
A contagem regressiva para o Natal já começou e o clima natalino tomou conta do Instituto Doando Vida por Rafa e Clara (IDV), na Santa Luzia. Nesta terça-feira (9/12), o Papai Noel chegou ao espaço de atividades da instituição e espalhou alegria para crianças de 2 a 4 anos, que fazem parte do projeto, com presentes, brinquedos e abraços cheios de carinho.
O bom velhinho, emocionado com o carinho da garotada, falou sobre a experiência e o sentimento de presentear os pequenos. "Sempre é uma novidade e uma enorme alegria. As crianças são assim, desse jeito, espontâneas. A gente se comove e se envolve com isso. Aprendo todo dia, todo ano com essas crianças. Desejo profundamente um feliz Natal a todos, ho, ho, ho!", disse.
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A ação faz parte do trabalho realizado pelo Instituto, que atende 80 crianças da Chácara Santa Luzia, na Estrutural. O projeto, que funciona como uma creche, atende em período integral, das 7h às 17h, de segunda a sexta, e oferta cinco refeições diárias, atividades pedagógicas, físicas e culturais, além de acompanhamento nutricional, psicológico e social. O IDV foi criado para ser um refúgio para crianças que vivem na região. A área é marcada por ter os menores índices de desenvolvimento humano do Distrito Federal e pelo alto grau de vulnerabilidade social.
Segundo a direção do projeto, há uma lista de espera de quase 200 crianças. Apenas as famílias mais vulneráveis são selecionadas, após visita e avaliação social. Sem qualquer vínculo governamental, o Instituto funciona exclusivamente por doações e por meio de um programa de associação.
Além do cuidado infantil, a instituição oferece cursos para pais e responsáveis, como costura, manicure, culinária, música, informática e empreendedorismo, com intuito de promover autonomia e geração de renda. "Várias mães já começaram a empreender com o que aprenderam. A família inteira acaba sendo beneficiada", explicou Luciana Andrade, idealizadora do IDV.
História
A origem do Instituto está profundamente ligada à história da família de Luciana e ao legado deixado pela filha Rafaela, nutricionista, e sua neta, Clara. As duas faleceram em um acidente no Canadá, em 2013, quando Rafaela tinha 26 anos, e Clarinha, apenas dois.
Luciana Andrade relembra quando surgiu a ideia de criar a iniciativa. “O desejo de criar esse instituto não foi nosso, foi da Rafa. Em 2013, ela estava voltando para o Brasil após o mestrado e, infelizmente, aconteceu um acidente duas semanas antes, no Canadá. Minha filha tinha esse sonho lindo que era de montar uma ONG para cuidar de crianças vulneráveis, por isso viemos para cá”, contou.
Segundo a idealizadora, Rafaela já conhecia a realidade de crianças que viviam em áreas de descarte de resíduos e acreditava que transformar a primeira infância era o caminho para mudar vidas. "Ela tinha esse sonho dizendo que se você ajuda uma criança na primeira infância, de zero a cinco anos, ela tem uma chance de ter uma vida melhor, com qualidade e mais dignidade”, disse.
Depois de um longo período de luto, os pais decidiram transformar a dor em propósito. “Resolvemos ressignificar essa dor, fazendo com que o sonho da nossa filha não fosse em vão. Então viemos para essa região da Santa Luzia contribuir na vida desses pequenos e de suas famílias. Eles aqui conseguem sonhar e conseguem ver que o mundo pode ser diferente”, acrescentou.
O pai de Rafaela, Henrique Andrade, também falou sobre o significado desse trabalho para a família. "É muita alegria ver essas crianças, que não tiveram a oportunidade antes, estarem aqui conosco. Elas viviam nas ruas da Santa Luzia e hoje elas têm uma oportunidade de socializar-se, alimentar-se bem, ter um convívio social", destacou.
Para ele, cada sorriso das crianças se conecta à memória da filha e da neta. "É a transformação de uma grande dor em doação. É o sonho da nossa filha e a gente transforma esse sonho dela em realidade. Quando eu vejo o sorriso de uma criança, eu me lembro do sorriso da nossa netinha e não tem preço”, afirmou, com lágrimas nos olhos.
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