
É de impotência o sentimento de ver e de noticiar a morte de mais mulheres nas mãos de homens machistas. Eles matam com raiva e violência, como se fôssemos descartáveis. Estamos cansadas de apenas sobreviver. De contar os dias para o fim que nunca sabemos quando e de que forma chegará. Atacadas nas ruas por um desconhecido? Num bar após um flerte? Em casa por alguém com quem trocamos votos no altar? Ou no meio da rua por aquele que insiste em manter um vínculo que se rompeu?
Muitas de nós estão tendo as vidas destroçadas, corpos mutilados e o sentimento de culpa e de medo que as acompanham diariamente. Não é justo que seja assim. O levante Mulheres Vivas, no início do mês, é apenas mais um grito da revolta entalada em nossas gargantas e que explode dentro do peito. Precisamos cantar, dizer, desenhar, protestar até que entendam: parem de nos matar! Será pedir demais que nos deixem viver?
É verdade que o que queremos vai muito além disso. Queremos muito mais do que sobreviver, como disse. Queremos ser respeitadas, amadas de maneira altruísta e verdadeira. Queremos usufruir dos nossos salários e acompanhar o crescimento dos nossos filhos. Queremos rir até sentir dor de barriga e ter o prazer de estar num relacionamento em que as cobranças sejam simplesmente acordos selados entre dois adultos que escolherem compartilhar uma caminhada juntos.
Todos nós cometemos erros, afinal, é humano errar. Mas posso dizer com segurança que muitas, mesmo sem obrigação, estão continuamente e pacientemente nos ensinando a sermos melhores. Mostrando como a construção de uma sociedade mais justa e igualitária é essencial para aumentar a qualidade de vida nas cidades e que isso passa, necessariamente, por respeitar as mulheres.
Meninas e mulheres com formação adequada tendem a transformar a realidade das comunidades em que vivem. Seja pelo empreendedorismo, seja por outras formas de gerar renda e de trazer benefícios, como na ampliação da educação, do saneamento básico e dos serviços de saúde. Mães que têm a chance de passar mais tempo — e com mais qualidade — ao lados dos filhos pequenos contribuem para melhorias nos índices de adoecimento da infância até a idade adulta.
Evidente que uma sociedade justa e igualitária é tudo o que uma pequena parcela dos que dominam as posições políticas e econômicas do poder não quer. Mas precisamos — homens e mulheres — apegar-nos à força da esmagadora maioria que somos e defender não só o direito básico à sobrevivência de esposas, filhas, netas, sobrinhas e amigas, mas também que elas vivam no potencial máximo de suas vontades. Nenhuma a menos: mulheres vivas!

Cidades DF
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