Mercado

Dólar tem maior alta diária desde abril com anúncio de Flávio Bolsonaro

O Ibovespa derreteu e fechou em queda de 4,31%, após ter batido máxima histórica no mesmo pregão, ultrapassando os 165 mil pontos

A confirmação de Flávio Bolsonaro (RJ) como nome do PL para concorrer ao Planalto na esteira do espólio bolsonarista não chegou bem aos ouvidos dos agentes do mercado financeiro nesta sexta-feira (5/12). Logo após os primeiros rumores surgirem, no início da tarde, o dólar, que operava em leve baixa, logo virou para alta e permaneceu assim até o final do pregão, quando fechou em alta de 2,28% — a maior desde 10 de abril de 2025 —, cotado a R$ 5,43.

O movimento também encerrou uma sequência de três quedas seguidas da moeda norte-americana ante o real. No exterior, o Índice DXY, que mede a força do dólar ante as outras principais divisas mundo afora — ficou praticamente estável ao longo do dia, diante de um noticiário esvaziado, e encerrou a sexta-feira com uma leve alta de 0,02%.

Ao mesmo tempo, o mercado acionário também reagiu negativamente à indicação do filho 01. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) desabou 4,31%, aos 157.369 pontos no fechamento da sessão, após ter batido recorde nominal no mesmo dia, pouco acima dos 165 mil pontos. Do “céu ao inferno”, a bolsa registrou a pior queda diária desde 22 de fevereiro de 2021, quando caiu 4,87%.

A queda foi realmente generalizada. Os principais bancos foram os que mais pesaram no final das contas para o resultado negativo. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram queda de 7,07%, enquanto Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) desvalorizaram 5,97% e 4,62%, respectivamente. A maior queda do dia foi do grupo de serviços em educação e tecnologia YDUQS, que recuou mais de 10% no fechamento.

A indicação do nome de Flávio Bolsonaro para concorrer ao Planalto em 2026 foi confirmada pelo próprio senador em uma rede social. “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu o filho 01 do presidente, no X.

Incerteza nos cenários

Na visão de analistas do mercado financeiro, a escolha de Flávio para herdar o espólio eleitoral do pai enfraquece as pretensões da centro-direita nas eleições do próximo ano e aumenta as chances de uma possível reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o especialista em investimentos da Nomad Bruno Shahini, o pregão desta sexta-feira foi marcado por forte aversão ao risco devido a esse cenário.

“A confirmação de mudanças relevantes no cenário eleitoral de 2026, com a indicação do senador Flávio Bolsonaro para o pleito presidencial pelo ex-presidente, elevou a incerteza sobre a articulação política da oposição e desencadeou um ajuste generalizado de preços”, comenta.

Já para o analista da Levante Investimentos Flávio Conde, a escolha de Flávio Bolsonaro para ser candidato a presidente seria mais um teste do próprio ex-chefe do Executiva em relação ao nome do filho nas pesquisas de intenção de voto. “Além disso, e talvez o motivo real, seria Jair conseguir colocar alguém da família e de confiança como candidato a vice-presidente na chapa da centro-direita, provavelmente, com Tarcísio de candidato a presidente”, avalia.

Em ambos os casos, o analista considera ruim para candidatura de Tarcísio. “Porque as pesquisas indicam que boa parte dos eleitores quer alguém que não tenha o sobrenome Bolsonaro, que perdeu muita força e se tornou um 'tirador' de votos, pós a combinação de Eduardo Bolsonaro defendendo o tarifaço de 50% de Trump ao Brasil e a condenação e prisão de Jair Bolsonaro pela trama golpista de 8 de janeiro de 2023”, acrescenta.

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