
O Brasil voltou a ganhar posições na edição de 2025 do Ranking de Competitividade Digital do International Institute for Management Development (IMD), conforme dados do estudo divulgado, ontem, pelo instituto suíço em parceria local com a Fundação Dom Cabral (FDC). Na listagem geral, o Brasil ganhou quatro posições, passando da 57ª, em 2024, para a 53ª colocação entre 69 países pesquisados, neste ano.
Apesar de avançar nos três principais fatores pesquisados: conhecimento, tecnologia e prontidão para o futuro, o país ainda segue na lanterna quando ao assunto é talento da mão de obra, subitem no qual o Brasil ficou na 68ª colocação, de acordo com Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da FDC e responsável pelas pesquisas do estudo no país.
"A foto é positiva, mas o Brasil ainda está no último quartil, ao lado dos países africanos, e não temos nenhum comportamento semelhante dos países que estão na liderança, que priorizam, por exemplo, a melhora da classificação no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes)", afirmou o professor, ontem, em entrevista a jornalistas. "A receita de bolo está pronta, mas o Brasil não a segue", lamentou.
Para Tadeu, o país precisa, por exemplo, melhorar a qualificação de engenheiros, por exemplo, porque eles saem da faculdade sem saber desenvolver linhas de código de programação. "Existe uma série de descasamentos que depende de um debate mais qualificado entre governo, empresas e agências de fomento para uma melhor estratégia para o país", disse.
"O relatório traz uma perspectiva concreta: se os formuladores das políticas públicas não lerem esse documento com os pontos de atenção que colocamos, não será possível transformar em resultado positivo para o país", disse Hugo Tadeu. Ele reforçou a defesa de que o país tenha um plano real para melhorar as competências da mão de obra no país com políticas de fomento às universidades, em parceria com a iniciativa privada.
Tecnologia
Apesar de haver recursos do governo para investimentos em tecnologia, o Brasil ainda precisa fazer uma análise melhor das vantagens competitivas, como o agronegócio, para conseguir crescer no aspecto da IA, por exemplo, na avaliação do acadêmico. Ao comentar sobre o plano de investimentos do governo de R$ 23 bilhões até 2028 no desenvolvimento da IA, ele reconheceu que o valor é pequeno se comparado com o investido, por exemplo, pela norte-americana Nvidia, líder no setor, de US$ 500 bilhões.
A avaliação de Hugo Tadeu do desempenho brasileiro apresentou ressalvas também na questão de adoção de novas tecnologias, porque o país ainda precisa enfrentar desafios estruturais que ainda limitam o avanço competitivo. "A ampliação do acesso ao capital de risco, o incentivo à transferência de conhecimento e o fortalecimento na atração e retenção de talentos são medidas fundamentais para transformar o potencial em resultados concretos", de acordo com o estudo. O acadêmico ainda destaca que o país precisa de ações coordenadas entre poder público, iniciativa privada e instituições de ensino. Segundo ele, sói dessa maneira o Brasil poderá consolidar um ambiente mais inovador e produtivo.
Ranking
No ranking global, o Brasil ficou à frente de vários vizinhos latino-americanos, como Colômbia (55º lugar), México (59º), Argentina (60º), Peru (64º) e Venezuela, na última colocação. O Chile foi o melhor classificado da região, na 43ª colocação.
A liderança do ranking ficou com a Suíça, que avançou uma posição, tirando o lugar de Cingapura, que caiu para a terceira colocação. Os Estados Unidos, por sua vez, avançaram da 4ª para a 2ª posição no ranking que, neste ano, passou a incluir três novas economias: Quênia, Omã e Namíbia.
Ambiente regulatório
Segundo o professor, o principal fator proibitivo para alavancar investimentos no país é a insegurança jurídica. Para ele, a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, não é o vilão da história que afugenta investimentos tecnológicos no país.
“O principal problema é o ambiente regulatório, de acordo com as empresas entrevistadas para o estudo. Hoje, a regra é de um jeito. Amanhã é outro. O risco para o capital é elevado”, comentou o acadêmico ao ser questionado pelo Correio.
Conforme dados do estudo, a jornada brasileira rumo a um futuro digital verdadeiramente competitivo depende de dois alicerces inseparáveis: a criteriosa preparação de sua força de trabalho e a consolidação de um ecossistema que fomente ativamente a inovação. Para que essa trajetória avance de forma sólida, torna-se imprescindível uma revisão profunda das políticas educacionais e profissionais, que devem passar a enfatizar o treinamento técnico especializado, ao mesmo tempo em que se expande o investimento estratégico em pesquisa e desenvolvimento.
Hugo Tadeu reforçou, ainda, que uma revisão do currículo é imprescindível para que o país melhore de posição. “Esse movimento de modernização, contudo, só ficará completo com a indispensável adaptação do sistema regulatório, que precisa responder aos ritmos ágeis da era digital”, reforçou Hugo Tadeu
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Apesar de o Brasil ainda estar entre os países menos competitivos do mundo, conforme dados do Ranking de Competitividade Digital do International Institute for Management Development (IMD), divulgado, ontem, o principal fator proibitivo para alavancar investimentos no país é a insegurança jurídica, na avaliação de Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), um dos autores do anuário. De acordo com o professor Hugo Tadeu, a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, não é o vilão da história que afugenta investimentos tecnológicos no país. “O principal problema é o ambiente regulatório, de acordo com as empresas entrevistadas para o estudo. Hoje, a regra é de um jeito. Amanhã é outro. O risco para o capital é elevado”, comentou o acadêmico ao ser questionado pelo Correio. Conforme os dados do Ranking Mundial de Competitividade Digital do IMD, o Brasil ficou na 53ª colocação da lista liderada pela Suíça. Conforme dados do estudo, a jornada brasileira rumo a um futuro digital verdadeiramente competitivo depende de dois alicerces inseparáveis: a criteriosa preparação de sua força de trabalho e a consolidação de um ecossistema que fomente ativamente a inovação. E, para que essa trajetória avance de forma sólida, torna-se imprescindível uma revisão profunda das políticas educacionais e profissionais, que devem passar a enfatizar o treinamento técnico especializado, ao mesmo tempo em que se expande o investimento estratégico em pesquisa e desenvolvimento. Hugo Tadeu reforçou, ainda, que uma revisão do currículo é imprescindível para que o país melhore de posição. “Esse movimento de modernização, contudo, só ficará completo com a indispensável adaptação do sistema regulatório, que precisa responder aos ritmos ágeis da era digital”, reforçou Hugo Tadeu

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