O futuro do Tribunal de Contas do Distrito Federal contará com a inteligência artificial. Em entrevista ao CB.Poder desta sexta-feira (12/9), o presidente da Corte, conselheiro Manoel de Andrade, revelou que, recentemente, esteve em São Paulo para negociar uma parceria com o Google visando oferecer ao tribunal uma ferramenta tecnológica para a modernização dos processos, por meio do uso de IA, às vésperas do aniversário de 65 anos da instituição.
Em conversa com as jornalistas Denise Rottenburg e Adriana Bernardes, o presidente ressaltou o papel do tribunal na fiscalização das contas públicas e defendeu a necessidade de maior transparência na gestão. Segundo ele, o uso de soluções digitais deve reduzir de anos para horas o tempo de análise de processos.
Outro ponto importante da conversa foi sobre o impacto da tecnologia no quadro de servidores do tribunal. “Não há perspectiva nenhuma de ter demissões, não acredito. É verdade que nós vamos ter um novo modelo de contratações”, avaliou.
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Inteligência artificial
De acordo com o presidente, os testes com a IA já estão sendo realizados, aos poucos, dentro do tribunal, e alguns processos já estão sendo avaliados. Ele afirma que ainda não há previsão para implementação completa da ferramenta, mas, tão logo os processos estarão sendo inteiramente avaliados pela IA, afirma.
“Imagino que, em breve, teremos o processo totalmente avaliado através da IA. Muitos tribunais do Judiciário já estão fazendo isso, em experiência, mas acredito que, em pouco tempo, o julgador precisará apenas examinar se todas as questões foram consideradas dentro do princípio do direito, da ampla defesa e do contraditório, e então o sistema traz esse cotejamento todo, oferecendo ao julgador o resultado final”, destacou.
Servidores e modernização
Andrade afastou a hipótese de cortes no quadro de servidores em razão da digitalização. Para ele, a tecnologia é uma ferramenta de apoio ao corpo técnico. “Eu acredito que vamos ter um processo de redução de contratações, não de demissões. Não há perspectiva nenhuma de ter demissões, não acredito.”, explicou.
Saúde
Na entrevista, o presidente também voltou a chamar atenção para o sistema de saúde do DF, considerado o maior gargalo da gestão pública local. Segundo ele, as auditorias vêm identificando problemas de comunicação entre sistemas, onde recursos podem faltar em um local e sobrar em outro.
“Essa auditoria avisa que tem vários sistemas, se não me engano, quase 15 sistemas que não se conversam. E não conversando, não há interação. Muitas vezes está faltando em um local e sobrando em outro. Isso é preciso resolver”, explicou, ressaltando a importância de otimizar a distribuição de recursos e automatizar processos.
Após apontar alguns dos gargalos presentes, Andrade aponta como o tribunal busca aprimorar esse atendimento. “Criar um sistema onde o paciente, ao procurar uma consulta, marcar uma cirurgia ou algo do gênero, saiba em qual posição está em qualquer setor. Se houver vaga em outro setor, ele será direcionado para lá, para dar automação ao sistema”, explicou.
Tribunal itinerante
Entre as novidades, o presidente também anunciou a criação do “tribunal itinerante”. Segundo ele, a iniciativa está prevendo visitas a gestores e servidores de diferentes áreas, como da saúde, educação e segurança, para dialogar sobre demandas pendentes e mostrar a importância de entregar serviços de qualidade à população. “Nessas visitas, nós dialogamos com os servidores de todas as pastas necessárias para mostrar o quanto é importante dar vazão às demandas, para que o cidadão seja realmente prestigiado”, explicou.
65 anos de história
Na próxima segunda-feira (15/9), o TCDF celebrará os 65 anos de atuação com a entrega das Comendas da Ordem do Mérito de Contas Ruy Barbosa. Para o conselheiro, a data irá reforçar a trajetória da instituição. “Esse momento de 65 anos é de meditação, para a gente avaliar o que foi feito e o que se pode melhorar. Com avanço tecnológico, com compromisso cidadão e com essa visão civilista e civilizada”, concluiu.
