A economia do Nordeste vem crescendo nos últimos anos e se consolidando como um dos principais vetores do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Dados do relatório macrorregional do Nordeste do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) mostram que a região teve o maior crescimento de rendimento domiciliar per capita, entre 2012 e 2024, de 26,7%, superior ao da média nacional, de 18,9%.
Entretanto, conforme o estudo do Ibre, a região segue com menor rendimento per capita do país, de R$ 1.319, em 2024, o equivale a 65% da média nacional. Com isso, a economia nordestina permanece dependente das políticas públicas e dos programas sociais.
Os setores de serviço e comércio, as atividades econômicas com maior saldo de empregos formais na região, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são sensíveis à eficácia de políticas públicas. O monitoramento de medidas de estímulo, como os programas de crédito voltados às famílias, é essencial, segundo especialistas.
O Banco do Nordeste (BNB), uma das principais instituições que fortalecem a economia da região, tem diversos programas e estratégias para o crescimento sustentável e inclusivo da região, informou o presidente do BNB, Wanger de Alencar Rocha. Segundo ele, o banco segue focado em ampliar o microcrédito, fortalecer setores estratégicos como energia renovável, agro sustentável, indústria e tecnologia, e as novas contratações de empréstimos avançam no ritmo de dois dígitos.
"A estratégia é simples: crédito bom, orientação e proximidade com o território. Os resultados do último trimestre mostram que os financiamentos do banco permanecem em evolução. Tivemos R$ 51 bilhões em novas contratações — 16,2% a mais que no mesmo período do ano passado — e desembolsamos R$ 48 bilhões até setembro. Isso reflete uma demanda muito forte da região e a nossa capacidade de atender bem."
O executivo contou que conciliar crescimento econômico com redução de desigualdades é o "coração" do banco e que a principal maneira de reduzir as diferenças financeiras é dando crédito com orientação e construindo autonomia econômica. No terceiro trimestre do ano, o BNB registrou crescimento de 22,9% no resultado operacional, para R$ 3,7 bilhões, e avanço de 30,7% no lucro líquido, para R$ 2 bilhões. "Modernizamos processos internos, ampliamos parcerias e estamos aproximando o mercado da região com iniciativas como o Fórum do Investidor. Estamos nos tornando um banco mais ágil e mais conectado com os novos setores da economia", disse.
Mudança estrutural
O Nordeste vive uma mudança estrutural. Com a expansão da transição energética sendo um dos destaques, a região tem a maior capacidade instalada de energia solar e eólica do país, de acordo com dados do Ministério da Fazenda.
Na avaliação do diretor de Planejamento do Banco do Nordeste, Aldemir Freire, a região vem se consolidando nos últimos anos como o principal motor da expansão do setor elétrico brasileiro. "Há um consenso mundial que não há transição energética mundial sem passar pelo Brasil. E a gente replica essa máxima para duas outras: não há transição energética brasileira que não passe pelo Nordeste, e não há transição energética do Nordeste que não passe pelo Banco do Nordeste", afirmou.
Freire apontou que a região inverteu a lógica de décadas, de uma região deficitária, passou a produzir significativamente mais energia elétrica do que consome, especialmente a partir de 2010. De acordo com o diretor, o volume de crédito do BNB para energia elétrica tem sido significativo, totalizando cerca de R$ 43 bilhões, de 2018 a setembro de 2025. Desse montante, R$ 19 bilhões foram destinados para energia solar; R$ 21 bilhões a R$ 22 bilhões para energia eólica; e R$ 2 bilhões para geração distribuída. "Essa área da energia como uma grande oportunidade histórica para a região. Nunca teve uma oportunidade em um segmento tão central para a economia brasileira e mundial, e com as vantagens que a região tem, que são as vantagens locacionais imbatíveis, tanto de sol quanto de vento", relatou.
Além do setor de energia renovável, segundo o presidente do BNB, a instituição tem interesse em transformar outros setores, como agronegócio sustentável, turismo, economia criativa, serviços tecnológicos, infraestrutura e indústria, em cadeia de valores robustos para a região. Para ele, nos próximos 10 anos, o Nordeste tem grandes oportunidades, mas o grande desafio é transformar o potencial da região em projetos sólidos e escaláveis, com boa governança e impacto social.
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Para aprofundar esse debate, autoridades, especialistas e lideranças se reúnem em um encontro, realizado pelo Correio Braziliense, em parceria com o BNB, nesta quinta-feira (4/12). O seminário CB Debate: Os avanços do Nordeste. O objetivo é promover uma reflexão estratégica com especialistas sobre como o Nordeste pode continuar expandindo sua capacidade produtiva e social, de forma sustentável e equilibrada. O evento terá início às 8h30 e será transmitido pelas redes sociais do Correio.
*Estagiário sob a supervisão de Rosana Hessel
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