
Hoje, às 20h30, o Tributo aos Mestres convida Toninho Horta a se apresentar no Clube do Choro. O espetáculo celebra a carreira e a obra de um dos guitarristas mais influentes da música brasileira, em uma experiência imersiva que revisita os grandes sucessos de cinco décadas de estrada. Os ingressos estão disponíveis no site da Bilheteria Digital, a partir de R$ 50.
O instrumentista coleciona colaborações com grandes nomes da música brasileira, incluindo Elis Regina, Gal Costa e Pat Metheny, e foi membro do clássico Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento. Com uma carreira internacional consolidada, Toninho conquistou reconhecimento global e foi listado entre os melhores guitarristas do mundo pela revista Melody Maker. É vencedor do Grammy Latino 2020 na categoria de Melhor Álbum de MPB por Belo Horizonte, projeto em parceria com a Orquestra Fantasma.
Em entrevista ao Correio Braziliense, o artista reflete sobre o começo, as memórias no Clube da Esquina e o que o público pode esperar do espetáculo de hoje.
Entrevista//Toninho Horta
Sua carreira começou ainda na adolescência, aos 19 anos. Em retrospectiva, se você pudesse dar um conselho para o garoto que estava apenas começando, o que diria?
Poderia falar o seguinte: se existe um grande amor pela música, deve ir fundo, de verdade. Procurar ouvir tudo quanto é música, sem preconceito, aproveitar o que gostar, o que achar interessante, e procurar um professor que possa ampliar o talento. Acreditar em si próprio sempre e nunca achar que já sabe tudo. Todo mundo que tem a oportunidade de fazer música desde cedo é muito abençoado.
Você é um dos pilares do Clube da Esquina e trabalhou ao lado de grandes nomes da música. De que forma esse período moldou sua maneira de tocar e compor?
Na época em que eu participei do álbum Clube da Esquina, eu tinha 21 anos e minha amizade com Milton já vinha de uns seis anos antes. Nos conhecemos e fizemos uma música juntos, com uma melodia minha e uma letra dele, chamada Segue em Paz. Aos 18 anos, eu já tinha uma concepção formada, ouvia muito jazz, música brasileira, ouvia de bandas do interior a músicas sacras e populares. Já tocava um violão moderno, cheio de harmonia. Mas o Clube da Esquina, de certa forma, foi um encontro de pessoas de várias vertentes musicais que fizeram uma música bem diferenciada nos anos 1970, ao contrário dos outros movimentos, que eram mais estéticos ou regionais. No Clube da Esquina, era uma música totalmente universal e com muitas ideias, cheio de músicos bons tocando e convidados. Foi um marco para todos que participaram.
Ainda sobre o Clube da Esquina, quais são as memórias que você guarda daquela época?
É claro que tenho muitas memórias do Clube da Esquina, mas o que eu mais me lembro sobre a época da gravação foi que as pessoas mais velhas deram a oportunidade de a gente criar no estúdio. O Beto apresentava uma música e quem estava no estúdio começava a tocar um instrumento que estivesse ali do lado. Todo o processo de criação das músicas, eu ajudava de alguma forma. Foi um disco de muita liberdade, todo mundo colocou a capacidade musical para fora. Precioso, ganhou o álbum do século, o melhor álbum dos últimos 100 anos, há pouco tempo.
Além do Brasil, você também consolidou carreira no exterior. Como você equilibra essas diferentes influências durante o processo de produção das suas composições?
As minhas composições sempre tiveram influências da música brasileira, do samba-canção e da música regional, mas, ao mesmo tempo, eu já ouvia jazz com meu irmão, aos 5 anos. Eu absorvi sempre todo tipo de influência musical, então, quando tive as oportunidades internacionais, continuei a fazer tudo que já vinha fazendo antes, com muito da bossa nova e do jazz, que foram os gêneros aos quais eu mais me dediquei profissionalmente. Sempre estive com essas inspirações e depois, só acreditei e fui evoluindo, conhecendo as pessoas, trocando ideias, trabalhando como músico de várias partes do mundo.
A revista Melody Maker te listou como um dos maiores guitarristas do mundo. O que esse reconhecimento significa para você?
Ser selecionado em uma revista sempre faz uma diferença na vida da gente. Na época, foi o primeiro grande reconhecimento da minha música, por um dos álbuns que eu fiz do Airto Moreira, Promise of the Sun, e o disco Milton Nascimento gravados em 1976, na Califórnia. Com esse trabalho, eu tive um destaque muito grande, com a guitarra acústica, semi acústica, sólida, violão de nylon, além de fazer meus vocais tímidos. Significou demais para mim isso, é um dos pontos altos da minha biografia. Depois recebi outros prêmios, entrei na lista dos 74 maiores guitarristas que influenciaram, que fizeram coisas diferentes e geniais no mundo, ao lado de Eric Clapton, Montgomery, Eric Johnson, Jimmy Page, Henry. Toda premiação, eu tiro o chapéu, mas não deixo de agradecer qualquer pessoa que me reconhece na rua e fala 'Ah, adoro a sua música, adoro aquela frase musical, adoro aquela melodia'. Esses são os pequenos Grammys que recebemos na vida, o contato com as pessoas no cotidiano.
Qual a sua relação com Brasília?
Fui a Brasília pela primeira vez na adolescência e adorei demais. Fiz vários shows no Teatro Nacional, com a Nana Caymmi, com a orquestra, às vezes convidado de outros artistas. Sempre tive uma paixão muito grande pela capital e, em 1974, fiz uma música inspirada no lindo Planalto Central (Céu de Brasília), com a letra de Fernando Brant e que vários artistas de Brasília gravaram. É a canção que abre meu primeiro álbum, Cerrados Passos.
Para esta performance, o que o público brasiliense pode esperar?
As pessoas vão ouvir um músico de experiência internacional mas, ao mesmo tempo, também tem muita flexibilidade de fazer um show interativo, deixar as pessoas cantarem algumas coisas que já estão nos ouvidos do povo. Vou levar um pouco do Clube da Esquina e as minhas músicas, alguns sucessos antigos, algumas novidades. E os meninos da banda só vão engrandecer e dar o brilho na apresentação. A música é simples, a gente toca o que sabe, faz com o coração e isso vai atingir as pessoas, a sensibilidade delas. Vai ser uma noite linda e inesquecível.
*Estagiária sob a supervisão
de Nahima Maciel
Tributo aos Mestres com Toninho Horta
Hoje e amanhã, às 20h30, no Clube do Choro. Ingressos disponíveis no site da Bilheteria Digital, a partir de R$ 50

Diversão e Arte
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