Oque deveria ser um fim de semana tranquilo no Distrito Federal virou manchete de luto. Em menos de 72 horas, desde as 6h da manhã de sexta até o fechamento desta edição, foram registrados 17 sinistros, totalizando três mortes e 16 feridos. Só no feriado da Independência foram quatro casos: duas colisões, um atropelamento de ciclista e um atropelamento triplo.
Números do Departamento de Trânsito (Detran-DF) apontam que, de janeiro a julho de 2025, 142 pessoas perderam a vida em sinistros nas vias da capital do país, um aumento de cerca de 10% em relação ao mesmo período de 2024. No total, 134 acidentes com mortes foram registrados neste ano, contra 127 no ano anterior, representando uma alta de 5,5% nos chamados sinistros fatais.
Os acidentes do fim de semana ajudaram a aumentar a triste estatística. Na noite de sábado, um motorista perdeu o controle da direção, saiu da pista, colidiu com um poste de iluminação pública e foi parar no canteiro central da EPNB. Apesar da violência da batida, não houve mortes.
Minutos antes, uma mãe e seus dois filhos pequenos, de 3 e 4 anos, sobreviveram a uma capotagem na EPIA Sul. A mulher conseguiu retirar as crianças do carro antes da chegada dos bombeiros. Um final feliz, ou menos trágico, que outros desfechos fatais.
Na manhã de ontem, o que deveria ser mais um passeio rotineiro de bicicleta, não terminou bem. Um ciclista foi atropelado na DF-480, na Ponte Alta Norte. Ele foi levado ao Hospital Regional do Gama com suspeita de fratura no braço.
No início da tarde, um motociclista de 22 anos ficou ferido após colidir com um veículo no Setor de Clubes Sul. Ele recebeu os primeiros socorros no local e foi levado consciente e orientado ao Hospital de Base.
Por volta das 16h, um homem foi preso em flagrante por dirigir embriagado, após atropelar três pessoas em São Sebastião. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o condutor não possuía habilitação. Segundo o Corpo de Bombeiros, duas vítimas foram levadas ao hospital por meios próprios. Uma criança precisou ser transportada pela equipe de resgate.
Casos fatais
Em um dos casos mais trágicos, a defensora dos animais Danielle Mansur Guimarães, 50 anos, comoveu o DF. Ela perdeu a vida na BR-040, em Luziânia, quando seu carro colidiu frontalmente com uma carreta que transportava querosene e deixou Danielle presa às ferragens. A vítima estava a caminho do sepultamento do sogro em Minas Gerais, acompanhada de seus três cães de estimação, Ziggy, Leo e Peppa, que também morreram. O caminhão pegou fogo após a colisão. As causas do acidente ainda estão sendo investigadas pela Polícia Civil.
A comoção logo tomou conta das redes sociais e entre as entidades que atuam em defesa da causa animal. A Organização Não Governamental (ONG) Toca Segura, da qual Danielle fazia parte, plantou um ipê amarelo em sua homenagem. Um bilhete deixado junto à árvore dizia: "Sua voz e energia continuam vivas em cada raiz, em cada folha, em cada sopro de vida… Você floresce em nós". A imagem foi compartilhada no perfil da entidade em uma rede social.
Outro caso com desfecho fatal aconteceu no Gama, na DF-290, onde Sérgio Luís de Lima, 62, morreu após uma colisão frontal entre sua moto e um carro de passeio. A suspeita é de que a condutora do veículo não tenha visto a moto se aproximar. Sérgio era aposentado, viúvo, e deixou um filho e um neto.
Em Ceilândia, ainda no sábado, uma idosa foi atropelada por uma caminhonete Nissan Frontier na via da Fundação Bradesco e, apesar das tentativas de reanimação pelos bombeiros, não resistiu. Moradores da região afirmam que o trecho da via onde ocorreu o atropelamento é muito perigoso.
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O que precisa mudar?
O Detran-DF informou que os principais fatores por trás dos sinistros são conhecidos e, infelizmente, evitáveis, como excesso de velocidade, consumo de álcool, uso do celular ao volante e motoristas não habilitados. "Essas condutas elevam consideravelmente a chance de sinistros", reforça o Detran-DF em nota.
Apesar das campanhas de conscientização, os números apontam que a combinação de imprudência, somada a falta de fiscalização, continua sendo um combustível letal nas vias do DF. O crescimento dos acidentes fatais não é apenas uma estatística, é um alerta vermelho.
*Colaborou Leticia Mouhamad
