Investigação

Incêndio em comunidade terapêutica faz a sexta vítima

Jovem de 21 anos estava internado na ala de queimados do Hran desde 31 de agosto, quando as chamas atingiram a Comunidade Terapêutica Liberte-se, no Paranoá, matando outras cinco pessoas

Internos estavam trancados quando o fogo começou na Liberte-se -  (crédito: Luiz Fellipe/CB/D.A Press)
Internos estavam trancados quando o fogo começou na Liberte-se - (crédito: Luiz Fellipe/CB/D.A Press)

Subiu para seis o número de mortes por causa do incêndio na Comunidade Terapêutica Liberte-se, no Paranoá. Na tarde de ontem, um rapaz de 21 anos, que não teve a identidade divulgada, não resistiu aos ferimentos e morreu. Quatro pessoas, apontadas como responsáveis pela unidade, continuam presas. 

O incêndio ocorreu em 31 de agosto, por volta das 3h, na casa principal da comunidade, onde cinco pessoas morreram e 11 ficaram feridas, entre elas a vítima de ontem, que estava internada na ala de queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

As causas do incêndio são investigadas pela polícia. A unidade atingida pelo fogo funcionava sem alvará, equipamentos de segurança e profissionais capacitados. Segundo relatos, os internos passavam a noite trancados, pelo lado de fora, nos quartos da clínica. Além da porta, as janelas possuíam grades fixas, o que dificultou a saída dos internos. Pacientes dentro e fora do cômodo entortaram grades da janela na tentativa de salvar os colegas. Cerca de 25 pessoas dormiam no quarto atingido pelas chamas.  

Após a repercussão do caso, famílias que tinham parentes na clínica denunciaram maus-tratos, trabalho forçado, castigos físicos e abuso psicológico. A parti daí, a polícia passou a investigar outras duas clínicas que levam o mesmo nome (uma no Paranoá e uma no Lago Oeste).

Segundo o delegado responsável pelo caso, Bruno Carvalho, da 6° DP (Paranoá), as investigações preliminares indicam "uma grande possibilidade de o incêndio ter sido causado por ação humana".

Em 18 de setembro, a polícia prendeu quatro pessoas ligadas à clínica. Dois donos, um coordenador e um monitor estão sendo investigados por homicídio doloso, cárcere privado e prescrição de medicamentos sem autorização. 

 

Denúncias

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) esteve, em 16 de setembro, em uma clínica localizada no Lago Oeste. De acordo com o deputado distrital Fábio Félix (PSOL), presidente da comissão, foram feitas denúncias anônimas de violação de direitos humanos no local. A operação, realizada em conjunto com equipes da 35ª DP (Sobradinho II), resultou na prisão de três pessoas apontadas como administradoras da clínica. No dia seguinte, elas foram liberadas em audiência de custódia. A Justiça determinou a interdição de todos os estabelecimentos que usam o nome Comunidade Terapêutica Liberte-se.

 

Linha do tempo

31 de agosto: a unidade da Comunidade Terapêutica Liberte-se no Paranoá pega fogo, deixando cinco mortos e 11 feridos.

16 de setembro: responsáveis pela unidade do Lago Oeste são presos após investigação da polícia.

17 de setembro: em audiência de custódia, responsáveis pela Liberte-se do Lago Oeste são liberados. Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) manda fechar todas as unidades da Comunidade Terapêutica Liberte-se.

18 de setembro: responsáveis pela unidade do Paranoá são presos.

22 de setembro: morre mais uma vítima do incêndio. O jovem de 21 anos estava internado no Hran desde 31 de agosto.

 

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postado em 23/09/2025 04:00
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