
O chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro da Silva Neto, afirmou que o modelo agrícola brasileiro precisa avançar para práticas regenerativas. Segundo o pesquisador, o país tem seguido há 50 anos um modelo baseado na Revolução Verde.
A declaração foi dada durante o CB Talks: A Soja e os Desafios da Transição da Agricultura Brasileira, evento realizado pelo Correio em parceria com o Instituto Escolhas.
“Uma agricultura que é modelo baseado na química e na física do pós-guerra, na indústria de sintéticos. E viemos muito bem, chegamos hoje a ser o maior produtor de soja, maior exportador de soja. Somos os maiores exportadores de vários alimentos. Mas talvez o modelo realmente ele tenha ou esteja se exaurindo”, disse.
Segundo o pesquisador, um quarto do PIB brasileiro vem da agricultura, e a soja é o principal motor para outras culturas, influenciando modelo, práticas e maquinário. Neto destacou que o uso do bioinsumo “isóbio” aumentou significativamente a competitividade da soja, permitindo a incorporação de novos solos no cerrado.
“Só que nos últimos anos nós por tudo que já foi falado aqui hoje e pelo estudo do Instituto Escolha, nós estamos tendo dificuldade de pagar essa conta. Então, quando a conta não fecha, isso indica que é hora de mudar e mudar rápido antes que o sistema colapse", destacou o chefe-geral.
Neto frisou que o Brasil tem condições e a tecnologia para fazer a mudança para um modelo sustentável. “Nós temos a maior indústria de bioinsumos do mundo e temos a biodiversidade tropical a nosso favor. A partir dessa biodiversidade, nós podemos selecionar microrganismos que possam nos ajudar. E isso tem acontecido”, completou.
Para o pesquisador, os agricultores têm adotado o novo modelo por ser mais sustentável, mais econômico e gerar alimentos de melhor qualidade, atendendo às preferências do consumidor. “Observamos isso nos resultados de pesquisas da Embrapa, das universidades, das organizações estaduais de pesquisa e também nas propriedades rurais, onde os próprios agricultores realizam testes e implementam essas práticas”, afirmou.
“Precisamos agora estimular os tomadores de decisão e os responsáveis pelas políticas públicas para acelerar a adoção desse modelo. Só assim conseguiremos avançar”, avaliou Neto. Ele destacou, ainda, a atuação da Aprosoja, que defende essa mudança há mais de sete anos e procurou a Embrapa para solicitar investimentos em pesquisas voltadas ao tema.
*Estagiário sob supervisão de Rafaela Gonçalves
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