Apesar das críticas ao Banco Central por ter demorado na decisão de liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada em 18 de novembro, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jonathan de Jesus questionou a atuação da autoridade monetária no processo, alegando precipitação, e deu um prazo para que a instituição se manifeste em até 72 horas.
Em despacho datado de quinta-feira, o ministro Jonathan de Jesus solicitou que o BC apresente esclarecimentos e documentações pertinentes relacionados ao processo de liquidação do Master, que ocorreu quase dois meses após o BC barrar a compra da instituição privada pelo Banco de Brasília (BRB), que havia sido anunciada no fim de março deste ano.
De acordo com o documento, uma representação formulada pelo Ministério Público junto ao TCU "suscita indícios de falhas na supervisão exercida pelo Banco Central sobre o Banco Master S.A. e suas controladas, culminando na decretação de sua liquidação extrajudicial". Na justificativa, o órgão argumenta ainda que "a atuação do BC pode ter sido marcada por omissões e insuficiência de reação tempestiva aos sinais de degradação financeira da instituição, comprometendo a eficácia do marco regulatório e ampliando o risco sistêmico".
O despacho do ministro do TCU questiona os motivos que levaram a autoridade monetária a adotar o que classificou como uma "medida extrema" e precipitada ao decretar a liquidação extrajudicial. Ele afirma que os argumentos do MP "reforçam a plausibilidade das preocupações manifestadas e recomendam atuação fiscalizatória célere" e sugere que o BC pode ter errado ao decretar a liquidação extrajudicial e, consequentemente, ao acionar recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é mantido pelo bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O ministro também determinou sigilo do processo.
Procurada pelo Correio, a assessoria do Banco Central informou que o órgão "não se manifesta sobre processos em curso junto a órgãos de controle". Na quinta-feira, em entrevista aos jornalistas durante a apresentação do Relatório de Política Monetária (RPM), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou que está bastante tranquilo em relação ao processo que levou até a decretação da liquidação do Banco Master. Ao ser questionado sobre a convocação de diretores pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para dar explicações, Galípolo afirmou que o BC estará à disposição do Supremo. "Tudo está devidamente documentado e estamos à disposição do Supremo para dar todo tipo de suporte no processo de investigação", afirmou.
Autonomia
Após a divulgação do despacho do TCU, ontem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) emitiram nota manifestando apoio ao Banco Central.
De acordo com a Febraban, é necessário confiar nas decisões da autoridade monetária. A entidade aproveitou para defender a autonomia institucional do BC, ao frisar que "deposita plena confiança nas decisões do Banco Central, em todos os seus âmbitos de atuação: sob a ótica da regulação, da supervisão, da política monetária e da política cambial".
Para a Febraban, a solidez e resiliência do setor bancário e a independência do regulador do sistema financeiro são um ativo e um patrimônio nacional. "O setor bancário brasileiro tem enorme relevância para assegurar a proteção dos depósitos e dos investimentos das famílias e das empresas", destaca a entidade, que também pontua que o sistema financeiro só seria sólido, moderno e íntegro com uma "regulação firme e supervisão vigilante". "É imprescindível garantir a independência institucional e a autoridade do Banco Central", destaca em nota, a federação.
A ABBC também saiu em defesa do Banco Central e dos funcionários da autoridade monetária. "O Banco Central possui um quadro altamente qualificado e plena capacidade técnica para subsidiar suas decisões e, como autarquia independente, conta com a confiança da ABBC em todas as deliberações relacionadas a este assunto", destacou o comunicado. "Adicionalmente, é essencial preservar a autonomia e a segurança jurídica da autoridade monetária, garantindo que as instituições funcionem em harmonia e resguardando seus servidores. O sistema financeiro nacional precisa de um Banco Central forte e com segurança jurídica em suas decisões", acrescentou.
Legitimidade
Para o professor de Economia do Ibmec-RJ Gilberto Braga, no entanto, o problema não se trata de interferência na autonomia do Banco Central e explica que a função do TCU é apenas de fiscalizar os órgãos públicos. "A cobrança é legítima e espera-se que o Banco Central responda com os dados internos que possui sobre o Banco Master, de forma a justificar a decisão pela liquidação. Por se tratar de um caso de relevância financeira e também política em razão dos nomes citados até o momento, há interesse que os fatos sejam adequadamente esclarecidos e revelados para os interessados e para a população em geral", avalia.
Sobre o processo em si, a advogada especializada em contencioso estratégico e financeiro, e head de contencioso no CBA Advogados Marília Milani frisa que decretar a intervenção ou a liquidação extrajudicial de uma instituição financeira não é uma tarefa simples e fácil, que ocorre da noite para o dia. "O arcabouço regulatório do Banco Central é bem estruturado, baseado em normas e padrões internacionais, e por terem o privilégio de participar do Sistema Financeiro Nacional, as instituições financeiras devem obedecer e se submeter às regras e aos procedimentos estabelecidos pelo BC", pontua. A autoridade monetária ainda não respondeu aos questionamentos do ministro até o fechamento desta edição.
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