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Capoeiras aborda a expressão cultural, candomblé e questões raciais

Estrelada por Raphael Logam e Sérgio Malheiros, os seis episódios de Capoeiras, nova produção nacional da Disney, já estão disponíveis no streaming

Série dá visibilidade para a capoeira, o candomblé e questões raciais -  (crédito: Fotos: Laura Campanella)
Série dá visibilidade para a capoeira, o candomblé e questões raciais - (crédito: Fotos: Laura Campanella)

A série se passa no Rio de Janeiro, em 1971, quando Veneno e Noivo, dois garotos capoeiristas e grandes amigos, presenciam uma batida policial que resulta na morte do mestre Vendaval e de um dos policiais. Jovens, os dois mantêm segredos e não se falam por 17 anos, até que Veneno entra em um clube de lutas clandestinas sem saber que o seu adversário final será Noivo, que volta para o Rio para evitar outra tragédia que previu em uma das suas visões. O elenco da série Capoeiras, que estreou na última sexta-feira, inclui Juliana Alves, Dhara Lopes, Rodrigo de Odé e Bruno Gissoni.

Além de interpretar Veneno, um dos protagonistas, Raphael Logam trabalhou como produtor associado no seriado. O ator é mestre de capoeira e aluno de Nestor Capoeira — autor do livro A balada de Noivo-da-vida e Veneno-da-madrugada, em que a série foi baseada — há 37 anos. Para a Revista do Correio, Logam caracteriza a série como o trabalho mais importante da vida dele. "Eu vinha tentando viabilizar esse projeto há 20 anos, porque é um romance do meu mestre de capoeira, e, finalmente, encontrei as pessoas certas: a Disney, Sérgio Malheiros, Tomás Portella e Eliana Alves Cruz (criadores da série), a equipe inteira. Então, mergulhei de cabeça, literalmente, fiquei totalmente entregue a esse projeto", explica o artista.

Sérgio Malheiros destaca a abordagem da série para diversos assuntos importantes: o primeiro é o elenco majoritariamente negro. "Eu comecei na televisão nos anos 1990, um momento em que a gente não tinha espaço nenhum. Hoje, a gente ter um espaço gigantesco num canal tão grande, internacional, é realmente uma conquista incrível", enfatiza.

Duas paixões em uma

Além disso, a produção dá visibilidade para a capoeira e o candomblé, de maneira delicada, respeitosa e autêntica. "Todo capoeirista e ator tem o sonho de juntar essas duas paixões num lugar só e conseguir ver todo o seu potencial ali na tela. E a série também traz visibilidade para uma religião que foi perseguida durante muitos anos e que ainda sofre muito preconceito. Eu fico muito feliz de estar num projeto desse", completa o ator. 

Ao lado de Michel Lopes, Raphael Logam também coreografou as cenas de luta da produção. Sérgio Malheiros também é capoeirista, e esse foi um dos principais motivos da escolha do ator para a produção. "A gente treinou bastante essa parte física. Foi, entre milhões de aspas, a parte mais fácil, porque a gente já estava bem preparado há muitos anos. Parece que a gente veio se preparando a vida toda para fazer essa série", destaca Logam.

"Essa é uma série muito brasileira", ambos os atores concordam. Para Malheiros, a luta, a religião, o elenco e as tradições abordadas têm a cara do povo brasileiro, e a plataforma internacional em que ela foi lançada tem o potencial de apresentar a cultura nacional para o mundo. "Eu acho que quando a gente fala da gente mesmo de uma forma muito sincera, aquele produto se torna universal, porque as questões que a gente vive internamente são meio parecidas em todo lugar do mundo", adiciona o ator.

Logam conta que, antes de ser ator, ele é capoeirista, e que têm alunos espalhados por toda a Europa. "Eles admiram muito a nossa cultura, isso mostra o poder que a capoeira tem", completa. O ator também espera que a capoeira seja mais falada em produções nacionais, visto que a série traz apenas um recorte de época. "Se todo mundo quiser falar sobre, você pode pegar qualquer época dela e fazer várias séries e filmes, porque a capoeira merece muito. A capoeira e o candomblé conseguiram alcançar a Disney. E isso é um prazer, é uma coisa que faz a gente se emocionar muito" finaliza Logam.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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postado em 31/08/2025 06:00
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