
O 58° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi encerrado neste sábado (20/9), com a cerimônia de entrega dos troféus candango no Cine Brasília. O destaque da noite foi Futuro, futuro, do diretor gaúcho Davi Pretto, consagrado com o prêmio de Melhor longa-metragem pelo júri oficial. O cineasta também levou para casa as estatuetas de Melhor roteiro, Melhor montagem e Menção honrosa do júri, para Zé Maria Pescador.
Ao fim da cerimônia, Davi se mostrou surpreso com a vitória. “A gente não estava imaginando. Eu vi todos os filmes desde o começo e foi uma mostra muito forte e especial. Eu fiquei muito emocionado com tudo que eu vi, com tanto cinema diferente que eu vi”, afirmou o cineasta.
“Futuro, futuro é um filme pequeno e arriscado, então a gente espera que esse prêmio faça nosso longa andar por esse país, chegar em salas, ir para outros festivais”, torceu.
José Eduardo Belmonte, por sua vez, conquistou a estatueta de Melhor longa-metragem pelo júri popular com o longa Assalto à brasileira, além dos prêmios de Melhor ator, para Murilo Benício, e Melhor ator coadjuvante, para Christian Malheiros. Formado pela Universidade de Brasília (UnB), o cineasta também foi laureado com o troféu Saruê, concedido pelo Correio ao melhor momento do festival.
“Vencer o júri popular é muito importante, porque esse filme busca uma nova forma de dialogar com o público, um novo tipo de tema comercial, que também gera uma reflexão e um entretenimento de impacto. É uma confirmação muito importante com um público de muita tradição, muito político, com muito discernimento. É uma honra”, declarou o cineasta.
“Tudo me comoveu hoje, começando pelo troféu Saruê. Eu fui criado nesse lugar, decidi fazer cinema nessa sala. Estou muito feliz”, acrescentou Belmonte.
Nos curtas-metragens, Laudelina e a felicidade guerreira, da diretora Milena Manfredini, foi o vencedor de Melhor curta pelo júri oficial da Mostra Competitiva Nacional. Couraça, de Susan Kalik e Daniel Arcades, foi consagrado com o prêmio de Melhor curta-metragem pelo júri popular.
Muito emocionada, Susan Kalik compartilhou ao Correio a sua felicidade com o reconhecimento do público. “O prêmio do Júri Popular é um prêmio de afeto. É um prêmio de alguém que assistiu, gostou, se sentiu tocada e votou no filme”, destaca. “A gente conseguiu olhar no olhinho de alguém e essa pessoa se emocionou com essa história, com a forma como a gente contou. Obrigada a todo mundo que curtiu e demonstrou seu carinho pelo filme”, finalizou a diretora.
- Leia também: Festival de Brasília homenageia legado de cineastas
Na mostra Brasília, premiação que celebra produções candangas, os grandes vencedores foram os documentários Maré viva, maré morta, de Cláudia Daibert e Rainha, de Raul Lima. O filme de Cláudia ganhou as estatuetas de Melhor longa pelo Júri oficial e popular e Melhor edição de som, enquanto a produção de Raul levou os prêmios de Melhor montagem, Melhor trilha sonora e Melhor curta-metragem pelo júri popular. Já o júri oficial elegeu o curta Três, de Lila Foster, como o melhor da noite.
Homenageada da edição
Ao final da cerimônia, foi prestado um tributo à Fernanda Montenegro, grande homenageada da edição. Premiada no 1° Festival de Cinema com o troféu de Melhor atriz por A falecida, a artista não pôde comparecer ao evento, porém enviou um vídeo de agradecimento, que foi transmitido na sala Vladimir Carvalho.
“Senhoras e senhores, eu fui devota do cinema desde criança. Na minha extrema meninice e juventude, a viagem mais esperada era o sonho de ir ao cinema, se possível três vezes por semana. Poder viajar deslumbrada por aqueles sonhos através daquelas imensas telas iluminadas”, lembrou Fernanda.
“Shakespeare diz que a vida é feita de sonhos e eu acho que minha vocação de atriz veio à tona graças a essas viagens que foram os filmes da minha infância e da minha adolescência. Filmes que me sensibilizaram, contaminaram e me encorajaram a ser atriz. Hoje, ainda que com quase 100 anos de idade, é um milagre e a realização de um sonho que eu tenha estado presente como atriz em 40 filmes brasileiros. É uma vida. E, pelo carinho tão generoso que estou recebendo nesse grande festival, o meu agradecimento”, finalizou a homenageada.
O pontapé inicial do 58° Festival de Cinema foi dado no dia 12 de setembro, com exibição do filme O agente secreto. O cineasta Kleber Mendonça Filho esteve presente em duas sessões lotadas do longa, em que o público brasiliense assistiu à produção em primeira mão. A obra protagonizada por Wagner Moura tem previsão de estreia para 6 de novembro.
Confira a lista completa de premiados na 58° edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:
Mostra Competitiva Nacional
Curta-metragem
- Melhor montagem: Laudelina e a felicidade guerreira, de Milena Manfredini
- Melhor edição de som: Replika, de Piratá Waurá e Helisa Passos
- Melhor trilha sonora: Paulo Gama (Ajude os menor)
- Melhor direção de arte: Rosana Urbes (Safo)
- Melhor fotografia: Daniel Tancredi (A pele do ouro)
- Melhor ator: Os 4 “Menor” (Ajude os menor)
- Melhor atriz: Laís Machado (Couraça)
- Melhor roteiro: Patri, Marcela Ulhôa, Daniel Tancredi e Yare Perdomo (A pele do ouro)
- Melhor direção: Piratá Waurá e Heloísa Passos (Replika)
- Melhor curta-metragem (Júri Oficial): Laudelina e a felicidade guerreira, de Milena Manfredini
- Melhor curta-metragem (Júri Popular): Couraça, de Susan Kalil
Longa-metragem
- Melhor montagem: Bruno Carboni (Futuro futuro)
- Melhor edição de som: Bruno Alves (Corpo da paz)
- Melhor trilha sonora: Haley Guimarães (Corpo da paz)
- Melhor direção de arte: Romero Sousa (Corpo da paz)
- Melhor fotografia: Rodolpho Barros (Corpo da paz)
- Melhor ator: Murilo Benício (Assalto à brasileira)
- Melhor atriz: Dhara Lopes (Quatro meninas)
- Melhor ator coadjuvante: Christian Malheiros (Assalto à brasileira)
- Melhor atriz coadjuvante: Maria Ibrain (Quatro meninas)
- Melhor roteiro: Davi Pretto (Futuro futuro)
- Melhor direção: Karol Maia (Aqui não entra luz)
- Melhor longa-metragem (Júri Oficial): Futuro futuro, de Davi Pretto
- Melhor longa-metragem (Júri Popular): Assalto à brasileira, de José Eduardo Belmonte
- Prêmio especial do júri: Quatro meninas, de Karen Suzane
- Menção honrosa do júri: Zé Maria Pescador (Futuro futuro)
Mostra Brasília
- Prêmio SESC-DF de Cinema: Maré viva, maré morta, de Cláudia Daibert; Rainha, de Raul de Lima; Dois turnos, de Pedro Leitão; e O cheiro do seu cabelo, de Clara Maria Matos
- Melhor montagem: Raul de Lima (Rainha)
- Melhor edição de som: Olivia Hernandez (Maré viva, maré morta)
- Melhor trilha sonora: C-Afrobrasil (Rainha)
- Melhor direção de arte: Douglas Queiroz (A última noite da rádio)
- Melhor fotografia: Elder Miranda Jr (Dois turnos)
- Melhor ator: Leonardo Vieira Teles (A última noite da rádio)
- Melhor atriz: Tuanny de Araújo (Terra e notas sobre a identidade)
- Melhor roteiro: Clara Maria Matos (O cheiro do seu cabelo)
- Melhor direção: Edileuza Penha e Edymara Diniz (Vozes e vãos)
- Melhor curta-metragem (Júri Oficial): Rainha, de Raul de Lima
- Melhor curta-metragem (Júri Popular): Três, de Lila Foster
- Melhor longa-metragem (Júri Oficial): Maré viva, maré morta, de Cláudia Daibert
- Melhor longa-metragem (Júri Popular): Maré viva, maré morta, de Cláudia Daibert
Diversão e Arte
Diversão e Arte
Diversão e Arte