
As cores e os materiais do Cerrado são a base da exposição Modelar, tramar, servir, em cartaz na galeria Vilarejo 21 e que reúne obras de Beatriz da Terra e Carlos Lin. A proposta dos curadores do espaço é juntar, em uma única exposição, artistas e obras marcados por algum diálogo ou tema comum. "Nesse caso, tem essa minha pesquisa com o material mais bruto, bem vernacular, mas que uso de forma diferente. E Beatriz traz uma instalação a partir do uso de objetos cotidianos de cozinha, louças, porcelanas, coisas que eram da avó e que ela herdou", explica Carlos.
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Objetos de palha, adobe, combinações que formem tramas e que sugerem a conjunção "de uma coisa com a outra" orientaram a produção dos objetos de Carlos Lin. O artista se volta para os materiais que encontra ao redor como instrumento para falar de questões contemporâneas. "Como pensar o ambiente, o meio ambiente, o uso do material, a matriz muito ampla da pós-modernidade, que é a ressignificação. Tanto eu quanto a Beatriz temos essas questões para poder pensar o processo de produção", explica.
Máscaras parangolés feitas com fibra pura de palmeira para usos contemporâneos, interativos e performativos, por exemplo, são uma forma de repensar o uso da palha a partir de simbolismos. As máscaras evocam festas e carnaval. Beatriz também mergulha na ancestralidade, mas uma particular, pessoal, ao oferecer a instalação em forma de mesa de banquete na qual os objetos compositivos vão de cacos de louças de família a bolas de argila vermelha, tão comuns no Centro-Oeste.
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A artista usa a terra como arquivo de memórias e histórias, como matriz simbólica capaz de remeter à própria família, mas também a toda a ancestralidade dos habitantes do Planalto Central. "A instalação é uma grande mesa de mais de dois metros com elementos que fazem referência ao banquete. Uma toalha bordada com terra, pratos, louças quebradas e reconstruída a partir da terra, a terra como elemento de junção desses cacos e fragmentos", explica.
O barro aparece no formato de esferas e bolas em referência a certas folhas presentes na natureza. "São inseridas numa espécie de invasão, como se estivessem invadindo essa instalação, esse cenário", explica a artista. "Trago também a inserção de plantas vivas que reforçam essa transformação, a passagem do tempo, que é um elemento presente nessa instalação."
Para Beatriz, o banquete representa um tipo de exumação da própria história pessoal, mas também uma oferenda "Uma reza, uma prece", explica Beatriz. "E também tem toda a parte de colo, acolhimento e conforto que uma comida pode trazer".
Serviço
Modelar, tramar, servir,
Exposição de Beatriz da Terra e Carlos Lin. Visitação até 6 de setembro, por agendamento, de 16h às 21h, no Vilarejo 21 (Altiplano Leste, Rua 7, Ch 21, Cas 7)