MEIO AMBIENTE

Hospedagens para a COP30 não podem superar valores praticados no Círio, diz secretário

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (19/6) na Conferência de Bonn, na Alemanha, o governo reiterou que tem como meta oferecer leitos a US$ 100 por dia

Valter Correia:
Valter Correia: "Sabemos que isso não pode superar os valores praticados no Círio, por exemplo, que é o maior evento e mais impactante da cidade. Então, nada acima disso eu considero razoável" - (crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, vem enfrentando um sério desafio do deficit de hospedagens e preços abusivos frente à demanda do evento, que será realizado em novembro em Belém (PA). Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (19/6) na Conferência de Bonn, na Alemanha, o governo reiterou que tem como meta oferecer leitos a US$ 100 por dia. 

Segundo Valter Correia, secretário extraordinário para a Conferência da Casa Civil da Presidência da República (Secop), o governo está solicitando dados por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) dos valores praticados de diárias normais nos últimos cinco anos, os valores praticados durante o Círio de Nazaré, o maior evento de Belém, e os preços que estão praticando para a COP.

“Estamos tentando chegar a preços razoáveis, seja lá o que for que isso signifique, mas sabemos que isso não pode superar os valores praticados no Círio, por exemplo, que é o maior evento e mais impactante da cidade. Então, nada acima disso eu considero razoável”, afirmou Correia. 

A coletiva foi convocada para tratar especificamente de temas logísticos e de infraestrutura sobre a COP30 em Belém. A Conferência de Bonn, chamada oficialmente de Sessão de Meio de Ano da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês), é uma etapa crucial na preparação do encontro sediado no Brasil.

De acordo com Valter Correia, a intervenção direta no mercado, no sentido de requisitar leitos e ordenar a hospedagem, não foi em nenhum momento cogitada. Ao invés disso, o governo busca informações sobre preços e reservas de hotéis para entender a dinâmica de custos e quem está reservando quartos.

“Essas informações diretas sobre reservas são negadas devido a sigilo, o governo está utilizando a Senacon para obter dados e potencialmente negociar preços mais justos”, explicou o secretário, que ameaça de sanções legais como último recurso, caso as negociações falhem, mesmo que tais punições possam ocorrer após o evento.

Deficit de leitos 

A capital paraense tem o desafio de abrigar cerca de 50 mil visitantes durante o evento, mas, atualmente, toda a região metropolitana da cidade tem apenas 24 mil leitos, o que pressiona setores a buscarem alternativas. Para atender à demanda e suprir o deficit de ao menos 26 mil leitos, escolas estaduais se tornarão hospedagens, além da criação de hotéis em navios de cruzeiro.

O governo do estado está reformando 17 escolas públicas que devem funcionar como hostels durante a conferência do clima — tipo de hospedagem mais acessível, que oferece quartos compartilhados. As unidades receberão novos banheiros e beliches, ampliando a capacidade de acomodação para cerca de 5 mil pessoas.

Na tentativa de conter as pressões sobre as acomodações, a Bnetwork foi contratada para ser a plataforma oficial de hospedagem, que reunirá opções de hotéis, imóveis e até navios para acomodar os participantes do evento. A empresa, que será responsável por organizar a oferta de leitos e facilitar reservas para participantes da conferência, já atuou em outras edições da COP, em Dubai, nos Emirados Árabes, e em Baku, no Azerbaijão.

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postado em 19/06/2025 13:33 / atualizado em 19/06/2025 13:38
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