Futebol

Oscilação do clima nas sedes vira desafios para clubes na Copa do Mundo

Variação de frio e calor nas cidades dos Estados Unidos é missão extra para os times envolvidos na luta pelo título mundial. Professora cita consequências da mudança repentina

Atacante do Ulsan, da Coreia, o gaúcho Erick Farias sofre com o verão    -  (crédito: Megan Briggs/AFP)
Atacante do Ulsan, da Coreia, o gaúcho Erick Farias sofre com o verão - (crédito: Megan Briggs/AFP)

Antes de iniciar a Copa do Mundo de Clubes um fator era comentado: a temperatura. Sede da competição, os Estados Unidos entram, amanhã, no verão, desafiando as equipes a se exiberem em situações de extremo calor. Mas não tem sido assim em todo o país. Palmeiras e Porto enfrentaram a chuva de New Jersey, enquanto PSG e Atlético de Madrid duelaram sob sensação térmica acima dos 32°C. Nesta rodada, o Botafogo terá o ardor de Los Angeles como adversário, enquanto Palmeiras e Fluminense podem ter o "luxo" de tempo ameno. Acostumado ao Rio de Janeiro, o Flamengo pode ter de jogar com termômetro na casa dos 20ºC.

Professora de educação física do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Leandra Batista acredita que brasileiros podem tirar proveito das altas temperaturas. "Estudos no campo da fisiologia do exercício indicam que atletas acostumados a climas quentes possuem vantagem em altas temperaturas, pois o organismo está mais adaptado à termorregulação. Isso significa melhor capacidade de dissipar calor e manter o equilíbrio hídrico durante a atividade física. Times europeus, acostumados a treinar e competir em ambientes mais frios, podem sofrer mais com o calor súbito, especialmente se não houver tempo suficiente para adaptação", analisa.

Lateral-direito do Atlético de Madrid, Marcos Llorente reforça a tese. "É impossível (jogar), um calor horrível. Meus dedos dos pés estavam doloridos, minhas unhas doíam, eu não conseguia frear nem arrancar. É inacreditável, mas como é igual para todos, igual para todos... Não há do que reclamar", protestou.

A diferença de clima entre as sedes pode trazer consequências. "A mudança repentina de temperatura e umidade exige do organismo uma adaptação rápida, o que pode comprometer a performance, principalmente em esportes de alta intensidade. Em temperaturas elevadas, por exemplo, há maior demanda sobre o sistema de termorregulação, o que pode levar à fadiga precoce, desidratação e até distúrbios eletrolíticos", explica Batista.

Na terça, em Orlando, o duelo entre os sul-africanos do Mamelodi Sundowns e os coreanos do Ulsan foi adiado em 55 minutos devido à ameaça de tempestade, raios e rajadas de vento. Antes da partida, o calor era extremo. O time da África venceu por 1 x 0. O cenário foi semelhante, ontem, em Cincinatti. O triunfo simples do RB Salzburg, da Áustria, sobre o Pachuca, do México, foi interrompido durante o segundo tempo. O penúltimo treino do Flamengo foi atrasado por causa de descargas elétricas na região.

O Palmeiras ainda viajará para a Flórida, onde enfrenta o Inter de Miami, sob 27ºC. O Botafogo continuará sofrendo com o calor nesta fase, pois os confrontos serão na Califórnia.

A dupla Fla-Flu não sofrerá tantas alterações. O Fluminense repetirá a partida em Nova Jersey, sob as mesmas condições do Palmeiras. Posteriormente, seguirá para a Flórida. O Flamengo permanece na Filadélfia, mas terá de se adaptar ao tempo de Orlando.

*Estagiária sob a supervisão de Victor Parrini

postado em 19/06/2025 06:00
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