Benefício

Maioria dos pais ainda tira apenas 5 dias de licença no Brasil

Levantamento da VR mostra baixa adesão por parte das empresas à licença-paternidade estendida e reforça desigualdade no cuidado com os filhos

Licenças mais longas, acima de 20 dias, seguem sendo exceção — apenas 11% dos pedidos registrados entre as 33 mil empresas analisadas -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Licenças mais longas, acima de 20 dias, seguem sendo exceção — apenas 11% dos pedidos registrados entre as 33 mil empresas analisadas - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Mesmo com o avanço das discussões no Congresso para ampliar a licença-paternidade, a prática nas empresas brasileiras ainda está longe de refletir essa mudança. Um levantamento da VR, empresa especializada em gestão de pessoas, revela que 77% dos pais utilizam apenas os cinco dias de afastamento garantidos por lei. Licenças mais longas, acima de 20 dias, seguem sendo exceção — apenas 11% dos pedidos registrados entre as 33 mil empresas analisadas.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

Para prolongar o tempo com os filhos, muitos trabalhadores acabam recorrendo ao uso de férias, banco de horas ou folgas. Licenças acima de 120 dias são praticamente inexistentes — apenas um caso foi registrado em 2023 e nenhum desde então.

Entre as mães, o cenário também mostra estagnação. A licença-maternidade continua concentrada no prazo de 120 dias previsto na legislação. A adesão ao programa Empresa Cidadã, que permite a ampliação para 180 dias, tem diminuído. No primeiro semestre de 2025, apenas 6% das licenças ultrapassaram os quatro meses, ante 10% em 2024 e 12% em 2023.

A disparidade de gênero no cuidado familiar também aparece nos atestados médicos: 70% foram apresentados por mulheres e apenas 30% por homens, segundo o Painel de Impacto Social da VR.

Para especialistas, os dados evidenciam que o peso do cuidado com filhos e familiares ainda recai majoritariamente sobre as mulheres. “Os números revelam a distância entre a legislação e as necessidades reais das famílias. Ampliar a licença não é dar uma folga ao pai, mas empoderá-lo para assumir um papel ativo no lar, dividir responsabilidades e liberar o potencial de carreira das mulheres. É um investimento concreto no equilíbrio entre vida familiar e profissional”, afirma Adriana Conconi, diretora de Dados e Mensuração de Impacto da VR.

O Congresso discute atualmente a ampliação gradual da licença-paternidade para até 20 dias, projeto que divide opiniões entre governo e oposição. Enquanto defensores apontam ganhos sociais e de igualdade de gênero, a oposição ao governo reclama do impacto financeiro nas micro e pequenas empresas.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular


  • Google Discover Icon
postado em 05/11/2025 18:16
x