Futebol

Trinta anos do tetra: Como Brasília abraçou quatro heróis da Copa de 94

Correio conta a relação de quatro campeões da Copa de 1994 com o DF. Márcio Santos conquistou título candango no Gama, Branco foi técnico do Sobradinho, Dunga inaugurou Bezerrão como treinador da Seleção e Romário virou senador

Branco, Dunga, Márcio Santos e Romário: relação profissional e afetiva com o futebol e a política do Distrito Federal -  (crédito: pacifico)
Branco, Dunga, Márcio Santos e Romário: relação profissional e afetiva com o futebol e a política do Distrito Federal - (crédito: pacifico)

Dezessete de julho de 1994. Taffarel; Jorginho (Cafu), Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Viola); Bebeto e Romário bordam a estrela do tetra na camisa da Seleção no Estádio Rose Bowl, em Pasadena, depois do 0 x 0 no tempo regulamentar e triunfo por 3 x 2 nos pênaltis contra a Itália.

O pouso do avião da Varig no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek no início da carreata com destino ao Palácio do Planalto para as homenagens do presidente da República Itamar Franco (1930-2011) depois da passagem por Recife parecia cumprimento de agenda na capital. Não para quatro dos 22 protagonistas do fim do jejum de 24 anos. Os acertos de Romário, Branco e Dunga, uma defesa de Taffarel e os erros de Baresi, Massaro e Roberto Baggio exorcizaram traumas e criaram cordões umbilicais com o DF.

Trinta anos depois, o Correio Braziliense lembra as relações do zagueiro Márcio Santos, do lateral-esquerdo Branco, do capitão Dunga e do centroavante Romário com a capital do país depois da catarse nacional provocada pelos comandados do técnico Carlos Alberto Parreira e do fiel escudeiro dele, Mário Jorge Lobo Zagallo (1931-2024).

 

"O Sobradinho foi a minha maior experiência como técnico. Fui ao supermercado comprar chinel, toalha pra jogador. Arrependo de ter ido para o Guarani"" Branco, ao Correio, sobre a experiência no Leão da Serra

 

Márcio Santos iniciou a Copa cheio de moral. Era o parceiro de Ricardo Rocha na defesa na estreia contra a Rússia até o colega se machucar e dar lugar a Aldair. Ambos fizeram uma Copa impecável: três gols sofridos. Márcio Santos anotou o segundo gol na vitória por 3 x 0 contra Camarões na fase de grupos, mas assustou a torcida nos pênaltis contra a Itália. Dois beques abriram a série. Baresi errou. Márcio também. Para sorte dele, os "Santos" do sobrenome o protegeram.

O tetra abriu portas para o beque na Fiorentina, Ajax, Atlético-MG, São Paulo, Santos e no... Gama! "Precisávamos de um zagueiro. O Santos não tinha mais interesse nele por causa de uma lesão, mas o Márcio estava curado e nós o trouxemos. Ficamos muito satisfeitos. Jogador sério e experiente", diz Edvan Aires, ex-supervisor alviverde.

Wagner Marques era o presidente do Gama. Assinou o contrato. Márcio Santos desembarcou para ajudar o Gama a conquistar o penta consecutivo no Candangão em 2001, no Serejão, contra o Brasiliense. "Ele ganhou o Candangão, ficou para a Série A do Brasileirão e evitou o rebaixamento. Muito boa pessoa. Quando acabou o acordo, ele teve que voltar para Camboriú (SC), onde me parece que ele tinha um shopping. Educado, gentil e muito bom atleta. Foi uma bela passagem", elogia o empresário.

 

"Gostei da experiência em Brasília. Período intenso. Conseguimos ser campeões do Candangão (em 2021), mais um título na minha carreira. òtimas recordações" Márcio Santos, ao Correio, sobre a passagem pelo Gama em 2001

 

Autor do gol salvador contra a Holanda na vitória por 3 x 2 pelas quartas de final e do penúltimo pênalti contra a Itália, Branco morou em Brasília. Foi técnico do Sobradinho em 2013. "A proposta (do então presidente Ricardo Vale) foi muito consistente, um trabalho de estruturação do futebol do Sobradinho,. Eu vi o que o basquete havia feito com a cidade, com o Brasil, e tentamos repetir no futebol", lembra Branco ao . Houve parceria entre UniCeub e o Leão da Serra.

Capitão do tetra desde a barração do camisa 10 Raí para a entrada de Mazinho no meio de campo, Dunga segurava a taça na viatura do corpo de bombeiros na carreta até o Palácio do Planalto. Catorze anos depois, era o técnico da Seleção na reinauguração do Bezerrão, em 19 de novembro de 2008. O Brasil humilhou Portugal por 6 x 2. Há outras nostalgias. "Fomos jogar o showbol contra o Maradona uma vez (no Nilson Nelson), mas 1994 é a maior recordação. O futebol quebra todos os paradigmas. Sempre ouvi que Brasília é uma cidade fria. Nós fomos aí depois das Copas de 1994 e de 1998 e estava cheio, o povo alegre. Como uma cidade formada por brasileiros de todos os cantos do país pode ser fria? Mas vendem isso", diz ao Correio o autor da última cobrança de pênalti do Brasil contra a Itália.

Artilheiro da Seleção na Copa com cinco gols, Romário abriu a janelinha do avião em Brasília com a bandeira do Brasil e a taça. Recebido no Palácio do Planalto, não imaginava que um dia trabalharia ali perto, no Congresso Nacional. Virou o senador Romário e comparou a capital com a concentração ao tomar posse. "Nunca gostei de treinar nem de ficar em concentração, mas não deixei de ter sucesso. Vou ficar em Brasília de terça a quinta, como os outros. Não vou deixar de fazer o que gosto: meu futevôlei, a pelada com os amigos, as noitadas", afirmou à revista Veja sobre a nova rotina. 

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postado em 17/07/2024 11:00 / atualizado em 17/07/2024 11:12
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