MÚSICA

Banda feita por inteligência artificial tem 500 mil ouvintes em um mês

A banda Velvet Sundown lançou dois álbuns simultaneamente em junho

The Velvet Sundown -  (crédito: Reprodução/Instagram)
The Velvet Sundown - (crédito: Reprodução/Instagram)

Imagine a cena: você descobre uma música legal numa plataforma digital. A sonoridade chama atenção e resolve, então, pesquisar a banda. Mas só encontra informações rasas e fotos "estáticas", quase caricatas. Logo percebe: aquelas imagens são releituras de capas clássicas do rock. A banda, ao que tudo indica, nem existe de verdade.

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É o caso da Velvet Sundown, que lançou dois álbuns simultaneamente, cada um com 13 faixas. Em menos de um mês, o grupo fictício ultrapassou os 500 mil ouvintes no Spotify, algo improvável para uma banda nova e desconhecida, sem campanha de marketing visível.

Nas redes, a Velvet Sundown se apresenta como uma banda de “alt-pop cinematográfico e soul analógico dos sonhos”. Mas não há nenhum registro real dos integrantes. Gabe Farrow, Lennie West e Orion “Rio” Del Mar. A banda é verificada no Spotify, mas não há provas de que sejam pessoas reais, pois não é possível encontrar informações reais deles. 

Os álbuns Dust and Silence e Floating on Echoes foram lançados juntos em 5 de junho. São 26 faixas no total. A dúvida que fica: além das imagens nas redes sociais, será que as músicas também foram criadas por inteligência artificial?

A situação não está sendo vista com bons olhos. Nas publicações da banda nas redes sociais, vários comentários questionam o uso de inteligência artificial para criar música e sobre dar preferência aos artistas reais. "Quem quer ouvir uma banda de IA?? Baseado nessas imagens, é exatamente isso que essa 'banda' é", comentou uma internauta. Outro comentário levanta se talvez isso não seja uma estratégia de marketing: "Só estou a rezar para que isto seja uma banda real a usar a IA como uma tática de marketing. Caso contrário, vou ficar tão desiludido com esta porcaria", comentou. 

 

O surgimento de conteúdos musicais criados por inteligência artificial tem chamado atenção. A plataforma Deezer, por exemplo, em comunicado publicado em junho deste ano, deixa claro que os conteúdos 100% gerados por IA disponíveis no streaming devem ficar sinalizados. Além disso, afirmou que cerca de 18% de todo o conteúdo enviado diariamente, em torno de 20 mil faixas, é 100% gerado por inteligência artificial.

"A inteligência artificial não é, por si só, boa ou ruim — mas acreditamos que uma abordagem responsável e transparente é essencial para manter a confiança dos nossos usuários e com a indústria da música. Também reafirmamos nosso compromisso com a proteção dos direitos de artistas e compositores, especialmente em um momento em que as leis de direitos autorais estão sendo questionadas em função do treinamento de modelos de IA", afirmou Alexis Lanternier, CEO da Deezer.

Para preservar a experiência do usuário e a remuneração justa dos artistas, a Deezer afirmou que também está excluindo as faixas 100% geradas por IA das recomendações algorítmicas da plataforma.

postado em 01/07/2025 12:07
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