CINEMA

Festival de Cinema: Mostra Competitiva Nacional chega ao penúltimo dia

Formado na UnB, o cineasta José Eduardo Belmonte celebrou a estreia do longa Assalto à brasileira na noite desta quinta (18/9)

José Eduardo Belmonte estreia Assalto à Brasileira durante o Festival de Cinema -  (crédito: João Pedro Carvalho / CB / DA Press)
José Eduardo Belmonte estreia Assalto à Brasileira durante o Festival de Cinema - (crédito: João Pedro Carvalho / CB / DA Press)

O penúltimo dia de Mostra Competitiva Nacional do 58° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi marcado pela estreia de Assalto à brasileira, longa do diretor José Eduardo Belmont. Acompanhando o cineasta, Paulo Miklos e Robson Nunes também compareceram ao Cine Brasília para lançamento da produção, na noite desta quinta-feira (18/9).

José Eduardo Belmonte, diretor do longa da noite, se reencontra com a cidade que o formou cineasta. Graduado na Universidade de Brasília (UnB), seu trabalho tem grande impacto no cinema brasiliense. “Esse festival me formou, essa cidade me formou, o Cine Brasília, a UNB. Tudo isso é muito simbólico para a minha vida e minha formação. Eu estou muito honrado”, celebrou.

Belmonte divide uma história de anos com o Festival de Brasília — no evento, ele já apresentou produções como Meu mundo em perigo (2007), A concepção (2005), Cinco filmes estrangeiros (1997) e O pastor e o guerrilheiro, vencedor de Melhor longa metragem na Mostra Brasília em 2022.

Nesta quinta, foi a vez do diretor estrear a obra Assalto à brasileira, trama protagonizada por Murilo Benício. No filme, baseado em acontecimentos reais, ator interpreta Paulo, um jornalista desempregado que se torna refém em um assalto a banco. O radialista vê a oportunidade de um furo jornalístico que pode salvar a carreira, e decide ajudar o grupo de assaltantes. “É um filme de aventura humana”, definiu o diretor.

“Ele tem a tensão do assalto, mas como eram assaltantes amadores, que nunca tinham assaltado nada… É bem à brasileira mesmo”, comparou.

Além de Benício, os atores Robson Nunes, Paulo Miklos e Matheus Macena estrelam a produção. Na ocasião, o ex-Titã destacou o prazer de trabalhar no projeto de Belmonte. “Ele é um super diretor, cuidadoso, carinhoso e que sabe exatamente o que quer. É muito bom você sentir que tem uma mão firme na condução da coisa”, elogiou o ator.

Miklos, que assistiu o longa pela primeira vez junto com o público, viu um projeto em que participa estrear no festival pela última vez em O invasor, em 2001. “É sempre uma emoção enorme. É um público quente, caloroso, que responde ao filme, torce, se diverte, então com certeza vai ser muito bacana sentir esse impacto”, comentou Paulo Miklos.

“É muito especial viver uma estreia no tapete vermelho, ainda mais em um festival tão grandioso como esse”, celebrou Robson, que dá vida a Barba. Conhecido pela veia cômica, o artista adiantou: “Se estão esperando me ver na comédia, vão se decepcionar. Tem situações que por si só já são engraçadas, mas o meu personagem é um cara sinistro”.

“Eu acredito no filme”, declarou o ator Matheus Macena que interpreta o assaltante Ismael. “Esse longa tem tudo que o brasileiro tem de bom — uma carga enorme de tragicidade, aventura e ação, e, ao mesmo tempo, tem um fator gigantesco de comicidade”, descreveu. “Apesar de ser uma história de quase 40 anos atrás, foi um acontecimento tão absurdo que estamos aqui, hoje, fazendo um filme sobre isso”, destacou.

O ator ainda revelou que, durante as gravações em São Paulo e Londrina, no Paraná, muitas pessoas que estiveram no assalto de fato participaram das filmagens. “Foi uma situação muito performática. Imagina você viver um assalto e, 40 anos depois, você participa de um filme sobre?”, riu.

A produtora e distribuidora do projeto, Clara Ramos, reforçou que o Festival de Brasília é uma plataforma para definir a distribuição comercial do longa. “É um super privilégio estar aqui. O festival constroi essa expectativa no público e posiciona as produções no mercado. A gente tem uma oferta tão gigante de filmes, é tão difícil lançar que a gente precisa ir criando um lugar para isso”, afirmou a produtora. A expectativa é que Assalto à brasileira seja lançado nos cinemas nacionais no primeiro semestre de 2026.

Curta da noite é faroeste alagoano

Produção de Alagoas, o curta da noite foi Ajude os menor (AL), um faroeste dirigido por Janderson Felipe e Lucas Litrento. A trama se passa em um prédio em obras, onde um entregador almoça com amigos pedreiros enquanto eles observam um conflito entre um engenheiro e um mestre de obras.

Segundo Janderson, o filme surgiu do livro de contos do co-diretor Lucas, Txow. "A trama conta a história de pessoas de uma periferia de Maceió, que é o bairro do Benedito Bentes", narrou. “É a história de um grupo de jovens amigos que trabalham neste prédio e estão ali almoçando, conversando, bebendo um pouco, até que existe uma tensão entre o mestre de obras e o engenheiro. E, a partir disso, conflitos envolvendo classes e posições de trabalho se desenrolam, o que gera uma possível violência entre os personagens", explicou Lucas.

“É importante trazermos um pouco de reflexão sobre pessoas que fazem parte dessa periferia e também dos espaços que elas ocupam dentro da cidade", continuou. "Temos esse desejo de falar sobre essas questões de classe e de trabalho dentro da nossa cidade. Maceió é uma cidade pequena, mas tem sons muito fortes em torno do trabalho, das relações entre os bairros de periferia e os de classe média", afirmou.

A Mostra Competitiva encerra nesta sexta (19), com o longa Futuro futuro (RS), de Davi Pretto, e dos curtas Replika (MT), de Piratá Waurá e Heloisa Passos, e Fogo abismo — único representante do Distrito Federal na competição, de Roni Sousa. A entrega dos prêmios será realizada no sábado (20), às 17h, no Cine Brasília. A cerimônia será sucedida pela exibição do filme de encerramento, A natureza das coisas invisíveis, de Rafaela Camelo.

Colaborou Ricardo Daehn

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LM
postado em 18/09/2025 22:26 / atualizado em 19/09/2025 12:03
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