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Aretha Sadick comemora trajetória segura de trabalhos como atriz e mulher trans

A a atriz Aretha Sadick mergulha no terror e no drama moral em "Reencarne", série do Globoplay, e comemora consolidação artística. "Ser uma mulher trans é só uma parte de mim", diz a atriz, que está também na série "Cidade de Deus: a luta não para"

Aretha Sadic, atriz -  (crédito: Julieta Bacchin)
Aretha Sadic, atriz - (crédito: Julieta Bacchin)

A atriz Aretha Sadick está de volta às telas em uma produção que promete arrepios e reflexão. Ela vive a enfermeira Camila em Reencarne, nova série original Globoplay que chegou à plataforma em outubro. Em um enredo que combina terror e suspense, a personagem de Aretha se vê em um dilema moral profundo quando é convencida pela própria mãe, Lúcia (Grace Passô), a roubar anestésicos do hospital onde trabalha.

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"Por conta da mãe, ela se vê envolta nesses crimes. A personagem carrega um drama moral diante do problema em que se vê envolvida, principalmente por sua relação com a mãe se ver tão abalada", explica Aretha, que também pode ser vista no filme Vestígios do dia, no Globoplay, e na segunda temporada da série Cidade de Deus: a luta não para, na HBO Max. "O caminho de superação e transformação da Camila é surpreendente, e vale a pena acompanhar."

Para Aretha, Camila representa um dos papéis mais ricos de sua carreira. "A Camila é uma personagem das mais interessantes, principalmente pelo seu nível de complexidade humana. Tudo o que qualquer ator deseja", destaca. "Ela acredita no que é justo e vai atrás disso, mesmo que mostre algumas controvérsias ao longo do caminho. O mais desafiador ao interpretá-la são as nuances emocionais pelas quais ela passa. Precisei emprestar a minha coragem para entrar nesses territórios emocionais."

A atriz ressalta a importância do trabalho da preparadora de elenco Estrela Strauss nesse processo. "O trabalho de condução da Estrela foi imprescindível para que eu pudesse me lançar emocionalmente em cada fase da trajetória da minha personagem. Ela me lembrava que eu estava em um território seguro para entrar e sair das circunstâncias", agradece.

Reconhecimento internacional

Reencarne teve estreia internacional no prestigiado Festival de Berlim, um marco que Aretha vê como uma validação importante. "É um segmento e uma linguagem que vem sendo cada vez mais valorizada internacionalmente. Isso reafirma o interesse que o Brasil faça cada vez mais terror de qualidade", comenta. "Amei o desafio de viver e contar um terror brasileiro quente, afetivo e sertanejo. Temos uma longa trajetória de filmes do gênero que, infelizmente, acabavam sendo vistos como uma arte menor, o que é uma bobagem."

Fã confessada do gênero, a atriz cita obras como Corra!, de Jordan Peele, e a série Hannibal como referências. "Obras como essas nos lembram que os medos, as emoções complexas, as nossas próprias vilanias precisam ser encaradas como sombras da complexidade humana", reflete. Sobre a essência do terror, ela acrescenta: "O terror nasce basicamente de uma construção narrativa calçada naquilo que não sabemos, vemos ou entendemos. Acredito que é um convite pra que possamos seguir na direção de encarar e enfrentar nossos medos."

Marco na carreira

Aretha é enfática ao dizer que Reencarne e a complexidade de Camila representam um passo significativo em seu objetivo de firmar-se como atriz no audiovisual. "É muito importante para mim, na construção da minha carreira e legado, que eu possa ser cada vez mais vista como uma atriz, e que minha identidade de gênero é uma parte de mim, uma parte significativa, porém, segue sendo uma parte", afirma.

Ela vê em Camila uma quebra de padrão. "De fato, a Camila é uma personagem que marca a minha trajetória principalmente por fugir do que se vê frequentemente mulheres trans fazendo em atuação no Brasil. Ela tem uma trajetória própria, com começo, meio e fim. Um caminho de transformação, e não morre no final", comemora.

"Enquanto legado, o meu trabalho é inspirar outras pessoas trans a que possam viver inúmeros personagens. A Camila é mais uma prova de que é possível. Temos um longo caminho, principalmente com as inúmeras políticas mundiais de retrocesso, mas já estamos fazendo parte de uma nova história", conclui.

 


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postado em 04/12/2025 19:38
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