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Presidente da CUT/DF convoca para ato em defesa da democracia

Em entrevista, Rodrigo Rodrigues falou sobre os três anos dos atos golpistas do 8 de Janeiro e sobre a injustiça social da escala de trabalho 6x1

O presidente da Central Única dos Trabalhadores do DF (CUT/DF), Rodrigo Rodrigues, foi o convidado do CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Às jornalistas Mariana Niederauer e Sibele Negromonte, ele falou sobre as manifestações em favor do veto do PL da Dosimetria, sobre o uso da tecnologia no mundo do trabalho, as discussões da escala 6x1 e o fenômeno da "uberização" do trabalho. Confira os principais pontos da entrevista:

Para a semana que vem, há uma manifestação nacional pelos três anos dos atos do 8 de Janeiro. Como está a organização do evento? 

A Central Única dos Trabalhadores, junto com vários outros movimentos sociais e partidos políticos, está em um processo de organização e mobilização para que a gente faça um ato público na frente do Palácio do Planalto. Vai acontecer um ato oficial do governo, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, com a presença do presidente, autoridades, parlamentares e ministros do Supremo, que representam os Três Poderes que foram atacados no dia 8 de janeiro de 2023. E nós estamos fazendo um ato público, concomitante ao ato oficial. Nós convocamos a população, a militância e todos que defendem a democracia, para que a gente se concentre na frente do Palácio do Planalto. Lá, nós iremos levar como pauta principal a defesa da democracia e também o pedido de veto do PL da Dosimetria, que foi aprovado recentemente pelo Congresso. O PL está com o presidente da República para sanção ou veto. E o nosso pedido é que ele vete integralmente. Nosso movimento será a partir das 10h30 da manhã, na frente do Palácio do Planalto, na Via N1. A nossa intenção é que o Congresso ouça esse recado também.

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Em relação à inteligência artificial, existe uma preocupação da CUT com o avanço do uso da IA no mercado de trabalho? Como isso vem sendo tratado?

O avanço da tecnologia é inexorável, não conseguimos parar esse avanço, que faz parte do próprio processo humano, desde as nossas origens, com a primeira pedra que foi lascada, o domínio de fogo, até o uso dos celulares, que acabam sendo uma das ferramentas mais importantes do nosso dia a dia. Por óbvio, a inteligência artificial tem avançado sobre o mundo do trabalho e tem transformado esse mundo e muitos empregos também. Atualmente, temos muitas profissões que estão sob risco, inclusive, na área de atendimento ao público. Estamos orientando os sindicatos a colocarem nos acordos coletivos os limites do uso da inteligência artificial nas relações de trabalho e, principalmente, protegendo trabalhadores com a manutenção dos seus empregos ou o uso da tecnologia para que melhore a qualidade da prestação do serviço e a qualidade da execução do trabalho. É muito importante que esteja principalmente nas negociações coletivas, que os sindicatos possam fazer acordos que regulamentem o uso de inteligência artificial no trabalho.

Aproveitando o gancho, gostaria que o senhor falasse sobre a pauta da escala 6x1.

A escala 6x1 ganhou muita visibilidade nas redes sociais, mas, na verdade, é uma pauta do movimento sindical há mais de 200 anos. Há muito tempo que o movimento sindical discute a redução da jornada de trabalho. Muitos trabalhadores que hoje não estão em uma profissão regularizada ou que estão até mesmo em um trabalho formal têm jornadas exaustivas. Um exemplo são os trabalhadores da limpeza urbana. Eles trabalham em jornadas longas, muitas vezes sob o sol, de formas insalubres em uma jornada 6 por 1, ou seja, trabalham 6 dias na semana e têm apenas um dia de folga. Esse dia, muitas vezes, é utilizado para você acertar a vida pessoal. No caso das mulheres, é pior ainda, porque muitas vezes recai sobre ela toda a responsabilidade doméstica e de cuidado dos filhos, então acaba virando um dia de fazer faxina, de trabalho doméstico. Estamos discutindo a redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, como um direito da classe trabalhadora. É uma questão de justiça social, que o trabalhador tenha direito ao descanso, tenha direito a cuidar da sua própria vida, sem que, para isso, ele precise usar esse único dia de descanso do trabalho como dia de trabalho também. 

Também temos percebido um fenômeno que tem sido cada vez maior, a 'uberização'. Como é que os sindicatos estão vendo essa questão?

Nós temos como exemplos mais clássicos os motoristas de aplicativo e os entregadores, que são mais visíveis para nós. Esse processo de plataformização tem escapado da regulação das relações de trabalho, principalmente das negociações coletivas. Quando uma plataforma diz que o motorista cadastrado não é um funcionário dela, mas, sim, um parceiro, é uma falácia. É um trabalhador que está precarizado, muitas vezes em jornadas extremamente exaustivas, chegando a 14 até 16 horas de trabalho por dia. Temos tentado fazer a organização de sindicatos que representam esses trabalhadores, mas também é preciso que a gente consiga organizar esses trabalhadores para poder negociar com essas empresas a própria relação de trabalho que é estabelecida por elas.

*Estagiária sob supervisão de Tharsila Prates

Assista à entrevista na íntegra:

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