ENTREVISTA

Ascensão do pop japonês, Psychic Fever quer conquistar o mundo

Grupo de J-pop conta ao Correio sobre EP lançado em maio, influências na música, ambição global e deixa recado a artistas e fãs brasileiros 

A boyband japonesa Psychic Fever, parte do supergrupo Exile Tribe, estreou em julho de 2022. Este mês, portanto, completa três anos de atividade intensa com a missão de extrapolar o mercado asiático e atingir fãs do mundo inteiro. Em entrevista exclusiva ao Correio, os sete membros do conjunto, que mistura Y2K (uma espécie de referência aos sons típicos dos anos 2000), R&B e hip-hop em músicas com estilo próprio, falam sobre o caminho que os levou até palcos franceses e americanos, assim como a expectativa para chegarem aos brasileiros.

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Lançado em maio, o single Gelato, que anunciou o EP Psychic file III, do mesmo mês, traduz o sentimento paradoxal de mudança e permanência experienciado no terceiro aniversário. As letras que misturam japonês e inglês refletem, também, a determinação em alcançar, por meio de transmissão de cultura local, espaço cada vez mais global. 

Evolução e Gelato

Trata-se do primeiro trabalho depois de assinarem acordo internacional com a Warner Music Group e depois de se apresentarem pela primeira vez nos Estados Unidos, conforme aponta o rapper Ryushin. “Espero que essa música reflita a evolução pela qual passamos e alcance ainda mais pessoas ao redor do mundo”, pontua. 

O integrante mais novo, o vocalista Weesa, define a canção como uma mistura de “maturidade e frescor, com uma vibe cativante que ainda soa como o Psychic Fever, ao mesmo tempo em que mostra um lado novo da banda.  

Outro responsável pelo rap, Ryoga Nakanishi concorda que Gelato tem “aquela essência” do grupo, “mas também trouxe um vigor de verão e uma atmosfera madura”. Para ele, parece o tipo de música que você gostaria de escutar enquanto dirige durante o pôr do sol”. 

“É uma música romântica e refrescante de verão que derrete no seu coração como o nome”, define o vocalista Kokoro Kohatsu. “Ela mostra um lado mais suave e romântico do Psychic Fever. Espero que os ouvintes possam sentir esse clima leve e apaixonante também.” 

Ryoga finaliza afirmando que “o EP está cheio de elementos com os quais os ouvintes podem se identificar no dia a dia. Segundo ele, além de faixas de verão e canções de amor, músicas dedicadas aos fãs fazem parte da produção. Espero que cada uma delas possa ressoar como uma mensagem para vocês, suas famílias, amigos ou alguém importante para vocês, comenta. “Adoraríamos que as aproveitassem enquanto as conectam aos próprios momentos e emoções diários.” 

Com o Psychic File III, esperamos entregar uma nova versão do Psychic Fever para todos”, sintetiza Weesa. “Se ao menos uma música se tornar a favorita de alguém, isso nos deixaria muito felizes. 

Divulgação - PSYCHIC FEVER

As escolhidas como favoritas 

Se esperam que os fãs escolham as canções prediletas no novo EP, os integrantes do conjunto já elegeram, entre si, as que mais falam com cada um delestodas as quatro faixas foram contempladas. E, se Gelato foi eleita como single, a música que faz mais sucesso dentro da própria banda é Reflection: quatro dos sete membros a definiram como a mais especial. 

“Ela realmente mostra os vocais e o fluxo rítmico”, ressalta o rapper Tsurugi, o mais velho do grupo. “Além disso, a performance no palco é incrivelmente estilosa. Adoraria que todo mundo conferisse!” Ryushin concorda que a coreografia é um dos pontos altos da canção: “Espero que as pessoas prestem atenção na dança também”. 

O beatboxer Ren Watanabe dá destaque à sonoridade de R&B/hip-hop do começo dos anos 2000” que a canção, “cheia de energia e batida contagiante, traz; e o caçula Weesa afirma adorar “a vibe geral” dela. “Cantá-la é uma explosão. Estou realmente animado para performá-la ao vivo.” 

Além de Reflection e Gelato, que foi a escolha de Kokoro, Evolve significa muito para o rapper e compositor Jimmy. “Eu trabalhei no refrão dessa música e, honestamente, foi uma das gravações mais difíceis que já fiz”, conta. “Testei uns três ou quatro microfones diferentes para encontrar o certo e experimentei vários estilos vocais.” 

Por fim, Ryoga elegeu como favorita Promise, canção criada pelo Psychic fever especialmente para os fãs, apelidados de ForEVER que, segundo ele, estão sempre lá para apoiá-los. Ela carrega uma mensagem de sempre permanecer conectados e seguir em frente juntos”, explica. Por isso o nome, que, traduzido ao português, vira ‘promessa’. “É repleta de gratidão por aqueles que nos apoiaram, e de sonhos que compartilharemos com aqueles que ainda vamos encontrar. Espero que se torne significativa para vocês também. 

Personalidades refletidas em gêneros e performances 

A vontade de fazer com que aqueles que os descobrem pela primeira vez os admirem tanto quanto os que já os conhecem há tempos faz com que o Psychic Fever aposte em dedicação e inovação que vão além da música. As sete personalidades e habilidades das mais distintas são expressas não apenas em letras e sonoridades, mas em todo o conjunto que compõe cada lançamento. 

“Sempre nos esforçamos para entregar performances que nenhum outro grupo pode oferecer”, afirma Ren. “Sejam nossas canções, nossas danças ou até mesmo nosso beatboxing, estamos constantemente pesquisando e desenvolvendo ideias completamente novas.”  

A coreografia, por exemplo, é a parte para a qual Ryushin acredita que contribui mais. “Recentemente, os membros do RHT — o grupo do qual eu fazia parte — têm coreografado para nós mais frequentemente, e eu sinto como se fosse capaz de trazer o que eu aprendi originalmente e pratiquei com eles para o Psychic Fever agora”, destaca. “Acho que estou aproveitando bem aquela experiência! 

Foi a dançarina Reina, do RHC — que dança e coreografa para grupos de K-pop como NCT, Stray Kids e ATEEZ —, que idealizou a performance, por exemplo, da favorita Reflection. 

Sobre levar um pedacinho do Japão para cada lugar em que se apresentam, Tsurugi comenta que se sente “incrivelmente orgulhoso”, mas que as ambições são ainda maiores. “Eu realmente consigo sentir que o J-pop está sendo ouvido ao redor do mundo inteiro, e esperamos que nosso som possa contribuir para espalhar a música japonesa globalmente”, comenta.  

Segundo ele, incluir letras em japonês nas canções é uma forma de expressar essa identidade. O single Just like dat, parceria de 2024 com o rapper JP THE WAVY que tem mais de 15 milhões de reproduções só no Spotify, por exemplo, traz, além da língua materna misturada ao inglês, a cultura do país onde nasceram os sete integrantes.  

O rapper deixa claro, porém, que o objetivo deles é “apresentar uma música que não tenha gênero e seja repleta de diversidade”. 

Kokoro concorda. “O fato de sermos do Japão é algo sobre o qual podemos nos debruçar mais no futuro, mas por enquanto estamos focados em buscar constantemente nosso estilo próprio e único por meio de nossas músicas e performances”, revela. “Sempre estamos pensando em como as sete personalidades distintas no nosso grupo podem se unir, e planejamos continuar nos desafiando com uma variedade de gêneros e estilos de performance.” 

Ryoga acrescenta que o estilo musical do grupo “foi naturalmente tomando forma, pouco a pouco, durante toda a jornada desde a estreia”. Ao incorporar elementos do estilo Y2K, bem como do R&B e do hip-hop, eles conseguem “desenvolver um som e uma visão de mundo que é distintamente” só deles: “Colocamos grande ênfase no conceito por trás de cada música”. 

Galhos cada vez mais longos 

Influenciado pela estética e pelo cenário musical dos anos 2000, portanto, o conjunto compartilha referências e inspirações que vão além do arquipélago asiático e vêm de muito antes da chegada do sucesso. 

Começamos a dançar e nos interessamos por música pela primeira vez durante a era Y2K”, relembra Jimmy. “Artistas como Usher, Ne-Yo e TLC foram grande parte daquela época. Então esse som parece bem natural para a gente e é quase como se fosse nossas raízes. Por isso, reinterpretar aquela era e expressá-la por meio do Psychic Fever agora nos permite oferecer algo diferente e novo.” 

Para além dos modelos ocidentais, o rapper destaca a influência do conjunto japonês Exile, um dos principais nomes do pop do país, na ativa desde 2001, na música que produzem. “Aprendemos muito com as performances, a expressividade e a dedicação deles ao entretenimento”, enfatiza. “Temos profundo respeito tanto pelas habilidades de dança quanto pelos vocais deles, e eles definitivamente formaram a base de quem somos hoje.” 

As raízes culturais diversas do Psychic Fever, portanto, os fazem buscar galhos mais longos e mais frutíferos, que atinjam o mundo todo e cheguem, inclusive, até o Brasil. Perguntados sobre artistas brasileiros com quem gostariam de colaborar, Jimmy menciona Anitta: “Acho que ela é uma artista incrivelmente cativante, e já que colaborar com artistas femininas é raro para o nosso grupo, eu adoraria que encarássemos esse desafio”.  

Para Weesa, seria emocionante, divertido e único se DJs brasileiros incríveis como Alok tivessem a oportunidade de remixar músicas do Psychic Fever”. 

Ryushin amplifica o desejo principal do restante do grupo: “Estamos determinados a levar nosso desafio rumo ao palco global ainda mais longe, e esperamos que esse sentimento de ambição chegue a todos que estão nos ouvindo”. 

Números exorbitantes e conquista do mundo

Com mais de 2,3 milhões de seguidores nas redes sociais e cerca de 217 mil ouvintes mensais no Spotify, eles parecem estar perto de alcançar o sonho. Em 2022, ano em que debutaram, ganharam, na Coreia do Sul, a categoria ‘Next Generation Global’ do Genie Music Awards — premiação de uma das plataformas de música mais usadas por sul-coreanos e que deu troféus aos principais nomes do K-pop ao longo dos anos —; e, em 2024, receberam, na China, o prêmio de melhor novo artista da Weibo. 

No mesmo ano, se apresentaram em Paris; e, em fevereiro de 2025, concluíram a primeira turnê fora da Ásia, nos Estados Unidos. Lá, em março, subiram ao palco do festival South by Southwest (SXSW), um dos mais importantes do Texas. 

Para as apresentações, seja em casa ou fora dela, Kokoro revela que não há “fórmula única”. Segundo ele, como as setlists são diferentes a depender da estação do ano ou do tipo de show, as performances “sempre mudam com base no momento”. 

Tsurugi acrescenta à equação o fato de valorizarem a cultura de cada país que visitam. “Ao nos comunicarmos com o público local, conseguimos atualizar e evoluir nossas performances”, afirma. “É por isso que cada país traz algo diferente, e a performance se torna uma experiência inigualável naquele lugar específico.” 

Divulgação - PSYCHIC FEVER

E o Brasil? 

“Eu definitivamente quero me apresentar no Brasil, e eu amaria experenciar a cultura, a culinária e a atmosfera em primeira mão”, assegura Ren. “Eu também quero compartilhar nossas performances e entretenimento com os brasileiros e fazer com que mais pessoas possam nos conhecer.” 

“Embora não tenhamos nenhum plano confirmado de nos apresentar no Brasil por agora, é um sonho que absolutamente queremos alcançar um dia”, esclarece Kokoro. “Eu ficaria muito feliz se vocês pudessem ansiar por esse dia com a gente!” 

“Nós realmente esperamos nos apresentar no Brasil um dia”, confirma Tsurugi. “Por favor, aguardem!” 

Ryoga garante que o Psychic Fever sempre vê as mensagens de ForEVER brasileiros nas redes sociais. “Elas significam muito para nós, de verdade, afirma. “Muito obrigada pelo amor e pelo apoio constantes. Continuaremos trabalhando duro conseguir tornar nosso sonho de nos apresentar no Brasil realidade. Estamos mesmo ansiosos para o dia em que poderemos finalmente vê-los cara a cara.” 

De verdade, não podemos esperar para encontrá-los pessoalmente”, reforça Weesa. “Se tivermos a oportunidade, adoraríamos que vocês fossem, aproveitassem o show e se divertissem bastante com a gente!” 

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Divulgação - PSYCHIC FEVER
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