
Há cerca um século, a Teoria da Relatividade, do físico Albert Einstein, já apontava que o tempo é condicionado a uma série de variáveis, como as próprias forças gravitacionais. A relatividade faz com que seja difícil sincronizar os relógios até mesmo na Terra, imagine em todo o Sistema Solar. A partir dessas indagações, e tendo em vista o avanço das viagens espaciais, cientistas do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) conseguiram responder com precisão uma dúvida de muitos curiosos: que horas são em Marte?
Para o físico Bijunath Patla, do NIST, esse é um passo fundamental para as missões espaciais e vai ajudar a sincronizar a navegação e a comunicação em todo o Sistema Solar. “Esta é a vez em que estivemos mais perto de concretizar a visão da ficção científica de expansão por todo o Sistema Solar”, declarou.
“É bom saber pela primeira vez o que está acontecendo em Marte em termos de tempo. Ninguém sabia disso antes. Isso aprimora nosso conhecimento da própria teoria, a teoria de como os relógios funcionam e a relatividade”, afirmou. “Esses podem parecer conceitos simples, mas podem ser bastante complicados de calcular.”
Relógios dessincronizados
A pesquisa parte de dados já consolidados sobre a duração dos dias e anos em Marte, mais longos que na Terra. O Planeta Vermelho demora cerca de 40 minutos a mais para completar o movimento e rotação em torno do próprio eixo e 687 dias para completar uma volta em torno do Sol, o que equivale a 1,88 ano terrestre. No entanto, os cientistas precisavam ir mais além e entender como os segundos passava no planeta vizinho.
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Para isso, os cientistas precisavam considerar não só a gravidade em Marte, mas a distância em relação ao Sol e a outros planetas, além do padrão orbital. “Sua distância do Sol e sua órbita excêntrica fazem com que as variações no tempo sejam maiores”, explica Patla.
Isso quer dizer que os ponteiros correriam mais rápido em Marte do que na Terra, fazendo com que os relógios ficassem dessincronizados. Segundo a pesquisa, esse avanço dos relógios marcianos é de, em média, 477 microssegundos (ou milionésimos de segundo) por dia. Essa diferença pode variar 226 microssegundos, com diferença mínima de 251 e máxima de 703 microssegundos.
Por que isso importa?
Essa diferença pode parecer insignificante, mas é fundamental para estabelecer uma comunicação precisa. O 5G, por exemplo, deve ter uma precisão de até 0,1 microssegundo para transmissões ao vivo. Já a comunicação entre a Terra e Marte pode sofrer um atraso de 4 a 24 minutos, ou até mais, explica a pesquisa.
“Podem passar décadas até que a superfície de Marte esteja coberta pelas marcas de veículos exploradores, mas já é útil estudar as questões envolvidas no estabelecimento de sistemas de navegação em outros planetas e luas”, aponta Neil Ashby, físico no NIST e um dos responsáveis pela pesquisa. O pesquisador explica que os novos sistemas de navegação vão depender de relógio precisos, assim como ocorre com a ferramenta de GPS atualmente.

Ciência e Saúde
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