Artes visuais

Finca-Pé: Antônio Obá explora memórias e ciclos da natureza em mostra no CCBB

Exposição de Antônio Obá no CCBB reúne obras que falam da relação do artista com o Cerrado e com a ancestralidade

Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de AntÎnio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
 -  (crédito: Divulgação)
Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de AntÃŽnio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. - (crédito: Divulgação)

A terra, para o artista plástico Antônio Obá, pode ser uma multitude de coisas. A depender da perspectiva, pode ser o chão no qual se pisa, o planeta habitado, a pátria ou, num olhar mais local, uma cidade, bairro e até casa. Foi de todas essas noções, permeadas por uma poética própria, que o artista quis falar na exposição Finca-Pé: Estórias da terra, em cartaz a partir de hoje no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Obá explica que, ao pensar em um recorte para a exposição, cuja curadoria é de Fabiana Lopes, quis destacar uma pequena parte de todo um percurso percorrido nas últimas duas décadas. "Chegamos a um conceito que contempla um percurso de pesquisa em algumas áreas que têm me interessado", avisa. A ligação visceral com a terra é uma delas. "Porém, a terra enquanto esse elemento que é tanto matéria, quanto espaço geográfico, que é planeta Terra também, onde a gente nasce, se desenvolve e morre, e a terra utópica, imaginária, o locus de criação artística", explica. O discurso, ele avisa, não é somente geográfico e ambiental, mas também metafísico e existencial.

Essa combinação aparece com impacto em Ka'a pora, instalação formada por 24 esculturas de pés em bronze que recebe os visitantes. Para criar a obra, Obá moldou, em bronze, numa declaração de pertencimento, os próprios pés, assim como galhos do cerrado. "Essa instalação foi a imagem motriz do conceito da exposição", avisa. "Ela tem uma associação com uma vida natural e decorreu de uma observação e de uma situação de estar presente fisicamente neste lugar, observando a paisagem de Brasília, essa solitude panorâmica e como isso me faz bem." Obá gosta de pedalar horas a fio sozinho enquanto observa a paisagem. 

Um dia, se viu mergulhado no fascínio pelos troncos queimados do Cerrado, tocos aparentemente mortos, mas capazes de verdejar com a chegada da chuva. Ficou então com vontade de falar dessa sina cíclica da natureza, o que inclui todos os seres, inclusive os humanos. "Pensei em quantos ciclos de vida e morte não passamos e passaremos estando sobre a terra. A instalação é um ser humano que se encanta com a natureza", conta, ao se lembrar de personagem de Guimarães Rosa no conto Meu tio o Iauaretê, que se define "eu onça". Numa licença poética, ele se imagina 'eu árvore'. "Ela passa pelos ciclos e seca, frutifica, e nós também, do ponto de vista psicológico." Ka'a pora, o nome da obra, é a junção de duas palavras do tupi usadas para designar "habitante da terra". Tem, na visão do artista, um trato direto com o chão, a terra mãe, a ideia de sustento e firmeza. E também remete ao Curupira, a figura mitológica das lendas amazônicas cujo pé invertido ajuda a proteger a floresta.  

A exposição navega ainda pelas pinturas de Obá, obras pelas quais o artista ficou mais conhecido recentemente. Há trabalhos nos quais os personagens remetem diretamente ao Cerrado tão caro ao artista, que hoje tem obras na Pinacoteca de São Paulo, no MAM/SP, no Reina Sofia (Espanha), no MAM/RJ, na Coleção Pinault (França), na Tate Modern (Londres), mas prefere sempre fincar os pés em Vicente Pires, onde mantém residência e ateliê. Nascido em Ceilândia, há 42 anos, Obá formou-se em artes plásticas na Faculdade Dulcina de Moraes e teve um início de carreira muito ancorado em performances nas quais refletia sobre a ancestralidade e a herança cultural afro-brasileira. Ganhou visibilidade em um universo maior em 2022, quando o Fantástico mostrou algumas das obras de uma exposição que realizou em Nova York. Obá foi apresentado como o artista que saiu da periferia de Brasília para o mundo, mas há muito ele já estava na estrada da arte internacional. Filho de um entregador de gás e de uma cozinheira, o ceilandense também foi professor enquanto se dedicava a uma produção cujas bases sempre foram a pintura e a performance. 

Na exposição no CCBB, ele retoma um pouco essa origem com Encantado, registro de uma performance realizada em 2024 e que consiste no que Obá chama de "resgate dessa imagem do caminhante". Caminho, para ele, não é apenas uma trajetória geográfica, mas também uma viagem para dentro, uma interiorização seguida da transformação do indivíduo. "É a imagem do caminhante, do eremita, do peregrino, são arquétipos muito dados na figura que está cumprindo esse caminho e que exalta esse caminho como uma possibilidade de transformação. Tem muito a ideia de uma grande referência que tem acompanhado toda essa pesquisa que é o Guimarães Rosa. Em Grande sertão: veredas, ele transforma o lugar geográfico em lugar interior", explica o artista, que filmou a performance no Altiplano Leste. 

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Além de três pinturas inéditas criadas para a exposição e da série Crianças de coral (2024-2025), uma composição de 12 retratos em carvão sobre tela, Obá também faz uma homenagem ao artista Marco Siqueira, que participa da mostra com obras criadas a partir de matérias-primas como a terra, da qual extrai os pigmentos para pintar. "São pinturas que remetem a toda uma memória afetiva, familiar, como lidar com a terra. Ele é brigadista, já foi jardineiro. Tem um arcabouço formado de trabalho e também é um artista da terra, do cerrado", avisa Obá. 

Finca-Pé: Estórias da terra

Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.

 


  • Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Diego Bresani
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Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Diego Bresani
  • Finca-Pé: Estórias da terraw Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terraw Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Antônio Obá/Divulgação
  • Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Lino Valente
  • Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Lino Valente/Divulgação
  • Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Bruno Leão
  • Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Lino Valente
  • Finca-Pé: Estórias da terra
Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    Finca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Divulgação
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Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em  www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre.
    inca-Pé: Estórias da terra Exposição de Antônio Obá. Curadoria: Fabiana Lopes. Abertura hoje e visitação até 23 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso em www.bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília. Classificação indicativa livre. Foto: Divulgação
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postado em 23/09/2025 04:07
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