
Marrocos foi o primeiro adversário da Seleção Brasileira no início do trabalho rumo à Copa do Mundo de 2026. O técnico interino Ramón Menezes viu a Amarelinha perder por 2 x 1 no amistoso e deu indícios de que o ciclo seria turbulento. Curiosamente, a nação africana, semifinalista no Mundial de 2022 no Catar abrirá o caminho do Brasil na caça ao hexa no próximo ano. Aliás, o Grupo C do qual a trupe de Carlo Ancelotti faz parte lembra muito o da campanha vice-campeã na edição de 1998. Naquela edição, o técnico Mário Jorge Lobo Zagallo orquestrou a equipe à vitória por 2 x 1. A única diferença entre a chave da campanha na França e a da próxima é o Haiti no lugar da Noruega. A memória mais recente contra os haitianos é goleada por 7 x 1 na edição centenária da Copa América, em 2016, nos Estados Unidos.
O Brasil foi o primeiro cabeça de chave sorteado. O Grupo C contraria a vontade de Carlo Ancelotti. O dono da prancheta da Seleção há 208 dias tinha a preferência pela chave G, devido à logística. O desejo do italiano era ter uma base de treinamento na Costa Leste, devido ao clima mais ameno. Porém, terá de contentar em ficar no lado leste dos EUA.
A estreia do Brasil será contra Marrocos, em 13 de junho. O local e o horário serão confirmados hoje, às 14h. Boston e Nova York são as possibilidades. Os marroquinos representam a evolução do futebol africano, nas categorias de base e no profissional. Orgulham-se do quarto lugar na Copa do Mundo do Catar e de um trabalho sólido. O treinador é Walid Regragui, contratado três meses antes do Mundial de 2022. Hoje, acumula mais experiência e respaldo. A equipe está há 13 jogos invicto. O principal sistema tático adotado é o 4-3-3, com variações para 4-2-3-1 e 4-1-4-1. O craque da companhia é o lateral-direito Acharaf Hakimi, estrela do Paris Saint-Germain e considerado um dos melhores do mundo. Velho conhecido de Ancelotti dos tempos de Real Madrid, o meia-atacante Brahim Díaz é o camisa 10. Hoje, empate ou derrota contra eles pode ser considerado normal.
O Haiti será o 50º adversário diferente do Brasil em Copas e não deve oferecer riscos no dia 19. O duelo pode ser encarado como oportunidade para focar em turbinar o saldo de gols para confirmar a liderança e um caminho menos árduo no mata-mata. Assim como a Seleção Brasileira, delegam, desde 2014, a prancheta a um europeu, o francês de Sébastien Migné. Longe de ter um material humano refinado como os outros candidatos do grupo, é uma equipe que aposta muito na imposição física. Jogarão com humildade e, possivelmente, com linha de cinco ou de seis defensores para conter os pontas e os meias verde-amarelos.
O confronto é simbólico e resgata uma memória. Em 2004, o Haiti se recuperava de catástrofes naturais e de uma crise política após golpe de Estado do presidente Jean-Bertrand Aristide, que gerou instabilidade e resultou numa guerra civil. A Organização das Nações Unidas (ONU) instalou uma Missão de Estabilização, liderada por tropas brasileiras para ajudar na segurança e reconstrução do país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou a Seleção Brasileira a disputar um amistoso contra o Haiti, o chamado Jogo da Paz. Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Juninho Pernambucano, Adriano e outros craques fizeram a alegria do povo, mesmo com a goleada por 6 x 0 sobre os anfitriões.
Vinte e oito anos depois, a Escócia retorna à Copa do Mundo e com possibilidade de atrapalhar a vida de Brasil e Marrocos. O retrospecto da Amarelinha contra escoceses em Mundiais tem um empate e três vitórias, duas apertadas. Em 1990, Muller saiu do banco para decidir aos 37 minutos do segundo tempo. Oito anos depois, Zagallo viu um gol contra definir o triunfo por 2 x 1. A atual Escócia tem uma geração talentosa.
O capitão é o lateral-esquerdo Andrew Robertson, 31 anos, e multicampeão com o Liverpool. O processo criativo passa pelos pés do meia Scott McTominay, do vice-líder do Campeonato Italiano, Napoli. O técnico Steve Clarke ostenta outros boleiros espalhados pelas principais ligas da Europa. O trabalho de Clarke é um dos mais longevos entre os classificados à Copa de 2026: está desde maio de 2019 no cargo.

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