
A cada 60 horas, uma residência é furtada no Distrito Federal. Entre janeiro e outubro de 2025, foram registrados 124 casos. O risco aumenta com a aproximação do período de férias, quando muitas famílias viajam ou passam mais tempo fora de casa. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) mostram que, apenas em dezembro de 2024 e janeiro deste ano, ocorreram 39 furtos em residências. Nos dois meses seguintes ao fim das férias, houve uma queda de 38,46%, com 24 registros.
A incidência cresce especialmente no fim do ano. Entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, a SSP-DF registrou 50 furtos — sendo 11 em novembro, 17 em dezembro e 22 em janeiro. No período equivalente de 2024, foram 45 casos nos três meses. Segundo autoridades, a expectativa é de que os próximos meses mantenham um cenário que exige atenção redobrada.
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Para evitar prejuízos materiais e emocionais, especialistas em segurança pública e a Polícia Militar reforçam a necessidade de medidas preventivas e alertam para o comportamento sazonal desses crimes. O subsecretário de Operações Integradas da SSP-DF, coronel Carlos Eduardo Melo de Souza, reforça que os criminosos se aproveitam de padrões facilmente observáveis. "Nesse período de Natal, Réveillon e férias escolares, aumenta a quantidade de residências desocupadas em razão de viagens. Imóveis com pouca movimentação, luzes apagadas por vários dias, correspondência acumulada e falta de veículos na garagem se tornam alvos preferenciais".
Ele explica ainda que criminosos analisam o contexto ao redor. "Eles costumam observar imóveis com menor risco de flagrante. Ruas pouco movimentadas, ausência de câmeras e janelas sem grades facilitam o acesso. A rotina previsível dos moradores também é um elemento importante."
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Vítimas
Para muitos, o medo persiste. O analista João Araújo*, 22 anos, viu sua casa ser invadida no início deste ano, enquanto viajava com a família para o Ano Novo em Corumbá. O irmão, que havia ficado em casa, saiu por algumas horas, tempo suficiente para os criminosos agirem.
"Nós não tínhamos câmera de segurança em casa, por isso recorremos às câmeras dos vizinhos. Quando meu irmão saiu, eles agiram. Levaram a televisão da sala e meu videogame. A tristeza foi grande, porque foi algo que demorei muito para conquistar", conta.
Ele acredita que a casa já vinha sendo observada. A investigação, porém, não avançou. "Entramos em contato com as autoridades, mas não deu em nada. Foi aí que entendemos a necessidade de colocar equipamentos de filmagem. O nosso maior erro foi ter deixado o cachorro no quintal, em vez da garagem. Temos um american bully para proteger a casa". Para a próxima viagem de fim de ano, parte da família deve ficar na residência para evitar novos problemas.
O advogado Pedro Sousa*, 27, viveu situação semelhante, mas em plena tarde de domingo. Em agosto deste ano, ele tinha acabado de retornar de uma viagem à Europa e saiu para ir à missa por poucas horas. "Quando cheguei, a porta estava toda arrombada. Invadiram a casa e levaram meu Xbox, relógio, joias e outras coisas. Foi um crime muito específico. Parecia alguém que já sabia o que queria", avalia.
Segundo ele, mesmo com câmeras externas, o criminoso conseguiu manipular parte do sistema para evitar ser filmado. "Uma câmera ele quebrou, a outra apontou para cima. Deu para vê-lo mesmo assim, mas a maioria desses criminosos usa capuz. Na hora, eu nem entrei em casa, pois poderia ser perigoso se ele estivesse armado. Liguei para a polícia, mas demoraram mais de 40 minutos. Depois descobri que ele já tinha ido embora", diz.
Apesar do transtorno e do prejuízo, Pedro acredita que o episódio não tem relação com a segurança pública do DF. "O DF é uma das cidades mais seguras do Brasil. Não tenho o que reclamar. A lição que tiramos foi reforçar ainda mais a segurança. Agora, sempre deixamos o alarme ligado e colocamos reforços na porta. São só coisas materiais. Não vale colocar a vida em risco".
Cuidados
O porta-voz da Polícia Militar, major Raphael Broocke, orienta sobre as principais medidas para prevenir furtos em residências. Segundo a corporação, a prevenção começa dentro da residência. "O recomendado é investir em equipamentos como alarmes, sensores de movimento, câmeras, cercas elétricas e reforçar trancas e cadeados. Também é bom criar uma boa relação com vizinhos para avisar sobre viagens e monitorar movimentações suspeitas. Deixar chaves com alguém de confiança para verificar a casa periodicamente. Guardar objetos de valor, como bicicletas e ferramentas, em locais não visíveis da rua. Verificar se todas as portas e janelas estão trancadas, e preparar-se para viagem com o carro dentro da garagem, para evitar exposição".
Broocke informou que a PMDF reforçará o policiamento em áreas residenciais durante o fim do ano. "A Polícia Militar intensifica o patrulhamento em áreas residenciais e em horários de menor movimento, e mantém canais de comunicação com a comunidade, seja por meio de grupos de WhatsApp ou pelo 190. Residências localizadas em ruas abertas são mais visadas do que condomínios ou prédios com controle de acesso. Com essas ações simples, porém eficazes, é possível reduzir a vulnerabilidade das casas durante o período de férias".
* O nome dos entrevistados foi alterado para preservar a segurança das vítimas
Como se proteger
Medidas físicas
•Trancar portas, portões e janelas mesmo em ausências curtas;
•Instalar grades, travas reforçadas e boa iluminação externa;
•Manter objetos de valor longe do campo de visão da rua.
Medidas tecnológicas
•Sistemas de câmeras, alarmes e monitoramento remoto;
•Fechaduras eletrônicas.
Medidas comunitárias
•Manter boa relação com vizinhos e informá-los sobre ausências prolongadas;
•Recolher correspondência e observar movimentações suspeitas;
•Participar da Rede (WhatsApp) de Vizinhos Protegidos da PMDF.
Medidas comportamentais
•Não divulgar viagens em redes sociais em tempo real;
•Variar rotinas sempre que possível;
•Acionar 190 em emergências e 197 para denúncias.
Saiba Mais
Medidas de Segurança
(QUADRO)
Medidas físicas
•Trancar portas, portões e janelas mesmo em ausências curtas;
•Instalar grades, travas reforçadas e boa iluminação externa;
•Manter objetos de valor longe do campo de visão da rua.
Medidas tecnológicas
•Sistemas de câmeras, alarmes e monitoramento remoto;
•Fechaduras eletrônicas.
Medidas comunitárias
•Manter boa relação com vizinhos e informá-los sobre ausências prolongadas;
•Recolher correspondência e observar movimentações suspeitas;
•Participar da Rede (WhatsApp) de Vizinhos Protegidos da PMDF.
Medidas comportamentais
•Não divulgar viagens em redes sociais em tempo real;
•Variar rotinas sempre que possível;
•Acionar 190 em emergências e 197 para denúncias.

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