
Em melhor fase da carreira, o grupo brasiliense Benzadeus encerra 2025 com uma conquista que mistura música, território, ancestralidade e afeto. Estreou, na sexta-feira (5/12), a primeira parte do projeto Na Rota do Benza no Pelô. Gravada no Pelourinho, em Salvador, a experiência impactou, profundamente, os integrantes e se tornou um marco na trajetória do quinteto.
O projeto nasce de um encontro muito particular entre o grupo e a Bahia. A primeira passagem do Benzadeus por Salvador, em fevereiro de 2025, acendeu algo especial. “A gente sacou que ali estava nossa cura, acolhimento e energia eram espalhados de uma forma diferente. Era potencializada”, conta Pedro das Sortes (surdo e voz). A sensação de pertencimento foi tão forte que, quando surgiu a oportunidade de gravar fora de Brasília pela primeira vez, o grupo escolheu Salvador.
O Correio conversou com os quatro integrantes do Benzadeus sobre o projeto e a ascensão do grupo, que ocorre no contexto da afirmação da cidade como um dos redutos de criação do samba no país. O EP e o DVD carregam um forte simbolismo emocional. Para Neném (pandeiro), gravar no Pelourinho era um sonho antigo: “Transformar aquele lugar em um palco de alegria era tudo o que queríamos. Se um dia o nosso povo chorou naquele lugar, nós iríamos fazer ele sorrir. É além de música; é saber que temos voz, vez e que podemos fazer história.”
A noite da gravação reuniu cerca de 10 mil pessoas no Largo do Pelourinho. Para o grupo, cada faixa do EP é um fragmento da energia que tomou conta do público e da equipe. “Esse EP carrega a alma daquele dia. A gente queria que as pessoas sentissem o mesmo arrepio que sentimos vendo aquelas vozes vibrando junto”, resume Magrão (voz).
Referências baianas
A inspiração para o projeto veio diretamente das ruas e sons da Bahia. Durante a primeira turnê na cidade, o grupo assistiu ao show do Olodum no Pelourinho, um momento que mudou tudo. “Foi incrível ver aquela energia, a ancestralidade surreal daquele lugar. No meio de um jantar, a ideia surgiu: gravar um DVD no largo mesmo”, lembra Magrão.
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A observação cuidadosa da cultura local guiou cada detalhe. “Nós olhamos para tudo que Salvador e a Bahia entregam de bom. Queríamos que fosse perfeito não só pro Benzadeus, mas pro povo baiano, pro povo brasileiro, para a periferia”, completa.
Um dos segredos da identidade do Benzadeus é a pluralidade interna. Os quatro integrantes trazem propostas próprias para o repertório. “Essa mistura é o que dá a cara do Benzadeus. Energia, acolhimento e identidade são o nosso lema”, explica Diego Pedigree (banjo e voz).
A vida nas redes
A primeira parte do Na Rota do Benza no Pelô reúne cinco faixas que transitam entre inéditas, regravações e parcerias marcantes. A faixa foco, Engajamento é uma colaboração com J. Eskine e mistura pagode e arrocha, com histórias de amor da geração digital. O EP inclui a inédita Era Uma Vez, a regravação de Quando a Chuva Passar, um medley com Escandurras e o já lançado Modo Ioiô, parceria histórica com a música Olodum. A segunda parte do projeto chega em janeiro e a terceira em fevereiro.
O projeto foi lançado poucos dias antes de outro marco na carreira do grupo: a indicação ao Prêmio Multishow 2025, na Categoria Brasil. O grupo representa o Centro-Oeste ao lado de artistas de diferentes regiões. “É uma responsabilidade enorme. Representar nossa região e o pagode num prêmio desse tamanho é uma honra gigante”, celebra Magrão.
Em meio ao crescimento do pagode no Centro-Oeste, o grupo Benzadeus reconhece o papel que passou a ocupar na nova fase da cena. “É uma felicidade sem fim. Saber que fazemos parte de um movimento tão incrível só confirma que estamos no caminho certo. Amamos nossa cidade e estamos felizes por fazer parte da história dela”, diz Vini (reco e voz).
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco

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