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Teresa Paneque, astrônoma chilena que atrai meninas à ciência com ficção

Paneque ensina ciência na capital mundial da astronomia, o Chile, com seus inúmeros telescópios instalados no deserto do Atacama, o mais seco do planeta

Atualmente, ela tem 247 mil seguidores no Instagram e 771 mil no TikTok. -  (crédito: Pablo COZZAGLIO / AFP)
Atualmente, ela tem 247 mil seguidores no Instagram e 771 mil no TikTok. - (crédito: Pablo COZZAGLIO / AFP)
Agência France-Presse
postado em 22/11/2023 18:16

Astrônoma e estrela no Instagram e no TikTok, Teresa Paneque é, aos 26 anos, uma das divulgadoras científicas mais populares do Chile. Sua maior contribuição para a ciência é Carlota, uma personagem fictícia que incentiva meninas a se aprofundarem no estudo do universo.

Paneque ensina ciência na capital mundial da astronomia, o Chile, com seus inúmeros telescópios instalados no deserto do Atacama, o mais seco do planeta.

Filha de um bioquímico cubano e uma química farmacêutica chilena, a jovem começou a estudar astronomia aos 16 anos e atualmente faz doutorado na Holanda. 

Ficou conhecida em 2019 por suas publicações nas redes sociais. Com uma linguagem simples, aborda temas como a rotação da Terra, a formação dos planetas ou a chegada do homem à Lua. Atualmente, ela tem 247 mil seguidores no Instagram e 771 mil no TikTok.

A astrônoma chamou a atenção de uma editora, que a convidou para escrever um livro "divertido" sobre o seu tema de estudo. Em 2021 o "El universo según Carlota" ("O universo segundo Carlota", em tradução livre) nasceu. Já são três volumes e cerca de 25 mil exemplares vendidos.

As páginas contam a história de uma menina de 12 anos de cabelos longos que veste um casaco estampado de estrelas. Carlota detestava aulas de ciências, mas acabou se conectando com a imensidão do universo em uma uma feira científica da qual foi obrigada a participar.

"Este livro não é para que todos os meninos e meninas que o leem sejam cientistas. É para eles perceberem que, se quiserem, podem ser", diz Paneque. 

Recentemente nomeada embaixadora da Unicef no Chile, a astrônoma conversou com a AFP em sua passagem por Santiago.

P: Como você chegou à astronomia?

R: Gostava muito de entender nosso entorno. Descobri a física, que usa a matemática como linguagem para prever e modelar a natureza, e isso me pareceu mágico. (...) E dentro da física me pareceu que a astronomia era o mais desafiador, porque ela estuda algo que não podemos tocar, interagir, que não podemos vivenciar a não ser através da luz.

Nos primeiros anos de faculdade, a astrônoma teve apenas professores do sexo masculino: "até que comecei meu mestrado e tive professoras que eram físicas, astrônomas, que eram líderes em suas áreas. (...) Hoje quando penso em quem me inspira na ciência, são minhas professoras".

P: Que mensagem Carlota transmite às meninas?

R: Gostaria que falássemos sobre as mulheres na ciência nos próximos livros. E talvez falemos sobre esta crise de representatividade. (...) Gostaria de poder apresentar estas personagens, estas figuras escondidas ou perdidas, através da Carlota, porque as mulheres sempre estiveram lá, sempre fomos fundamentais.

P: Por que seu interesse pelas mulheres e pela ciência?

R: Porque estatisticamente as mulheres têm metade das respostas, assim como os homens têm a outra metade. Não nos serve uma ciência só de mulheres, não nos serve uma ciência só de homens, e para cada grande ideia que surgiu no século passado, houve provavelmente outra grande ideia de uma mulher que nunca teve a oportunidade, nunca teve a possibilidade de acessar essa educação.

P: Cientista ou divulgadora científica?

R: As pessoas são multidisciplinares. (...) Além das redes, dos livros e da ciência, gostaria muito de poder contribuir com políticas públicas. Tenho uma visão muito crítica quanto à necessidade de promover a educação científica.

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