Contas públicas

Lobbies no Congresso dificultam avanço da agenda fiscal, afirma Tebet

Ministra diz que propostas como BPC, desoneração da folha e PEC dos Supersalários foram travadas por pressões políticas e pede apoio do setor financeiro para destravar a pauta

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira (24/11) que o governo federal tem enfrentado obstáculos significativos para avançar em reformas e medidas fiscais consideradas fundamentais para o equilíbrio das contas públicas. 

Segundo ela, a atuação de lobbies no Congresso, inclusive vindos de outros Poderes, tem limitado o avanço de propostas prioritárias da equipe econômica. "O Poder Executivo tentou. Muitas vezes tivemos lobbies de outros Poderes, inclusive, que impediram que pudéssemos avançar nas reformas fiscais", declarou durante o encontro anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Tebet citou como exemplo iniciativas travadas no Legislativo, incluindo alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC), o fim da desoneração da folha de pagamento, a inclusão do Fundo Constitucional do Distrito Federal no novo arcabouço fiscal e a chamada PEC dos Supersalários.

De acordo com a ministra, parte dessas medidas poderia resultar em economia de até R$ 15 bilhões por ano, valor relevante para reduzir pressões sobre o orçamento.

A ministra afirmou ainda que o próprio Congresso enfrenta dificuldade em avançar em pautas de revisão de gastos, consideradas essenciais pelo governo para dar sustentabilidade à política fiscal.

"Portanto, quando se fala de revisão de gastos, o Congresso também tem dificuldade em avançar. E aqui entram vocês, agentes do mercado. Que vocês possam ser parceiros do Brasil com muita ação, levando a palavra das senhoras e dos senhores, não só para dentro do Poder Legislativo, mas para dentro do Congresso Nacional", disse Tebet.

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Engajamento do setor financeiro

Durante sua participação no evento da Febraban, Tebet fez um apelo direto ao setor financeiro para que auxilie o governo na articulação política necessária à aprovação das reformas. Segundo ela, o engajamento de agentes do mercado pode ajudar a destravar propostas emperradas e acelerar a agenda fiscal em um momento em que o governo busca reforçar a confiança na condução econômica.

A ministra também ressaltou que o Executivo continuará empenhado em discutir alternativas com o Legislativo, mas reforçou que o apoio externo, especialmente de setores com influência na formulação de políticas públicas, será decisivo para garantir a tramitação das medidas.

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