POLÍTICA MONETÁRIA

Haddad afirma que, se fosse diretor do BC, votaria pelo corte de juros

No primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, ministro da Fazenda critica o atual patamar da taxa de juros, de 15% ao ano "é muito restritiva" e a dose do remédio percisa ser revista

Ministro da fazenda, Fernando Haddad, em evento em São Paulo organizado pela Bloomberg
 -  (crédito: Reprodução YouTube)
Ministro da fazenda, Fernando Haddad, em evento em São Paulo organizado pela Bloomberg - (crédito: Reprodução YouTube)

No primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se fosse diretor da instituição, votaria pelo corte de juros, em um claro recado ao presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo da pasta. 

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A taxa básica da economia (Selic), de 15% ao ano, está maior patamar desde julho de 2006, e, de acordo com o consenso do mercado, o BC manterá o conservadorismo e não deverá mexer nos juros nesta semana. 

“Eu não sou diretor do Banco Central. Se eu fosse, votava pela queda, porque uma taxa de juro real (descontada a inflação) de 10% ao ano não se sustenta”, afirmou o ministro, nesta terça-feira (04/11), em evento sobre investimentos na área de meio ambiente organizado pela Bloomberg, em São Paulo, a poucos dias da reunião de cúpula de líderes da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, a COP 30, em Belém.

O chefe da equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que o Banco Central está aplicando “uma dose excessiva de medidas monetárias restritivas em sua luta contra a inflação, prejudicando a economia”. “Temos uma taxa muito restritiva”, disse. Não estamos discutindo se ela precisava ser tão restritiva, mas sim a dose do remédio”, acrescentou.

O ministro defendeu que está na hora de os juros começarem a cair diante da melhora das expectativas de inflação. Conforme dados do boletim Focus, coletados pelo BC, a mediana das estimativas do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi revisada para baixo pela sexta semana seguida, passando para 4,55% no último relatório. Há quatro semanas, a mediana estava em 4,80%. “Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, eles vão ter que cair. Não tem como sustentar 15% de juros reais com a inflação batendo 4,5%”, afirmou. “Na minha opinião, já é hora de começar a pensar em mudar o rumo”, acrescentou.

A mensagem de Haddad tinha endereço certo: o presidente do BC, Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo da Fazenda e indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar o Banco Central. O tom das críticas ao BC foi ameno, diferente de quando a autoridade monetária era Roberto Campos Neto, que deixou o cargo em 2024. “Há países mais desenvolvidos que o Brasil onde o debate entre o presidente e o presidente do Banco Central é acirrado”, afirmou.

O ministro também voltou a criticar o excesso de renúncia fiscal que comprimem as contas públicas e afirmou que tem pedido ao Congresso uma revisão desses gastos, sem sucesso. Pelas estimativas recentes da Fazenda, a conta de subsídios gira em torno de R$ 800 bilhões. E, ao rebater as críticas do mercado de que a piora do quadro fiscal força o BC a manter a taxa Selic elevada e ao fato de que o governo tem procurado retirar despesas do resultado primário para cumprir a meta fiscal, pelo piso, em vez de se preocupar em atingir o centro da meta que, neste ano, é de deficit zero, o ministro atribuiu o crescimento da dívida pública às altas taxas de juros. 

Haddad ainda citou dados positivos da economia, como as quedas recentes da inflação e do desemprego, e demonstrou confiança em relação à reeleição do presidente Lula nas eleições de 2026, e afirmou que o petista “sempre entrega um mandato melhor do que o anterior". “Os investidores estão preocupados com o quarto mandato de Lula. Estamos entregando resultados, em todos os aspectos, melhor do que o anterior e no quarto não vai ser diferente”, frisou. 

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postado em 04/11/2025 16:51 / atualizado em 04/11/2025 18:03
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