Dança

Giséle Santoro, a mestra da dança

Gisèle Santoro, bailarina, morreu na noite desta quinta-feira. A carioca deixa um legado de tradição nas artes do Distrito Federal

Álbum de casamento:  
Gisele Santoro com 
o amigo Vinicius de Moraes  -  (crédito: Arquivo Pessoal)
Álbum de casamento: Gisele Santoro com o amigo Vinicius de Moraes - (crédito: Arquivo Pessoal)

A bailarina, coreógrafa e professora Gisèle Santoro morreu na noite desta quinta-feira, aos 86 anos, após uma parada cardíaca. Ela estava internada no Hospital Santa Helena, na Asa Norte, desde segunda-feira (6). Gisèle será velada no foyer do Teatro Nacional Cláudio Santoro, a partir das 10h de hoje. O enterro será às 16h, no Campo da Boa Esperança. 

Nascida em 11 de março de 1939 no Rio de Janeiro, Gisèle Loïse Portinho Serzedello Corrêa carregou a veia artística da família. Vem de uma família de artistas: os pais tocavam piano; a tia-avó pintava e cantava ópera; o tio-avô, poeta; a irmã também tinha habilidade no canto. Começou a estudar piano aos seis anos, e, com o ouvido absoluto, tinha habilidade destacada.

Aos 18 anos, Gisèle fez o exame de admissão ao penúltimo ano do curso de formação na Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje chamada de Escola Maria Olenewa. Forma-se pouco depois, aos 19 anos de idade.

Quatro anos depois, acompanhou a russa Eugenia Feodorova, então diretora da instituição, e passou a integrar o corpo da Fundação Brasileira de Ballet, ao lado de outros bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1962, a carioca chega a Brasília com o grupo de Feodorova, para dançar ao som dos Prelúdios de Claudio Santoro. Os dois se conheceram na inauguração da capital e Claudio viria a ser um dos personagens mais importantes de sua vida.

Nesse momento, Gisèle retornou ao Rio de Janeiro, e alguns meses depois, se separou do primeiro marido, Oscar Castro Neves, com quem estava desde seus 18 anos. No ano seguinte, em 1963, viaja aos Estados Unidos e à Europa com Santoro, em missão para conseguir doações de instrumentos, gravações e partituras para o recém-fundado Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB). Na volta, muda-se de forma permanente para Brasília, para viver com o marido.

Durante a ditadura militar, Claudio havia pedido demissão da Universidade de Brasília e o casal voltou ao Rio de Janeiro após terem o apartamento onde viviam invadido por militares, em 1966. A partir desse momento, Gisèle e Claudio passam um bom tempo em exílio na Europa. Moram na Berlim Ocidental, em Paris e, em 1970, alocam-se na Alemanha. Gisèle faz audição para o balé do Teatro Municipal de Heidelberg, onde fica até 1977; funda também uma escola de dança no país.

O retorno à capital veio em 1978 com o convite para inauguração do Teatro Nacional onde o casal iria ajudar a estabelecer a orquestra, coro e outros departamentos da instituição. Em entrevista ao Correio, neste ano, revelou que o concerto regido por Claudio que guarda na memória é, justamente, o da abertura do Teatro.

Atualmente, o Teatro Nacional, que fechou em 2014 e reabriu em 2024, leva o nome de seu companheiro. No evento de reabertura, a bailarina compartilhou sua emoção em entrevista ao Correio. "É indescritível, porque o teatro foi inaugurado pelo meu marido e hoje em dia tem o nome dele. A gente se dedicou muito a essa obra, que para nós é uma das coisas mais importantes de Brasília. Toda grande capital no mundo pode se gabar de ter um teatro nacional para as grandes produções musicais, operísticas, teatrais. E Brasília tem esse teatro", comentou.

Também na reabertura, a bailarina destacou a importância de ter pessoas da arte na organização do espaço. "Qualquer reforma que a gente faça, o primeiro é consultar nós que trabalhamos aqui dentro. Porque nós sabemos o que que a gente precisa, o que que um bailarino precisa, o que um músico precisa, o que um ator precisa. Não adianta ele ser lindo por fora. E depois que você chegar lá, você não consegue fazer nada", reforçou.

No evento, Chitãozinho e Xororó foram ao show da noite e Gisèle criticou a decisão. "Chitãozinho e Xororó podem ser maravilhosos, mas não têm nada a ver conosco. Um teatro como esse é dedicado à composição erudita. Não é para música popular. Essas coisas, infelizmente, acontecem porque não se dá valor suficiente à cultura", ressaltou.

Gisèle também tem grandes feitos na capital. A bailarina foi contratada pela Fundação Educacional do DF para organizar a futura Escola Profissional de Dança. Na cidade, foi responsável pela criação do Seminário Internacional de Dança de Brasília e da Mostra de Dança de Brasília.

Entre a atuação no Distrito Federal, Gisèle exalta também as três edições do Gente como a Gente, dedicado a pessoas com deficiência e o Arte nos Trilhos, exposições e miniapresentações no metrô, feitas de 2010 a 2019. Além disso, destaca os aulões de dança promovidos entre 2009 e 2018; o Dia Internacional da, de 2007 e 2019, e o Brasília Dança!, concurso com júri popular realizado entre 2004 e 2019.

Em 2025, Gisèle Santoro celebrou 70 anos de carreira. Em homenagem, o Centro Cultural do Banco do Brasil realizou a 16ª Mostra Brasília, com programação composta por bate-papo com profissionais a respeito da dança do DF, workshops e atrações de dança, formada completamente por artistas do Distrito Federal. Ao Correio, descreveu a oportunidade como uma "emoção indescritível".

Sonora preservação

Uma mulher forte e enérgica: é assim que o cineasta John Howard Szerman descreve Gisèle, a quem ele recorreu para a realização do longa Santoro: O homem e sua música, há 10 anos, premiado como melhor filme e pela melhor direção, na Mostra Brasília do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. "Conheci o Claudio (Santoro) no Rio de Janeiro; era uma figura maravilhosa. Certa vez, a Gisèle me disse, preocupada, que, cada vez menos gente procurava material para a execução das obras dele. Eu já havia feito um vídeo para ela sobre uma montagem de O rapto do Papai Noel. Nisso, seguimos para a realização do longa", conta o cineasta.

Músico que estudou em conservatório, Howard teve várias reuniões com Gisèle a fim de pegar partituras e discutir. "Ela era muito organizada, mas sofria com desafios como o de tentar restaurar fitas antigas do Claudio, e transformá-las em material iconográfico. Gisèle também me contou ainda da passagem dele pela União Soviética e das perseguições como as relacionadas ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social)", relembra.

Além da dedicação enorme, John conta do comprometimento "fantástico, com posturas muito fortes e claras", enquanto lembra de Gisèle. "Ela perpetuou o lado de esquerda do marido, e até foram geradas inimizades com músicos cujas obras eram contrárias em termos de visão artística às do Claudio (afeito ao diferenciado sistema do dodecafonismo). Gisèle foi um bastião não apenas durante a vida do marido — e ela teve muito amor dos filhos Raffa, Alessandro e Giselinha", conclui.

Depoimentos, *Colaboraram João Pedro Carvalho e Ricardo Daehn

  • PAULA SAYÃO, ex-aluna de Gisèle:

Desde os 18 anos vivi sob o olhar exigente e amoroso de Gisèle Santoro. Aulas longas, intensas, que foram muito além do ballet — foram lições de vida. Ela me ensinou hierarquia, resiliência e disciplina. Foi rígida como a escola clássica exige, mas sempre acolhedora.

Sabia o momento de corrigir e o instante de abraçar. Com ela, aprendi o que mais amo fazer: dançar. E isso é o presente mais valioso que alguém pode deixar. 

Ela dizia que éramos filhas dela da Dança. E éramos. Porque cada uma de nós carrega seu olhar, seu rigor e sua paixão. Gisèle foi força, arte e mulher —símbolo de coragem e amor pela cultura. Pra sempre, minha mestra. 

Tive a chance de me despedir dela ontem antes dela ir embora. Desde 2h, estamos acompanhando o resultado da parada cardíaca. Mas já esperávamos que seria irreversível pela gravidade do acidente. 

  • MARCOS LINHARES, amigo pessoal e ex-assessor de imprensa de Gisèle por 20 anos: 

Tivemos uma relação muito próxima. Fui assessor de imprensa dela por 20 anos e amigo até o final. Algumas vezes íamos ao cinema, ela adorava todas as artes. Eu fui me despedir dela ainda no hospital. Foi e continua sendo uma grande perda, mas ela descansou, foi uma guerreira e viveu intensamente. Nunca se curvou a nada e a ninguém. Deixa um legado imenso.

Ajudou a mudar a imagem do balé e dança brasileira no mundo. Por décadas o seu singular Seminário Internacional de Dança de Brasília propiciou torcas de experiências incríveis e ofereceu bolsas para prestigiosas companhias de dança do mundo. O mundo da dança veio para Brasília, ela trouxe professores da França, Alemanha, Inglaterra, Áustria, EUA, Canadá, Espanha, Itália, Rússia, Suíça, Portugal, Paraguai, Argentina e de várias partes do Brasil. Imagine o impacto disso para a vida de jovens bailarinos que não vinham só do Brasil para participar! 

  • AFONSO GALVÃO, amigo de Gisèle:

Eu conheci Gisèle Santoro ainda na década de 1980. Ela me foi apresentada pelo maestro Cláudio Santoro, seu marido, lá no apartamento deles, na 107 Norte. E, desde então, tivemos uma convivência muito boa, muito bonita e eu aprendi a admirar e a respeitar essa figura com luz própria, essa grande intelectual, essa artista em tempo integral, uma pessoa que eu considero brilhante.

Gisèle se entregava aos seus projetos, se entregava à arte, se entregava à dança de um modo muito firme, muito integral, muito pleno. Eu também admirei muito sempre a sua honestidade intelectual, a sua capacidade de observar as coisas, de resolver problemas.

Ela foi uma parceira da orquestra do Teatro Nacional. Desde sempre, com muitos projetos de ballet, a orquestra sempre participou dos seus festivais de dança e era sempre um momento ali, em julho, quando nós podíamos, então, acompanhar suas coreografias e suas produções de balé. Ela vai deixar muita saudade, vai fazer muita falta em tantos sentidos. 

  • RENATA NUNES, professora de balé e ex-aluna de Gisèle:

Eu sou professora de balé do Sistema Fibra, atualmente colocada aqui na unidade do Sesi Taguatinga. E até o ato de estar hoje no Sistema Fibra, de alguma forma, teve a interferência dela direta. O processo seletivo do Sistema Fibra foi bem rigoroso. Teve prova teórica, teve prova prática e a primeira etapa era a comprovação do seu currículo.

E no meu currículo precisaria ter uma média de 700 horas de cursos e, graças às bolsas que eu sempre recebi da Gisèle no Seminário Internacional de Dança, eu passei pela primeira etapa. Sem essa comprovação, eu já não teria nem participado do processo seletivo. Eu não teria condições de pagar uma bolsa no Seminário Internacional de Dança para fazer os cursos. A bolsa durava uma média de uns 15 dias e você tinha um passe livre. Ela me deu um passe livre. Eu tinha condições de fazer aulas de 8 da manhã às 18 horas durante 15 dias no período de julho que era perfeito, porque eu conseguia conciliar minhas férias.

Então, através desse projeto que eu trabalhei, ela estava ofertando bolsas, então eu fui com as minhas alunas desse projeto. E para elas, foi um universo que se abriu. Durante pelo menos uns oito anos, ela ofereceu bolsas para mim e para essas meninas. Isso ditou o rumo das nossas vidas porque era um universo que se abria com professores internacionais, gabaritadíssimos. 

  • DAVI RODRIGUES, ex-aluno de Gisèle e dono da companhia Lamondance em Vancouver:

Nasci em Brasília, mas hoje moro aqui em Vancouver há 17 anos. Eu moro aqui devido à minha participação no Seminário Internacional de Dança promovido pela Tia Gi. Recebo uma notícia extremamente triste.

Eu digo isso porque, apesar de morar fora, eu participei do seminário como bailarino e depois como jurado, professor, e por ser uma oportunidade para outros bailarinos também, para virem estudar dança aqui em Vancouver, eu tenho uma ligação próxima à Tia Gi.

A gente falava ao telefone e tentávamos reacender a chama do seminário, ela sempre me ligava com ideias. O que me fortalece é saber o legado que ela deixa pra trás, tantas oportunidades que ela abriu. Existem muitos artistas espalhados pelo mundo, pelo Brasil, que passaram pelo cuidado da Tia Gi, assim como eu.

O legado que ela deixa é o amor pela dança.  Eu deixo um forte abraço para a família e para todos aqueles que conviveram com a Tia Gi e que possamos lembrar e emanar energias positivas.


PAULA SAYÃO, ex-aluna de Gisèle Desde os 18 anos, vivi sob o olhar exigente e amoroso de Gisèle Santoro. Aulas longas, intensas, que foram muito além do ballet — foram lições de vida. Ela me ensinou hierarquia, resiliência e disciplina. Foi rígida como a escola clássica exige, mas sempre acolhedora. Sabia o momento de corrigir e o instante de abraçar. Com ela, aprendi o que mais amo fazer: dançar. E isso é o presente mais valioso que alguém pode deixar. Ela dizia que éramos filhas dela da Dança.E éramos. Porque cada uma de nós carrega seu olhar, seu rigor e sua paixão. Gisèle foi força, arte e mulher —símbolo de coragem e amor pela cultura. Pra sempre, minha mestra. Tive a chance de me despedir dela ontem antes dela ir embora. Desde 2h, estamos acompanhando o resultado da parada cardíaca. Mas já esperávamos que seria irreversível pela gravidade do acidente. MARCOS LINHARES, amigo pessoal e ex-assessor de imprensa de Gisèle por 20 anos Tivemos uma relação muito próxima. Fui assessor de imprensa dela por 20 anos e amigo até o final. Algumas vezes íamos ao cinema, ela adorava todas as artes. Eu fui me despedir dela ainda no hospital. Foi e continua sendo uma grande perda, mas ela descansou, foi uma guerreira e viveu intensamente. Nunca se curvou a nada e a ninguém. Deixa um legado imenso. Ajudou a mudar a imagem do balé e dança brasileira no mundo. Por décadas o seu singular Seminário Internacional de Dança de Brasília propiciou torcas de experiências incríveis e ofereceu bolsas para prestigiosas companhias de dança do mundo. O mundo da dança veio para Brasília, ela trouxe professores da França, Alemanha, Inglaterra, Áustria, EUA, Canadá, Espanha, Itália, Rússia, Suíça, Portugal, Paraguai, Argentina e de várias partes do Brasil. Imagine o impacto disso para a vida de jovens bailarinos que não vinham só do Brasil para participar! AFONSO GALVÃO, amigo de Gisèle Eu conheci Gisèle Santoro ainda na década de 1980. Ela me foi apresentada pelo maestro Cláudio Santoro, seu marido, lá no apartamento deles, na 107 Norte. E, desde então, tivemos uma convivência muito boa, muito bonita e eu aprendi a admirar e a respeitar essa figura com luz própria, essa grande intelectual, essa artista em tempo integral, uma pessoa que eu considero brilhante. Gisèle se entregava aos seus projetos, se entregava à arte, se entregava à dança de um modo muito firme, muito integral, muito pleno. Eu também admirei muito sempre a sua honestidade intelectual, a sua capacidade de observar as coisas, de resolver problemas. Ela foi uma parceira da orquestra do Teatro Nacional. Desde sempre, com muitos projetos de ballet, a orquestra sempre participou dos seus festivais de dança e era sempre um momento ali, em julho, quando nós podíamos, então, acompanhar suas coreografias e suas produções de balé. Ela vai deixar muita saudade, vai fazer muita falta em tantos sentidos. RENATA NUNES, professora de balé e ex-aluna de Gisèle  Eu sou professora de balé do Sistema Fibra, atualmente colocada aqui na unidade do Sesi Taguatinga. E até o ato de estar hoje no Sistema Fibra, de alguma forma, teve a interferência dela direta. O processo seletivo do Sistema Fibra foi bem rigoroso. Teve prova teórica, teve prova prática e a primeira etapa era a comprovação do seu currículo. E no meu currículo precisaria ter uma média de 700 horas de cursos e, graças às bolsas que eu sempre recebi da Gisèle no Seminário Internacional de Dança, eu passei pela primeira etapa. Sem essa comprovação, eu já não teria nem participado do processo seletivo. Eu não teria condições de pagar uma bolsa no Seminário Internacional de Dança para fazer os cursos. A bolsa durava uma média de uns 15 dias e você tinha um passe livre. Ela me deu um passe livre. Eu tinha condições de fazer aulas de 8 da manhã às 18 horas durante 15 dias no período de julho que era perfeito, porque eu conseguia conciliar minhas férias. Então, através desse projeto que eu trabalhei, ela estava ofertando bolsas, então eu fui com as minhas alunas desse projeto. E para elas, foi um universo que se abriu. Durante pelo menos uns oito anos, ela ofereceu bolsas para mim e para essas meninas. Isso ditou o rumo das nossas vidas porque era um universo que se abria com professores internacionais, gabaritadíssimos. DAVI RODRIGUES, ex-aluno de Gisèle e dono da companhia Lamondance em Vancouver Nasci em Brasília, mas hoje moro aqui em Vancouver há 17 anos. Eu moro aqui devido à minha participação no Seminário Internacional de Dança promovido pela Tia Gi. Recebo uma notícia extremamente triste. Eu digo isso porque, apesar de morar fora, eu participei do seminário como bailarino e depois como jurado, professor, e por ser uma oportunidade para outros bailarinos também, para virem estudar dança aqui em Vancouver, eu tenho uma ligação próxima à Tia Gi. A gente falava ao telefone e tentávamos reacender a chama do seminário, ela sempre me ligava com ideias. O que me fortalece é saber o legado que ela deixa pra trás, tantas oportunidades que ela abriu. Existem muitos artistas espalhados pelo mundo, pelo Brasil, que passaram pelo cuidado da Tia Gi, assim como eu.O legado que ela deixa é o amor pela dança.  Eu deixo um forte abraço para a família e para todos aqueles que conviveram com a Tia Gi e que possamos lembrar e emanar energias positivas.

  • Gisele Santoro 
deixa um 
rico legado para 
a dança no 
Distrito Federal
    Gisele Santoro deixa um rico legado para a dança no Distrito Federal Foto: Minervino Junior/CB
  •  A bailarina Gisèle Santoro se tornou uma arte-educadora
    A bailarina Gisèle Santoro se tornou uma arte-educadora Foto: ArquivoPessoal
  • Gisèle Santoro e Claudio Santoro: 
amor conectado  pela arte
    Gisèle Santoro e Claudio Santoro: amor conectado pela arte Foto: Arquivo Pessoal
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JC
postado em 11/10/2025 05:26 / atualizado em 13/10/2025 11:36
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