INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Projeto ensina uso ético e responsável das IAs para estudantes

Iniciativa do "Instituto Integra Mais Um" pretende democratizar o acesso à inteligência artifical com experiências práticas e palestras. Iniciativa é aberta a alunos das redes pública e privada de 13 a 17 anos

Maria Eduarda Lavocat
postado em 28/10/2025 05:00 / atualizado em 28/10/2025 06:16
Os alunos do CEF 27 de Ceilândia assistiram à palestra de Clark Paiva (com microfone), que apresentou os diferentes tipos de IAs -  (crédito: Fotos: Maria Eduarda Lavocat/CB)
Os alunos do CEF 27 de Ceilândia assistiram à palestra de Clark Paiva (com microfone), que apresentou os diferentes tipos de IAs - (crédito: Fotos: Maria Eduarda Lavocat/CB)

A inteligência artificial vem transformando rapidamente o mundo. Em um futuro próximo, compreender o funcionamento das IAs deixará de ser um conhecimento restrito a especialistas para se tornar uma competência essencial. Diante desse cenário, cresce a necessidade de ensinar, desde cedo, crianças e jovens a utilizar essa tecnologia de forma consciente e criativa. Com esse propósito, surgiu o IA nas Escolas, uma iniciativa do "Instituto Integra Mais Um", com apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (Secti-DF).

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

O projeto gratuito, em andamento até 19 de novembro, tem como missão democratizar o acesso à educação digital e despertar o interesse de jovens de 13 a 17 anos pelas áreas de ciência, tecnologia e inovação. A ação também está alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados à educação de qualidade, inovação tecnológica e redução das desigualdades.

Clark Paiva, especialista em tráfego pago e inteligência artificial, é o palestrante e curador da iniciativa. Ele destaca que tudo foi planejado em detalhes para proporcionar uma experiência imersiva. "O objetivo é unir o conteúdo informativo à vivência prática, com cenografia e recursos tecnológicos que façam os alunos se sentirem parte desse universo", explica.

O especialista em tráfego pago e inteligência artificial, Clark Paiva, é o palestrante e curador da iniciativa// IA nas escolas
O especialista em tráfego pago e inteligência artificial Clark Paiva é o palestrante e curador da iniciativa (foto: Maria Eduarda Lavocat)

Ao chegarem ao local, um galpão anexo ao Planetário de Brasília, os estudantes passam por um túnel imersivo e são recepcionados por Iago, um personagem criado especialmente para a iniciativa por meio de inteligência artificial. Durante o percurso, eles acompanham uma linha do tempo que mostra a evolução da IA ao longo dos anos.

No salão principal, os alunos se acomodam em pufes para assistir à palestra de Paiva, que apresenta os diferentes tipos de inteligências artificiais e ensina como utilizá-las de maneira ética e produtiva. "As profissões do futuro estão diretamente ligadas à tecnologia. Há quem diga que é cedo para começar, mas quanto antes esse aprendizado for inserido de forma leve e lúdica, maior será a chance de formarmos verdadeiros gênios da tecnologia", ressalta o especialista.

Aprendizado

Para Isabella Beatrice, professora do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 27 de Ceilândia, que acompanhou suas turmas do 6º ano, o projeto é essencial para que os alunos aprendam não apenas a usar as ferramentas, mas também a fazê-lo com responsabilidade. "Muitos já utilizam a IA para fazer tarefas e trabalhos escolares, mas nem sempre com maturidade. Eles precisam entender que devem estar no controle, e não simplesmente aceitar o que a ferramenta entrega", afirmou.

As professoras do CEF 27 de Ceilândia resolveram levar seus alunos para visitar o projeto IA nas escolas e aprender um pouco mais sobre a tenologia
Izabela Martins e Isabella Beatrice, professoras do CEF 27, elogiaram a iniciativa (foto: Maria Eduarda Lavocat)

Ela reforçou que, na faixa etária dos alunos, a facilidade proporcionada pelas IAs pode, em alguns casos, atrapalhar o aprendizado. "Eles querem tudo pronto. O projeto mostra que a tecnologia deve ser usada como aliada, não como atalho. Achei a iniciativa fantástica, porque amplia a visão deles sobre o verdadeiro papel da inteligência artificial", acrescentou.

A aluna Isabel Vitória, de 12 anos, também do 6º ano, ficou empolgada com a visita. "Achei muito legal e interessante mostrarem pra gente como a inteligência artificial foi feita e tudo mais. Gostei bastante", contou. Ela disse que já havia usado a tecnologia "um pouquinho", mas agora pretende explorar mais. "Acho que vai ajudar bastante. Tem gente que usa só pra fazer tarefa, mas acredito que ela foi feita mesmo pra ajudar a gente a aprender e pesquisar", avaliou.

 Isabel Vitória, de 12 anos, também do 6º ano, ficou empolgada com a visita: "Achei muito interessante"
Isabel Vitória ficou empolgada com a visita e, agora, pretende explorar mais as IAs (foto: Maria Eduarda Lavocat)

Izabela Martins, também docente do CEF 27, levou suas turmas do 6º e 7º ano ao evento. "Achei importante garantir que todos os alunos tivessem acesso a esse tipo de tecnologia, especialmente os que vêm de comunidades carentes. A maioria mora no Sol Nascente e muitos não têm contato com ferramentas como essa. E, quando têm, o uso costuma ser mal-direcionado, por falta de orientação", observou.

Segundo ela, a falta de acesso ainda cria barreiras entre os estudantes e as novas tecnologias. "Quando pedimos trabalhos que envolvem inteligência artificial, alguns dizem que não sabem usar ou que não têm como acessar. O projeto ajuda a quebrar essas barreiras e aproxima os alunos desse universo de forma prática e divertida", assinalou.

Diversão

Após a palestra, foi a hora da diversão. Os estudantes puderam visitar uma exposição de NFTs (Non-Fungible Tokens — tecnologia de autenticação usada para venda de arte digital), participar de um quiz interativo, jogar na área gamer e experimentar a realidade virtual (VR). A estudante Julia Alyce, de 12 anos, contou que a experiência mais marcante foi a do mundo virtual. "Achei muito legal! Parecia que a gente estava dentro do mar, cheio de peixes e areia no chão. Foi incrível", disse, empolgada. Ela também afirmou que pretende usar mais a inteligência artificial nos estudos. "Às vezes a gente não tem ideia de como começar um trabalho, e a IA pode ajudar nisso. Quero testar outras ferramentas para pesquisar e aprender coisas novas", completou.

 Bruna Yasmin destacou o quanto se inspirou com as histórias apresentadas durante a palestra.
Bruna Yasmin destacou o quanto se inspirou com as histórias apresentadas durante a palestra. (foto: Maria Eduarda Lavocat)

Sua colega Bruna Yasmin, da mesma idade, destacou o quanto se inspirou com as histórias apresentadas durante a palestra. "Gostei muito da apresentação, principalmente quando o Clark contou da trajetória dele. Foi inspirador ouvir que não devemos ter vergonha de errar, porque é com os erros que a gente aprende. Achei muito legal", disse.

A estudante Julia Alyce, de 12 anos, contou que a experiência mais marcante foi a do mundo virtual. "Achei muito legal! Parecia que a gente estava dentro do mar"
Julia Alyce disse que "parecia estar dentro do mar" durante a experiência do mundo virtual (foto: Maria Eduarda Lavocat)

Ao fim da programação, todos os adolescentes receberam um kit lanche, além de um kit do Planetário, e seguiram para a visita na cúpula do Planetário de Brasília. Durante os 30 dias de programação, o IA nas Escolas pretende atender cerca de 1.600 estudantes da rede pública do DF, oferecendo transporte e lanche gratuitos. Aos fins de semana e segundas-feiras, o espaço será aberto ao público geral, proporcionando uma experiência completa de aprendizado e lazer tecnológico.

Como participar

As escolas públicas ou particulares interessadas em participar podem agendar a visita pelo e-mail integramaisum@gmail.com ou pelo telefone (61) 98594-9556 (Dilma).

Os alunos assistiram à palestra de Clark Paiva que apresentou os diferentes tipos de inteligências artificiais e explicou como utilizá-las/ IA nas escolas
Os alunos assistiram à palestra de Clark Paiva que apresentou os diferentes tipos de inteligências artificiais e explicou como utilizá-las (foto: Maria Eduarda Lavocat)

 

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação