
A relação entre decisões urbanas, limites ambientais e transformações tecnológicas compõem o centro de debates atuais sobre desenvolvimento no momento atual, em que os desastres climáticos estão mais intensos e mais frequentes. O desenvolvimento sustentável é o resultado de uma boa combinação entre a preservação e a corrida pelo progresso, de acordo com especialistas.
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Na avaliação de Alessandro Lopes, arquiteto e urbanista, mestre em Direito Ambiental e pesquisador de cidades inteligentes, observa que escolhas sobre ocupação e transformação urbana refletem impactos permanentes. Ele destaca ainda que o desenvolvimento econômico depende da leitura prévia dos limites ambientais e sociais que condicionam o território.
"O verdadeiro desafio nunca foi impedir o crescimento econômico, mas impedir que ele desgaste o território que o sustenta. Desenvolvimento que ignora limites ambientais e sociais não projeta futuro, o compromete. A definição do que deve permanecer exige mais do que ritos formais. Ela nasce da ciência, da escuta social e da sensibilidade territorial," explica o arquiteto.
Lopes ressaltou que impactos climáticos já provocam a revisão de políticas municipais. Segundo ele, algumas cidades têm refeito os planos diretores, ampliado corredores ecológicos e atualizado normas de uso do solo para adequar ocupações aos ciclos naturais. "O clima deixou de ser cenário e tornou-se condicionante do desenvolvimento", ressalta.
As mudanças climáticas afetam diretamente as cidades e esses impactos estavam nas discussões entre vários prefeitos e representantes dos países que participaram da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas (COP30), em Belém, no mês passado.
Para o especialista em direito ambiental, grandes obras mobilizam forças e interesses diversos da sociedade, dos governos e do setor privado. "Há interesses legítimos, como geração de emprego, logística e mobilidade. Há também pressões para acelerar processos, reduzir exigências ou tratar o estudo ambiental como mero protocolo. Mas a política não acompanha o ritmo dos ciclos naturais, tampouco o tempo das comunidades afetadas", explica Lopes.
A visão do setor privado também aponta para a busca de equilíbrio. Washington Vasconcelos, CEO da Yonder Incorporadora e Construtora, destacou que decisões do setor dependem da compatibilização entre retorno econômico e exigências legais. "É preciso ter equilíbrio, mesclando produtos, onde o verde e a parte ambiental estejam presentes", afirma.
Segundo Vasconcelos, grandes empreendimentos são definidos pelas condições do local e pelos impactos previstos. "O mais importante nessas decisões é um conjunto: um mix entre VGV, localização e preservação ambiental", destaca.
Ao ver do empresário, políticas públicas, por sua vez, evoluem conforme os efeitos das obras. "Os impactos ambientais funcionam como um GPS do que deve ou não ser construído", afirmou, citando licenciamento e exigências de sustentabilidade como condicionantes diretas de novos projetos.
Impactos ambientais
Vasconcelos destaca, ainda, que os impactos ambientais influenciam diretamente as políticas públicas de desenvolvimento, principalmente na construção civil, que é a que mais transforma o todo ao redor das cidades. "Sempre que surgem problemas como excesso de resíduos, desmatamento, poluição ou construções, que mudam muito o ecossistema, o governo é obrigado a repensar e a criar novas regras que surgem em resposta a impactos observados em obras anteriores e funcionam como parâmetros para novas intervenções," acrescenta.
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Essas questões estarão no centro do debate promovido pelo Correio, em 10 de dezembro de 2025, dentro do evento CB Debate Desafios 2026: o protagonismo do Brasil no cenário mundial. A programação inclui o painel "Entre a preservação e a corrida pelo progresso". O evento contará com transmissão ao vivo a partir das 9h.
*Estagiário sob a supervisão de Rosana Hessel
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