A defesa da arquiteta Adriana Villela apresentou uma série de novos pedidos à Justiça, após a anulação da condenação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A equipe de advogados solicitou a realização de 11 novos depoimentos e uma ampla perícia em mídias que teriam sido ocultadas durante a investigação.
Em 30 de setembro, o juiz responsável pelo caso intimou a defesa a se manifestar sobre a necessidade de novas provas e determinou que as já produzidas fossem validadas. Com o retorno dos autos, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) confirmou que as provas colhidas na primeira fase do processo serão mantidas e consideradas na nova decisão, que pode resultar em pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária.
Ocultação de provas
O advogado de Adriana, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, afirmou ao Correio que parte da instrução do processo precisa ser refeita, pois a anterior "teria sido conduzida de forma criminosa pela polícia e por parte do Ministério Público". Segundo o advogado, houve ocultação de vídeos e documentos essenciais à defesa. Ele destacou que a decisão do STJ foi uma “vitória importante”, por garantir o direito de acesso e perícia em todo o material de vídeo que pode beneficiar Adriana.
A defesa sustenta, ainda, que Adriana não estava na cena do crime, ocorrido em 28 de agosto de 2009, apresentando testemunhas, registros de cartão de crédito e comprovantes de presença em um curso de espanhol para reforçar o álibi. “100% certo e irrefutável", ressaltou o advogado ao Correio.
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Novos depoimentos
A defesa requereu a tomada de 11 novos depoimentos para prestarem esclarecimentos adicionais sobre o caso. Sendo eles: Paulo Cardoso Santana, Leonardo Campos Alves, Francisco Mairlon Barros Aguiar, Andre Vítor Espírito Santo, Geraldo Flavio de Macedo Soares, Fabrício Falcão de Ornelas, Sami Jundi, Rodrigo de Almeida Heringer, Livino Silva Neto, Gerson Belarmino de Souza e Marcos Santana.
Os dois primeiros foram condenados como executores do crime, enquanto o terceiro nome, Francisco Mairlon Barros Aguiar, foi inocentado recentemente pelo STJ.
Pedidos
Entre os pedidos, estão os destaques:
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Identificação e cópia integral da caixa das mídias que contém os depoimentos de Paulo Santana e Leonardo Alves, fornecidos à defesa somente no 7º dia do julgamento pelo Plenário do Júri, em 29/9/2019;
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Perícia digital oficial, com acompanhamento de assistente técnico, para analisar dados como data de criação, IP, eventuais edições dos arquivos, acessos e afins;
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Degravação oficial dos depoimentos de Leonardo Alves e de Paulo Santana.
A defesa também requereu perícias de localização e comunicações para:
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Reconstituir o álibi de Adriana Villela, refazendo seu trajeto no dia em que ocorreu o crime da 113 Sul;
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Analisar os dados telefônicos dos corréus (Leonardo Alves, Paulo Santana e Neilor Teixeira da Mota), com base nas estações rádio-base (ERBs);
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Investigar ligações entre os envolvidos, de julho a outubro de 2009, para demonstrar contatos próximos às datas do crime.
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Realização de perícia técnica dos telefones das vítimas José Guilherme Villela, Maria Villela e Francisca Nascimento, para que seja possível esclarecer os horários de chegada ao local do crime.
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Além disso, foi requerido que o síndico do condomínio da SQS 113, Bloco C, informe quais porteiros estavam de serviço entre 27 e 31 de agosto de 2009, para que possam ser arrolados como testemunhas.
Por fim, a defesa solicitou que o Innocence Project Brasil envie aos autos uma cópia da entrevista de Paulo Cardoso Santana, concedida em fevereiro de 2024, na qual, segundo Kakay, o depoente reforça que apenas ele e Leonardo participaram dos fatos, isentando Adriana Villela de qualquer envolvimento.
