
Os desafios para implantar a tarifa zero no transporte público do Distrito Federal e a formação de um consórcio para manter ou reduzir o preço das passagens no Entorno da capital foram temas debatidos, nesta quarta-feira (22/10), no programa CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Aos jornalistas Adriana Bernardes e Carlos Alexandre de Souza, o secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Andrade, detalhou as medidas que podem garantir tarifas mais baratas para brasilienses e moradores do Entorno. Confira, a seguir, os principais pontos da entrevista.
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Existe expectativa de tarifa zero para os usuários de transporte público no Distrito Federal?
Não podemos vender ilusão para os usuários e contribuintes. Temos um programa de gratuidade muito robusto — o Vai de Graça, aos domingos e feriados, é um sucesso, trouxe inclusão social, melhorou o comércio, a renda, gerou empregos. Para falar em universalidade, aumentar o Vai de Graça para outros dias da semana, é preciso responsabilidade. A demanda iria aumentar muito. Temos que aumentar frotas, corredores exclusivos, terminais de integração, o que significa mais gastos e investimentos. Precisamos de fontes de financiamento. O governo federal discute essas fontes, mas precisamos de um sistema único de mobilidade com garantia de continuidade do serviço. Se a gente simplesmente disser: 'É tudo de graça agora', o trabalho será precarizado, a qualidade do serviço cai e não vamos resolver o problema das pessoas. Ou seja, não adianta falar sem apontar as soluções.
Há muitas queixas sobre o transporte público do DF. O que fazer para oferecer um transporte de qualidade aos usuários?
Comparado ao transporte de 10 anos atrás, evoluímos muito. Ainda precisamos aumentar o número de viagens que um ônibus realiza e o governo está trabalhando para isso. É necessário recuperar os investimentos para os corredores exclusivos, concluindo as obras do BRT Oeste e Sul. Vale já citar, também, o BRT Sudoeste e, em breve, o BRT Norte. Isso faz com que a mesma frota seja capaz de realizar mais viagens. Além disso, de 2019 para 2025, ampliamos a frota com mais de 300 veículos e a previsão é de que, até o primeiro semestre do ano que vem, mais 200 novos veículos entrem em operação.
Por que as paradas de ônibus na pista central da EPTG terão que ser demolidas e refeitas?
O modelo de BRT clássico, como o que começou em Curitiba e está presente em outras regiões do mundo, também foi implantado no BRT de Santa Maria, com embarque no solo. As estações são de solo, com validadores e catracas instalados fora dos veículos. Portanto, precisamos implantar esse mesmo sistema para que o BRT Oeste funcione como um verdadeiro BRT. Para isso, não podemos manter os abrigos atuais. A segunda etapa consiste em concluir as obras viárias e substituir os abrigos por estações de solo, com embarque no nível da rua. Assim teremos um BRT clássico, com embarque e desembarque mais ágeis, maior velocidade e operação semelhante à de um metrô de superfície.
Foi anunciada, em fevereiro, a formação de um consórcio entre os governos do Distrito Federal e de Goiás para manter ou reduzir o preço da tarifa do Entorno. Como está esse processo?
Aguardávamos o posicionamento do governo federal sobre de quem é a competência e a responsabilidade pelo transporte semi-urbano. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) se manifestou dizendo que, neste momento, não irá subscrever o protocolo de intenções. Apontou alguns detalhes e afirmou que, eventualmente, quando o consórcio for constituído, poderá delegar a gestão do transporte do Entorno a esse consórcio, formado por Goiás e pelo Distrito Federal. Concluímos a discussão técnica sobre o protocolo de intenções e sobre o projeto de lei que precisa ser aprovado pelas casas legislativas. A partir desse ponto, a decisão está nas mãos dos dois governadores. A pauta está nas agendas dos governadores Ibaneis (Rocha) e (Ronaldo) Caiado, que estão avaliando a assinatura do protocolo de intenções e o encaminhamento do projeto de lei.
Ainda existe o projeto do VLT na W3? Até onde ele vai?
Existe. Está em análise no Tribunal de Contas. As últimas informações já foram encaminhadas e aguardamos a liberação para que possamos publicar a licitação da concessão. O trajeto contempla, nesta primeira etapa, o percurso do Terminal da Asa Norte até o Terminal da Asa Sul, e, em uma segunda etapa, a extensão até o aeroporto.
Assista à íntegra da entrevista:
*Estagiária sob supervisão de Eduardo Pinho

Cidades DF
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