Literatura

Angélica Madeira lança 'Um bandido tímido', ensaio sobre obra de Lima Barreto

O ensaio destaca a atualidade das críticas de Lima Barreto, principalmente no que diz respeito ao racismo da sociedade brasileira

Angélica Madeira lança Um bandido tímido, ensaio sobre a obra de Lima Barreto
 -  (crédito: Divulgação)
Angélica Madeira lança Um bandido tímido, ensaio sobre a obra de Lima Barreto - (crédito: Divulgação)

A atualidade e a singularidade das obras de Lima Barreto, misturadas à vontade de contribuir à leitura crítica e 20 anos de estudos sobre o autor levaram a professora Angélica Madeira à elaboração do ensaio Um bandido tímido, que será lançado amanhã, em evento de 18h às 21h30, no Quanto Café (103 Norte). 

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O livro ressalta  o pensamento do autor carioca, que, para Madeira, tem "uma perspectiva tão crítica sobre a sociedade brasileira, a intelectualidade e o racismo, que pode ser perfeitamente considerado como um pensador do Brasil". Além disso, há o fato da obra de Lima Barreto ter perdido destaque, abafado pela "hegemonia que adquiriu a vanguarda que emergiu com a Semana de Arte Moderna de 1922", e recentemente voltado a ser valorizada pelo movimento negro.

O ensaio destaca a atualidade das críticas de Lima Barreto, principalmente no que diz respeito ao racismo da sociedade brasileira. "Ele é muito crítico em relação ao colonialismo, a nossa subserviência às grandes potências, aos intelectuais que só querem imitar a cultura estrangeira", explica Madeira. "Quanto ao racismo, talvez seja a parte mais importante da obra do Lima Barreto, porque é muito atual, e ele sofreu isso na pele, porque ele era um escritor mulato e pobre. Todos os personagens de Lima Barreto, sem exceção, prestam atenção na questão da cor da pele e o que isso acarreta do ponto de vista das relações sociais", diz.

Um bandido tímido busca esclarecer pontos polêmicos sobre a obra e vida de Lima Barreto. Entre eles, que o autor não pertenceria ao modernismo. "O meu ensaio tenta mostrar a atualidade do autor Lima Barreto e, principalmente, explorar as técnicas narrativas que ele utiliza, que são muito atuais para o tempo dele, muito modernas", conta Madeira. "Ele tenta captar a expressão das ruas,  em crônicas muito rápidas, captando o movimento, personagens que são esboçados, enredos que ficam um pouco esgarçados, questões muito modernas que vão aparecer em escritores da época", finaliza.

Outra polêmica que o ensaio trata é o motivo de Lima Barreto ser, por vezes, considerado conservador, apesar da radicalidade para tratar de temas sociais. Uma dessas contradições é a forma como o autor abordou o surgimento do movimento feminista à época. "Ele detestava tudo que vinha das elites. O movimento feminista, no início, era muito elitizado. Elas estavam reivindicando o voto feminino, a aceitação no trabalho do serviço público e afins. Mas ele via as mulheres pobres, as mulheres do subúrbio e dizia, 'olha, essas aí não vão usufruir de nada desse movimento que está surgindo das elites'", exemplifica Angélica. 


Lançamento de Um bandido tímido

De Angélica Madeira. Hoje, de 18h às 21h30, no Quanto Café (103 Norte). 

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

 


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postado em 10/12/2025 05:25
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