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Gente que brilhou em 2025 e elevou o nome do DF ao Brasil e ao mundo

Em 2025, o DNA brasiliense esteve presente em ações de destaque nacional e internacional ligadas à arte, ao entretenimento, ao esporte e à luta pelos direitos humanos. Conheça alguns personagens que fizeram história

De Brasília para o Brasil e para o mundo, 2025 foi um ano em que talentos, trajetórias e causas nascidas ou consolidadas no Distrito Federal atravessaram fronteiras e ganharam projeção nacional e internacional. Em diferentes áreas — do entretenimento ao esporte, da gastronomia à defesa dos direitos humanos —, moradores do DF e brasilienses de nascimento transformaram suas histórias pessoais em marcos coletivos, levando o nome da capital a palcos, pistas, cozinhas e arenas de debate global.
Nesta reportagem especial, o Correio seleciona personagens que simbolizam esse protagonismo múltiplo e diverso. Artistas que lotaram shows e dominaram plataformas digitais, um atleta que reescreveu recordes, um jornalista que realizou o sonho de escrever novelas de televisão, uma atriz que marcou presença em um filme brasileiro ganhador de Oscar, o chef que fez da cozinha um espaço de identidade e formação, e o ativista que colocou o corpo e a voz a serviço da justiça social. Juntos, eles revelam um retrato potente de Brasília em movimento: uma cidade que forma, acolhe e projeta pessoas capazes de impactar o país e o mundo a partir de suas origens.

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Cada vez mais

Formado no Distrito Federal, em 2016, o grupo de pagode Menos é Mais vem ganhando notoriedade nacional nos últimos cinco anos. Durante o período de isolamento social, a banda, com ajuda da internet e das típicas lives da época, se tornou destaque entre a nova geração da música brasileira. Mas foi justamente em 2025 que o quarteto formado por Duzão (vocal), Gustavo Goes (repique), Paulinho Félix (pandeiro) e Ramon Alvarenga (surdo) alcançou o auge — os próprios integrantes declaram: “2025 foi o melhor ano da nossa história”.

Para os artistas, o ano começou colhendo os frutos do ano anterior, com o sucesso da faixa Coração partido. “Apesar de ter sido lançada em 2024, ela se tornou a música mais ouvida do Brasil no primeiro semestre deste ano”, aponta Goes. O êxito, porém, não parou por aí: em abril, foi a vez da estreia de P do pecado, parceria com Simone Mendes que ficou por 16 semanas no topo da lista das músicas mais ouvidas do país no Spotify. Junto da cantora sertaneja, o Menos é Mais superou o recorde que antes era de Justin Bieber, com Sorry.

“Foi um ano que abriu muitas portas pra gente, com vários momentos de virada de chave e de crescimento”, continua o instrumentista. “Os nossos shows lotaram muito e a gente conseguiu viajar o mundo inteiro. Nos apresentamos na Europa e nos Estados Unidos, e ainda fizemos a maior apresentação das nossas vidas até hoje, no aniversário de Brasília, para 220 mil pessoas”, destaca Goes.

Moradores da capital até hoje — o vocalista Duzão, por exemplo, ainda mora no Gama, onde nasceu —, os músicos levantam a bandeira do pagode brasiliense desde o primeiro álbum da carreira, intitulado Plano Piloto. “Parece que tudo que a gente faz, quanto mais lugares a gente conhece, mais a gente se sente pertencente à nossa cidade. Em tudo que a gente faz, a gente faz questão de falar de onde viemos”, afirma o integrante da banda. “O Menos é Mais está tocando no mundo inteiro, mas a nossa casa de verdade, o lugar em que a gente se sente tranquilo, é Brasília”, finaliza.

Guilherme Felix/CB/D.A Press - Medalhista olímpico, Caio Bonfim foi eleito o Atleta do Ano pelo COB

O recorde do recordista

Se em 31 de dezembro de 2024 Caio Oliveira de Sena Bonfim pensava que havia vivido o melhor ano da carreira, com a conquista da inédita prata do Brasil na marcha atlética nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, é porque não imaginava o que 2025 lhe reservava. No intervalo de uma semana, durante o Campeonato Mundial de Tóquio, teve o esforço hercúleo na prova dos 35km recompensado com o segundo lugar sob calor escaldante e a entrada no Olimpo do país ao faturar o ouro que lhe faltava, na competição do mundo. Os dois pódios no Japão o coroaram o atleta brasileiro recordista de pódios no evento, com um ouro, uma prata e dois bronzes, atualizando a marca que pertencia ao velocista Claudinei Quirino, dono de quatro medalhas na competição. 

Não bastassem as conquistas nas pistas, foi eleito pelo segundo ano consecutivo o Atleta do Ano no Prêmio Brasil Olímpico, o “Oscar” do esporte nacional, entregue pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) desde 1999. Viu, ainda, a mãe e técnica, Gianetti Bonfim, ser reconhecida como principal treinadora da temporada na festa de gala no Rio de Janeiro. “Foi especial, um ano de muita gratidão e de muitas pessoas envolvidas. Queria agradecer especialmente ao meu pai, à minha mãe e à minha esposa. Meu pai, que me viu garotinho em casa com muita energia, e me inscreveu numa prova de marcha atlética aos 10 anos”, relembrou. 

Acostumado a manter os pés no chão e viver passo a passo, Caio manterá a tradição de alegrias de ano em ano. Em 2026, será o anfitrião de um dos maiores eventos do calendário do atletismo, o Campeonato Mundial de Marcha Atlética por Equipe, em 12 de abril, na Esplanada dos Ministérios.

Júlia Mataruna/Divulgação - Camila Márdila integra o elenco do vencedor do Oscar Ainda estou aqui

E o Oscar vai para...

Se o impacto de Que horas ela volta? projetou Camila Márdila para o cinema brasileiro, foi em 2025 que a atriz brasiliense consolidou um momento de plena maturidade artística. Após atravessar 2023 e 2024 em ritmo intenso, o embalo ganhou ainda mais força neste ano, marcado por presença constante no cinema, na televisão e, pela primeira vez, também atrás das câmeras.

Dez anos depois de se tornar um rosto reconhecido nacionalmente, Camila viveu experiências decisivas. Ela atuou em Ainda estou aqui, de Walter Salles, ao lado de Fernanda Torres, produção vencedora do Oscar e um dos grandes marcos recentes do audiovisual brasileiro. Ampliou seu alcance internacional ao integrar projetos de grande repercussão no streaming ao interpretar Viviane Senna na série Senna, da Netflix. E participou de Ângela Diniz, produção da HBO Max dirigida por Andrucha Waddington lançada neste ano, mergulhando em narrativas que tensionam memória, gênero e estruturas de poder.

O ano de 2025 também marcou um novo passo em sua trajetória: a estreia como diretora no curta-metragem Sandra, sinalizando um desejo de ampliar o campo de atuação artística e autoral. Em fevereiro, a produção vai passar no maior festival de curtas internacional do mundo, em Clermond Ferrand, na França.

Em 2025, Camila filmou a serie Véspera, que protagonizou ao lado de Gabriel Leone e Bruna Marquezine, prevista pra estrear em 2026, e também foi convidada por Fernanda Torres e Andrucha Waddington para atuar no filme Os corretores, que terminou de ser rodado em dezembro. 

Como atriz, integrou ainda o elenco de A natureza das coisas invisíveis, da cineasta brasiliense Rafaela Camelo, selecionado para o Festival de Berlim. O projeto teve um significado especial: filmado integralmente em Brasília, reuniu Camila à cidade onde nasceu, cresceu e se formou.

Nascida em Taguatinga, Camila cursou comunicação na Universidade de Brasília (UnB) e, apesar de sua sólida carreira nacional, filmou pouco na terra natal — o que tornou o convite da ex-colega de universidade ainda mais simbólico. Em Ângela Diniz, por sua vez, a atriz experimentou o desafio de representar, de forma condensada, mulheres reais que orbitavam a socialite assassinada em 1976, refletindo sobre as expectativas conservadoras impostas às mulheres e a violência legitimada por estruturas jurídicas e sociais da época.

“Se me perguntassem há alguns anos qual meu sonho como atriz, eu certamente responderia algo muito próximo do que estou vivendo agora. Me sinto muito realizada com os projetos que filmei e lancei esse ano. Foram  histórias relevantes, que se conectam com o que acredito e que emocionaram o público. Foram produções que tive muito prazer em realizar, algumas parcerias inauguradas, outras consolidadas. Eu só tenho a agradecer por esse momento”, festejou Camila. 

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Thiago Ávila integrou arriscada missão humanitária na Faixa de Gaza

Humanidade sem fronteiras

Se 2025 foi de consagrações para artistas e atletas, para Thiago Ávila o ano se tornou um marco de confronto direto com a história. Coordenador internacional da missão humanitária Global Sumud Flotilla, o ativista brasiliense de 39 anos colocou o corpo, a voz e a própria liberdade no centro de uma das mais visíveis mobilizações globais contra o genocídio do povo palestino. À frente de uma articulação que reuniu 20 embarcações, centenas de tripulantes e representantes de 44 países, Thiago viu seu trabalho alcançar o mundo — ainda que sob risco extremo.
Em 8 de junho, ele integrava a tripulação do barco Madleen quando a embarcação foi interceptada por soldados das Forças de Defesa de Israel em águas internacionais. Ao lado de outros 11 ativistas, entre eles Greta Thunberg, foi detido e posteriormente deportado. A experiência, que incluiu prisão e regime de solitária, não arrefeceu sua convicção. Pelo contrário: reforçou a certeza de que a neutralidade, diante da barbárie, também é uma forma de violência.
"Sou pai de uma bebezinha que vai completar 2 anos e tudo que penso é que, para ela, não há nada mais perigoso que viver em uma sociedade que permite genocídios. Toda vez que penso nela ou nas quase um milhão de crianças de Gaza, entendo que qualquer risco vale a pena em nossa geração para garantir um futuro melhor para elas", argumenta Thiago. 
Com os olhos voltados para 2026, Thiago prepara a maior missão humanitária já concebida pela Global Sumud Flotilla, com centenas de barcos, ajuda humanitária em larga escala e equipes internacionais de médicos, construtores e ativistas. Seu desejo não é pessoal, mas coletivo: que o próximo ano seja de mais solidariedade, autodeterminação dos povos e direito à vida plena — para humanos e para a natureza.
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Luiz Lira venceu a primeira edição do reality show Chef de alto nível

Gastronomia de alto nível

Para Luiz Lira, 2025 foi o ano em que a cozinha deixou definitivamente de ser apenas um espaço de criação individual para se tornar uma plataforma de impacto social. Morador do Distrito Federal por escolha e convicção, o chef paulista que já rodou o mundo venceu o reality Chef de alto nível, da TV Globo, levando sua técnica, sensibilidade e identidade para milhões de brasileiros.
Mais do que um título, a vitória simbolizou o reconhecimento de uma trajetória construída entre a alta gastronomia europeia e o compromisso com a formação de novos profissionais no Brasil. "Foi um ano em que pude transformar trajetória em impacto, levando a gastronomia além do prato, como ferramenta de cultura, identidade, inclusão e transformação social", avalia o chef.
Ao optar por fincar raízes em Brasília, Luiz transformou a capital em ponto de partida — e não de passagem. Sua culinária comunica brasilidade, valoriza ingredientes do Cerrado e dialoga com saberes ancestrais. Representar Brasília em rede nacional e colocar a cidade no mapa da gastronomia brasileira foi, para ele, "um gesto de pertencimento e gratidão".
Em paralelo à visibilidade televisiva, 2025 consolidou seu trabalho como educador no Senac Gastronomia, onde dedica energia à formação técnica e humana de futuros cozinheiros. A missão é clara: preparar profissionais conscientes, criativos e conectados ao território em que vivem.
E o horizonte de 2026 aponta para expansão. Luiz está à frente do desenvolvimento de um novo restaurante-escola no Eixo Monumental Norte, em parceria com o Senac Departamento Nacional. O projeto nasce com vocação pedagógica, excelência técnica e profundo respeito à diversidade alimentar do país. Seu objetivo é coletivo: elevar a gastronomia de Brasília, fortalecer a culinária do Centro-Oeste e revelar ao Brasil — e ao mundo — a potência cultural e simbólica do Cerrado.
Patrick Selvatti/CB/DAPress - Virgílio Silva escreve novela Três Graças em estúdio no Sudoeste

Próximo capítulo

Crescido em Campo Azul, no interior de Minas Gerais, onde a televisão sequer chegava, Virgílio Silva encontrou na imaginação um refúgio e um ofício ainda sem nome. Décadas depois, já residente de Brasília, aquela invenção infantil se materializou no auge da teledramaturgia brasileira: Virgílio co-assina, como autor titular, ao lado de Aguinaldo Silva e Zé Dassilva, a novela Três Graças, principal produto do horário nobre da TV Globo.
O ano não foi apenas especial — foi definitivo. Depois de uma trajetória que passou pelo jornalismo, pela reportagem televisiva e pela edição de telejornais no DF, Virgílio consolidou-se como roteirista ao integrar e liderar o time de autores da novela, que estreou com ampla repercussão de público e crítica. "Como a vida não é um caminho reto e previsível, acabamos por adiá-los e, algumas vezes, até desistimos de realizá-los. Não foi o meu caso", resume.
Brasiliense por adoção e por afeto, Virgílio construiu sua vida entre a Asa Norte, Águas Claras, Vicente Pires e os bares que formam o imaginário cultural da cidade. É de um escritório no Sudoeste que ele escreve histórias vistas diariamente por milhões de brasileiros, sem romper o vínculo com a capital que o acolheu ainda menino. Brasília, para ele, é porto seguro — uma cidade que, como suas novelas, não se revela de imediato, mas se oferece por inteiro a quem permanece. "É como uma mãe que abraça e protege o filho, e não o deixa sair mais da barra de sua saia. Eu estou preso à barra da saia de Brasília e não pretendo me desvincular dela", define.
Virgílio garante que vai voar o mundo, dar voltas, mas sempre sabendo que seu porto seguro, seu ninho, é aqui. "Brasília e eu temos algo em comum que é não se abrir de cara para os outros. Nossa capital tem essa singularidade, que é não se deixar amar à primeira vista", derrete-se o jornalista e dramaturgo, cujo sonho ganhou forma em capítulos, personagens e conflitos — e seguirá ecoando muito além do último “FIM”.
Júlia Mataruna/Divulgação -
Thaís Mallon -
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