
Naná Vasconcelos, um dos maiores nomes da música brasileira, é homenageado por Virgínia Rodrigues, Zé Manoel, Lucas dos Prazeres e Marivaldo dos Santos no espetáculo Amém & Amem. O show relembra a trajetória do artista pernambucano oito vezes vencedor do Grammy que, influenciado por nomes, como Heitor Villa-Lobos e Milton Nascimento, levou os sons do berimbau para palcos ao redor do mundo. Sob direção de André Brasileiro, o tributo é realizado hoje e amanhã na Caixa Cultural Brasília.
"Eu tenho certeza que Naná adoraria assistir a esse espetáculo", declara Lucas dos Prazeres, percussionista que esteve na estrada com o artista pernambucano durante 12 anos. "É uma união das memórias que eu, Marivaldo, Virgínia, Zé Manoel e André temos. Montamos uma colcha de retalhos a partir dessas lembranças e vivências que tivemos com ele", explica o músico.
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O tributo, porém, diferencia-se das tradicionais homenagens musicais e vai além da obra de Naná Vasconcelos, mergulhando nos gostos pessoais e preferências do percussionista. "Quem vem assistir ao espetáculo tem a expectativa de que o repertório todo seja composto por músicas do Naná, mas a gente quebrou esse protocolo. Claro, apresentamos muitas músicas do nosso homenageado, mas também queríamos incluir outras composições que ele gostava de ouvir, de artistas que ele admirava", adianta.
No espetáculo, por exemplo, Virgínia Rodrigues apresenta uma releitura de Negrume da noite, de Ilê Aiyê, música que cantou durante toda adolescência a pedido do percussionista pernambucano. Lucas, por sua vez, apresenta Forró das meninas, composição de Erasto Vasconcelos, irmão do homenageado, enquanto Zé Manoel toca Villa-Lobos. "Naná era devoto dele", revela Lucas.
"É uma forma legal da plateia criar uma imagem do que ele gostava de ouvir, sobre o que ele gostava de conversar e de quem era Naná no ciclo íntimo dele", defende o artista. "É um espetáculo que traz o público para perto do homenageado e de alguma forma incentiva as pessoas a quererem conhecer mais sobre o trabalho dele", acrescenta.
"No show, a gente tem muito do erudito, com meu piano e o canto de Virgínia", detalha Zé Manoel. "Temos também a percussão de Lucas dos Prazeres e da conexão entre o presente e o futuro com o Marivaldo dos Santos", continua. "É um espetáculo imperdível para compreender e vivenciar a música do nosso homenageado", afirma o músico conterrâneo de Naná.
Legado
Para Lucas dos Prazeres, o espetáculo Amém & Amem, além de relembrar a obra de Naná, é uma forma de perpetuar os ensinamentos passados pelo percussionista. "A obra dele está no berimbau que é exibido em museus e exposições ao redor do Brasil, mas o principal legado que ele deixa é imaterial. A gente precisa aprender a tocar berimbau, ensinar nas escolas e falar para os alunos o que é esse instrumento. Elas precisam saber o que é a cabaça e quem foi Naná Vasconcelos e isso precisa ser repassado para outras pessoas", destaca.
"O Brasil tem essa memória curta, infelizmente, ainda mais quando se trata de artistas negros. Então é muito importante que a gente mantenha não só a música, como o nome de Naná vivos", complementa Zé Manoel. "É essencial que as próximas gerações saibam da existência dele e que tenham acesso à obra e toda a genialidade dele. Ele foi o responsável por fazer da percussão um instrumento não secundário — ele o trouxe para um primeiro plano. Se hoje a gente pode fazer tantos experimentos na música, é porque esse caminho foi aberto por pessoas como ele", avalia o músico.
Segundo Virgínia Rodrigues, Naná Vasconcelos foi o maior percussionista do Brasil: "Ele não pode ser esquecido justamente por tudo que representa para o Recife, para o Nordeste e para o Brasil. Naná deixou muitos discípulos".
Parceiro musical e amigo do músico pernambucano desde os 14 anos de idade, Lucas dos Prazeres, hoje com 42, reafirma que o espetáculo é a renovação de um compromisso com Naná. "Com esse show, vivencio tudo que aprendi com Naná, além de repassar esses ensinamentos para as próximas gerações", garante Lucas. "Ele sempre estava olhando para o futuro e ouvindo os jovens e as crianças, porque queria se renovar. Mesmo ele sendo o grande Naná Vasconcelos, ele nunca deixou de ter um olhar de aluno. O professor dele era o coração infantil", finaliza.
Show Amém & Amem — Naná Vasconcelos 80 anos
Hoje, às 17h e 20h (sessão com acessibilidade em Libras), e amanhã, às 19h, na Caixa Cultural Brasília. Ingressos podem ser adquiridos por meio do site Bilheteria Cultural ou na bilheteria do teatro, a partir de R$ 15 (meia-entrada).
Livre para todos os públicos.

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