Fabrício Carpinejar convida o leitor a um exercício de desapego e autoconhecimento em Deixe ir, livro que o autor lança em Brasília nesta quinta-feira, com direito a sessão de autógrafos no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Antes, Carpinejar faz palestra no evento BB Digital Week. "É um manual do desapego. Mostra que as reconciliações consecutivas são uma prova da dependência. A cada volta, é mais complicado sair de novo", classifica o livro.
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Ao longo de 112 páginas sem divisões em capítulos, Carpinejar conduz o leitor por uma reflexão sobre libertação e reconexão baseada na ideia de que "Jamais deve-se voltar a um lugar de onde se esforçou para sair". O autor destaca a intenção de escrever a obra em tom de carta, criando uma atmosfera íntima e confessional, como quem fala diretamente com a parte interessada: "Eu não quis que houvesse pausas, fugas, instantes para vacilação ou hesitação".
No livro escrito ao longo de dois anos, Carpinejar aborda temas que vão dos relacionamentos amorosos aos familiares e passa por reflexões sobre narcisismo, dependência emocional e violência. O caráter pessoal do texto conecta o leitor à obra. "Eu tenho a minha experiência como referencial para iluminar a empatia", explica. "Eu faço uma espécie de cinema de palavras, contando o que a outra pessoa pode estar sentindo sem perceber", completa.
Com 53 livros publicados, o autor acumula mais de 20 prêmios literários, dentre eles, dois Jabuti, e mais de um milhão de exemplares vendidos. Carpinejar nasceu em 1972, na cidade de Caxias do Sul, e iniciou a trajetória na literatura em 1998. Ele nunca imaginou que se tornaria escritor, mas admite que a escrita tornou-se ferramenta essencial: "Ninguém me agredia na hora que escrevia. Escrever foi o diálogo que eu criei com o mundo. Cada livro é um recomeço. Quando escrevo, nasço novamente".
O autor afirma que busca atingir todos os públicos com Deixe ir. "O que eu quero é que as pessoas possam ter o entendimento de que amor não é sacrifício, não é renúncia, não é privação", diz. No decorrer do livro, a emoção é aliada à comunicação, e o escritor descreve tal parceria como um sussurro. "Todo livro é um sussurro. Ele não julga, não condena, busca entender. Eu deixo à vontade para que a pessoa possa decidir por sua conta", garante.
Para Carpinejar, "deixar ir" é uma atitude muito presente e importante na vida. "Eu vivo me despedindo. A vida é se despedir. A vida é reduzir a bagagem", explica. O autor afirma que é importante escapar da armadilha samaritana de que toda pessoa boa perdoa e que "existe uma mentalidade que nos conduz a acreditar que amar é sinônimo de sofrer. Amar, pelo contrário, é paz". Em Brasília, o escritor vai fazer uma palestra na qual pretende falar sobre empatia, criatividade e afeto. Ao final, haverá uma sessão de autógrafos.
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel
