
Luiz Áquila não gosta de rótulos e acha o adjetivo abstrato falho para definir as pinturas que produz desde a década de 1960. Ele prefere as noções de ritmo e cor para falar do trabalho, duas ideias que nunca o abandonaram e estão nas obras apresentadas em Boogie Woogie. A exposição tem curadoria de Renata Azambuja e reúne algumas pinturas dos anos 1970, mas, principalmente, traz a Brasília a produção recente do artista carioca que, na infância, morou no Planalto Central enquanto o pai, Alcides da Rocha Miranda, integrava as equipes que projetavam a nova capital.
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Boogie Woogie é também uma celebração dos 30 anos da Referência Galeria de Arte, que abriu as portas em 1995. Quando olha para o conjunto, Áquila enxerga um caminho que não é estático, mas é coerente. "Acho que meu trabalho ficou mais extrovertido e mais musical, com mais contraste de cor. Mas isso é uma coisa que vem se dando ao longo de 30 e muito anos. Nunca houve no meu trabalho, nos últimos 40 anos, nenhum movimento abrupto", explica. "É uma coisa circular, elementos voltam, aparecem, desaparecem. Elementos formais. E tem o contraste entre a mancha, a forma, o limite rígido. Frequentemente, crio uma estrutura e quebro com manchas e pinceladas."
O aumento das áreas de contrastes nas pinturas fez, Áquila acredita, o trabalho ficar mais extrovertido. Formas maiores, com pinceladas mais afirmativas e elementos que se repetem dão um tom rítmico e, quando aparecem, as curvas ajudam a trazer uma certa leitura melódica para as composições. São abstrações, mas essa é uma palavra que não dá conta da materialidade da pintura, que tem cor, forma, textura e consistência. "Esse nome abstrato vem do início, quando artistas começaram a pintar a partir da realidade, que não é meu caso. Meu trabalho também se refere à natureza, que é a minha própria natureza", diz.
Renata Azambuja, curadora da exposição, explica que Áquila não gosta de enquadramentos que o liguem a movimentos, embora tenha sido chamado de "pai da geração 80", um momento de retomada da pintura na arte brasileira. As aulas que dava no Parque Lage, um reduto da formação dessa geração, eram referência para muitos artistas. "Ele era mais velho que o pessoal da geração 80, mas muito generoso na forma de pintar, de ser artista. Então acho que essa coisa de 'pai da geração 80' tem a ver com isso de ser um pouco mais velho e estar lá com todo mundo", conta Renata. Para ela, uma forma de descrever a produção de Áquila está na compreensão da importância das cores e do gesto. "Não é uma pintura pretensiosa, tem uma expressão muito forte. Ele é muito ligado na cor, no gesto", avisa a curadora.
Boogie Woogie
De Luiz Áquila. Curadoria: Renata Azambuja. Visitação até 17 de janeiro, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h, na Referência Galeria de Arte (CLN 202 Bloco B Loja 11 Subsolo). Classificação indicativa livre

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