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Perícia indica ação humana em incêndio na clínica que matou cinco pessoas

Resultado de investigações preliminares descartam pane elétrica na tragédia que matou cinco pessoas e deixou 11 feridas. "Há uma grande possibilidade de o incêndio ter sido causado por ação humana", afirmou o delegado Bruno Cunha ao Correio

O caso do incêndio na Comunidade Terapêutica Liberte-se, que matou cinco pessoas em 31 de agosto, teve um novo rumo nas investigações devido a resultados preliminares de laudos periciais. Segundo o delegado chefe da 6° DP do Paranoá (delegacia responsável pela investigação do caso), Bruno Cunha, esses resultados traçaram caminhos promissores para determinar a causa do fogo que deixou, ainda, 11 feridos. "Há uma grande possibilidade de o incêndio ter sido causado por ação humana", afirmou ao Correio.

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Contudo, o delegado ainda ressalta que há um grande trabalho pela frente para apontar a exata causa da tragédia. "É um caso muito complexo, muitas provas cruciais podem ter sido destruídas pelo fogo. Então, ainda não é possível determinar com extrema certeza", acrescentou.

Os resultados preliminares foram suficientes para descartar a hipótese de que o incêndio foi causado por uma pane elétrica. "A fiação analisada pelos peritos da clínica não demonstraram nenhum indicativo de pane, o que, em tese, poderia descartar a teoria do curto-circuito", assegurou.

O delegado afirma, ainda, que o modo que tratavam os internos é chocante. "O fato de eles estarem trancados pelo lado de fora gera uma responsabilização que nos preocupa. Isso revela que o tratamento que era dado na clínica não era o mesmo que era anunciado. Existe essa contradição dos serviços", comentou.

Nesta última semana, 15 pessoas foram ouvidas, entre vítimas e funcionários do espaço. Segundo o delegado, durante esses depoimentos, diversas testemunhas corroboraram denúncias de maus tratos e trabalhos forçados, conforme publicado pelo Correio. "De acordo com as vítimas, grande parte delas estavam na clínica de forma compulsória. Além disso, elas eram submetidas a diversos tipos de tratamentos não convencionais, como trabalhos forçados", disse. 

Ainda segundo o delegado, essas vítimas também afirmaram que os internos também sofriam outros tipos de castigos, incluindo tendo o direito de falar com a família negado. "Se algum interno negasse realizar o trabalho que era ordenado, a comunicação era cortada, eram submetidos a maiores cargas de trabalho e eram trancados nos quartos como forma de punição", destacou. Além de familiares e internos, alguns feridos que ainda estão internadas no HRAN foram ouvidas. Segundo o delegado, quatro pessoas ainda estão em estado grave. 

O fluxo de denúncias e informações foi muito grande, o que, em determinada instância, dificulta o trabalho das investigações. Uma das informações passadas às equipes policiais é de que as três clínicas com o mesmo nome (sendo duas no Paranoá e uma no Lago Oeste) pertenciam ao mesmo proprietário e faziam parte de uma rede. Cunha afirma que as investigações ainda estão sendo feitas para conseguir determinar se a informação é verdadeira. "Precisamos do levantamentos dos órgãos oficiais para confirmar ou descartar essa informação. Já estamos fazendo esse trabalho. Temos confirmado que o Douglas Costa é proprietário da clínica que pegou fogo, que por sinal, é irregular", afirmou.

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