer de colo do útero, os sintomas costumam aparecer apenas em estágios avançados. Por isso, não podemos esperar. O rastreamento é fundamental para diagnosticar precocemente e evitar tratamentos mais agressivos", disse.

Ao final, Daniele Assad reforçou a importância de derrubar mitos e combater a desinformação sobre a vacinação contra o HPV. "Muitos pais acreditam que vacinar os filhos pode estimular o início precoce da vida sexual, mas isso é mito. A vacina é segura, eficaz e uma ferramenta essencial para protegermos a nova geração".

 


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postado em 19/09/2025 05:00
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