Para marcar uma mudança de rota e celebrar 20 anos de produção, o artista João Angelini inaugura neste sábado (20/9) a exposição Nem tudo que é sólido, desmancha no arado, reunião de 40 obras que percorrem a trajetória do artista nas duas últimas décadas. Com curadoria de Luciana Paiva e Paulo Henrique Silva e em cartaz na Pé Vermelho - Espaço Contemporâneo, núcleo cultural criado pelo próprio artista no centro histórico de Planaltina em 2018, a exposição é dividida em núcleos com trabalhos de diferentes períodos e uma grande variedade de suportes de linguagens que marcaram a produção de Angelini.
Artista multidisciplinar e muito ligado aos contrastes impostos pelas noções de universal e local, Angelini conta que a exposição tem, também, um caráter afetivo. "É uma exposição extremamente afetuosa e celebrativa e por isso convidei os dois curadores, que me acompanham desde o início mesmo", diz. Com pinturas, gravuras, hologramas, instalação, vídeo, desenhos e objetos, a exposição faz um recorte que apresenta algumas das frentes de pesquisa abertas pelo artista nos últimos 20 anos.
A importância da produção coletiva — Angelini fez parte do premiado grupo goiano EmpreZa — é uma dessas frentes, assim como o papel central que o Cerrado exerce na obra do artista, nascido em Planaltina e autor de uma série de trabalhos criados com materiais típicos da região. Os vídeos e as animações de pesquisa gestual, que marcam um período importante de produção e pesquisa, também ganham destaque na mostra. "Existe toda uma temática cerratense e uma estética que surge desse uso das imagens, das paisagens destruídas do Cerrado, com elementos presentes nos materiais, seja parte da vegetação, seja as cinzas das árvores queimadas", conta. "O universo botânico, por exemplo, está presente em mais de 100 pratos. E essa tecnologia dessa arquitetura colonial vernacular do adobe, do barro, também. O Cerrado entra como elemento muito presente mesmo. Essa consciência de que sou um cidadão goiano."
Para Angelini, o maior desafio da exposição foi conseguir juntar trabalhos de formatos tão diferentes como vídeo, performance, instalação, pintura e gravura. "E coisas que nem têm categoria de obra direito e que surgem no lugar de um artista que investiga gestos e materiais", diz. "É uma exposição comemorativa e ao mesmo tempo de mudanças, um encerramento de ciclo. Estou encerrando alguns processos de pesquisa, algumas formas de produzir que são base e suporte para as novas formas que estão vindo, para os novos temas e novos gestos."
O artista se prepara para deixar a gestão da Pé Vermelho e se dedicar mais à própria produção. Em 2026, ele já tem residências organizadas em Yokohama, no Japão, e no Porto, em Portugal.
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Serviço
Nem tudo que é sólido, se desmancha no arado
De João Angelini. Curadoria: Luciana Paiva e Paulo Henrique Silva. Abertura sábado (20/9), às 18h. Visitação até 23 de novembro, de quinta a domingo, das 17h às 21h, mediante agendamento pelo e-mail pevermelho@pevermelho.art, na Pé Vermelho — Espaço Contemporâneo (Av. 13 de maio, quadra 57 lote 6 - Praça São Sebastião, Planaltina-DF)
