
O presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (Gaas), Eduardo Martins, defende a transição da agricultura brasileira para práticas regenerativas, apontando a redução dos custos de produção como um dos principais benefícios.
A declaração foi dada durante o CB Talks: A Soja e os Desafios da Transição da Agricultura Brasileira, evento realizado pelo Correio em parceria com o Instituto Escolhas.
Martins destacou que essa redução de custos é possível com a substituição parcial dos insumos químicos: "Não quer dizer renunciar aos insumos convencionais, não quer dizer negar o que a agricultura nos entregou até agora, mas significa sinalizar que a gente pode ter um nível alto de autonomia e independência."
Para ele, outro fator relevante na transição do modelo de produção é o clima, cuja mudança tem impactado cada vez mais o desempenho das lavouras. "Nós precisamos de resiliência e a gente resolve resiliência cuidando do solo e a gente resolve resiliência fazendo com que as áreas produtivas também possam ter uma inserção adequada na paisagem rural", avaliou.
Segundo o presidente do Gaas, o Brasil está em posição privilegiada para adotar a agricultura regenerativa, pois muitos produtores já utilizam práticas sustentáveis e o país depende menos de subsídios em comparação a Estados Unidos e Europa.
Veja a transmissão:
“Nossa possibilidade do ponto de vista da competitividade aumenta muito. Essa competitividade vai ser relevante em função das novas formas de relações econômicas que agora passam a valer. Vai ser muito mais importante a lógica da bilateralidade ou da negociação com o bloco do que a lógica do livro comércio, só acreditando que a bolsa de Chicago determina aquilo que vai ser meu desempenho do ponto de vista da venda da produção", disse Martins.
Ele considera necessário construir uma consciência, não só do agricultor, como da sociedade civil, com o terceiro setor econômico, mostrando a importância estratégica para o Brasil que é a transição. Outro fator importante destacado por Martins é a demonstração do modelo para a compreensão do produtor.
“O agricultor vai adotar a partir do momento que o custo for favorável, o produtor vai adotar na hora que ele experimentar e ver que funciona. O produtor vai adotar a partir do momento que ele perceber que aquilo além de manter melhorar o desempenho dele do ponto de vista que ganha, melhora o desempenho do ponto de vista do sistema", afirmou o presidente.
De acordo com Martins, essas mudanças farão com que o dinheiro da agricultura passe a circular na própria área de produção. “Quando a gente faz a conta do capital envolvido na cadeia da soja, que 60%, que é o dinheiro da cadeia da soja que vai para multinacionais, vai passar a circular nas regiões de produção. Significa circular dinheiro, emprego, estrutura produtiva para atender a necessidade dos agricultores. Não há mudança mais importante de maior alcance. do ponto de vista social e econômico, uma mudança como essa", destacou.
Agropecuária tropical regenerativa
O presidente comentou, ainda, sobre a criação de um documento para definir o conceito de agropecuária tropical regenerativa. Ele também ressalta a importância das políticas públicas para o Brasil ter sua própria agricultura e consequentemente entregar muito mais em termos de produtividade.
“A gente precisa cuidar disso por duas coisas. Primeiro, para mostrar que tem uma coisa própria em nossa, nós vamos ter uma grande oportunidade de ter uma agricultura nossa. Segundo que a gente precisa se proteger contra o greenwashing, nós temos que ter limites para dizer isso aqui é regenerativo tropical, isso aqui não é regenerativo tropical e assim a gente consegue valorizar isso. E nós precisamos disso para poder lidar com a demanda que tá nos chegando. Todo mundo quer comprar regenerativo e vem com uma série de exigências”, disse Martins.
*Estagiário sob supervisão de Rafaela Gonçalves
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