Cinema

Cine Cultura Liberty Mall reabre as portas após reforma

O Cine Cultura Liberty Mall, um dos poucos espaços para os filmes autorais na cidade, reabre as portas reformado e com o acréscimo de duas galerias de arte

 CINE CULTURA LIBERTY MALL ESTÁ DE CARA NOVA -  (crédito:  Divulgação)
CINE CULTURA LIBERTY MALL ESTÁ DE CARA NOVA - (crédito: Divulgação)

Cinéfilo e empresário do ramo da sétima arte, à frente das salas do Cine Cultura Liberty Mall, Nilson Rodrigues tem enorme motivo para celebração: além de reabrir as quatro salas regulares — com ampla reforma —, ele ainda trará conjugadas duas galerias de arte, com exposições sob curadoria de Wagner Barja, reconhecido artista da capital. Num primeiro momento, o educador Barja, entretanto, responderá pela mostra A disfunção do clipe, disposta no corredor do ambiente, integrada por 15 obras de Sanagê Cardoso.

O responsável pelos aperfeiçoamentos do espaço é "o multifuncional, artista e arquiteto", nas palavras de Rodrigues, Ricardo Luiz Ferreira. "O cinema seguirá com o mesmo propósito: a melhor programação, com diversidade e buscando sempre criar espaços para debates, ampliando a experiência da fruição cinematográfica", destaca o proprietário das salas. "O Cine Cultura Liberty Mall é querido pelos cinéfilos de Brasília, e não havia demandas novas, mas queremos sempre melhorar", explica Nilson Rodrigues.

Com um sistema de som 7.1, "mais moderno, e que propiciará ao espectador ouvir, no detalhe, o desenho de som de cada filme", o cinema contará com projeção digital com suporte de telas perolizadas e novas poltronas, sem contar incrementos na arquitetura e em detalhes de decoração. "Tudo feito para que o espectador tenha todo conforto e qualidade para acompanhar os filmes. Já a ideia das galerias busca ampliar o espaço cultural do cinema. Uma será dedicada à fotografia, na qual homenageamos Luís Humberto, e outra, acolhedora de artes plásticas, na qual homenageamos o grande Francisco Galeno (piauiense radicado em Brazlândia e, morto, no começo de junho). Quem expuser lá terá uma média de 12 mil espectadores por mês, que já frequentam o cinema, para prestigiarem obras de arte", observa Nilson Rodrigues.

No cinema implantado há 13 anos e agora, aprimorado, sob aplicação de montante de R$ 1,25 milhão, a programação trará estreias como a do longa Uma bela vida, do prestigiado grego Costa-Gavras, autor de obras-primas do cinema, entre as quais Z (1969), e Cloud — Nuvem de vingança, o filme indicado pelos japoneses à vaga no Oscar 2025. Já em caráter de pré-estreia estarão A melhor mãe do mundo, de Anna Muylaert, que, em fevereiro, integrou a mostra alemã Berlinale Specials (dedicada a filmes abrangentes em diversidade) e Monsieur Aznavour, filme sobre o célebre cantor (morto há sete anos), e que esteve na competição em quatro categorias do prêmio César (tido como o Oscar francês).

No embalo de um título indissociável ao cinema, Os pássaros é a exposição do artista e arquiteto Fernando Madeira que, na galeria Francisco Galeno, apresentará 19 obras com suporte em pintura-colagem, sob curadoria da pesquisadora Angélica Madeira. Ainda no espírito de comemoração da entrega das quatro salas aos cinéfilos, a curadora (e fotógrafa) Zuleika de Souza dispõe, na sala Luís Humberto (do icônico fotógrafo da capital, morto em 2021), a exposição Tempos de luta, dedicada aos registros de profissionais experientes do porte de Paula Simas, Lula Lopes, Luiza Venturelli, Carlos Moura, Anderson Schneider e André Dusek.

Num casamento entre imagens e sons, o cinema sacramentou os moldes da linguagem corrente (nascida em 1927), daí a naturalidade com que a celebração do renovado Cine Cultura Liberty Mall acopla um concerto, na noite de hoje. A partir das 21h, além de apresentação do violonista Manassés de Souza, os cantores líricos André Alf e Érika Kallina abraçam a apresentação do maestro Joaquim França (ao piano), parceiro artístico de Marie Novion (viola clássica). Como esperado, o cinema pauta a sonoridade do repertório que incluirá músicas de filmes de todas as épocas, num passeio que inclui o nacional (e novo clássico) Ainda estou aqui e obras-primas internacionais como Casablanca.

Curioso dado, na festa do Cine Cultura, é repassado por Nilson Rodrigues, que aponta o aumento no número de salas de cinema no Brasil, depois da pandemia. "O número de ingressos vendidos no país mostra que voltamos ao mesmo patamar que tínhamos antes da pandemia. O segmento da exibição não tem recursos públicos, a fundo perdido, como tem a produção de filmes no Brasil. Portanto, é o ingresso que sustenta a atividade. Se não se sustentar, tem que fechar. Felizmente o público voltou", celebra.

 

 


  • A melhor mãe do mundo, de Anna Muylaert
    A melhor mãe do mundo, de Anna Muylaert Foto: Galeria Distribuidora/ Divulgação
  • Monsieur Aznavour: Tahar Rahim em cena
    Monsieur Aznavour: Tahar Rahim em cena Foto: Imovision/ Divulgação
  •  Escultura Sanagê Cardoso
    Escultura Sanagê Cardoso Foto: Divulgação
  • O Cine Cultura Liberty Mall 
está de cara 
nova depois 
da reforma
    O Cine Cultura Liberty Mall está de cara nova depois da reforma Foto: Divulgação
  • Foto de Kim Ir-Sen dos protestos na Rodoviária  contra o Plano Cruzado 
em 1986, que integra exposição na galeria 
do Cine Cultura
    Foto de Kim Ir-Sen dos protestos na Rodoviária contra o Plano Cruzado em 1986, que integra exposição na galeria do Cine Cultura Foto: R-SE-M-- KN PIRES LEAL/Divulgação
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postado em 17/07/2025 07:01
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